O Irão intensificou significativamente nos últimos meses o apoio militar ao presidente sírio, Bashar al-Assad, solidificando a sua posição junto à Rússia como a tábua de salvação do governo de Damasco em meio a uma guerra cada vez mais sectária, disseram os diplomatas ocidentais.
As armas iranianas continuam a entrar na Síria a partir do Iraque, mas cada vez mais também por outras rotas, inclusive via Turquia e Líbano, o que viola o embargo da ONU ao comércio de armas do Irão, segundo as autoridades que falaram sob anonimato.
As autoridades turcas e iraquianas rejeitaram as acusações. A aceleração do apoio iraniano a Assad indica que a guerra civil síria pode estar a entrar numa nova fase, em que o Irão tentaria interferir para desfazer o actual impasse a favor de Assad.
O facto mostra também o crescente carácter sectário do conflito, segundo os diplomatas. Eles dizem que as armas estariam a ser entregues pelo regime xiita do Irão ao grupo libanês Hezbollah, também xiita, e cada vez mais activo na Síria em colaboração com as forças de Assad, que pertence à seita alauíta, uma variação do islamismo xiita.
A rebelião conta Assad agrupa principalmente combatentes da maioria sunita. A ONU estima que, em dois anos de conflito, 70 mil pessoas já tenham morrido e que mais de 1 milhão de refugiados escaparam da violência. Um relatório ocidental de inteligência em Setembro dizia que o Irão estava a usar aviões civis para levar pessoal militar e um grande arsenal para Assad, atravessando o espaço aéreo iraquiano.
Agora, segundo os diplomatas, as armas continuam a atravessar o território iraquiano, por ar e terra, apesar das promessas de Bagdad de que iria reprimir esse tráfico de armas, que viola sanções impostas pela ONU ao Irão em decorrência do seu programa nuclear.
“Os iranianos estão realmente a apoiar maciçamente o regime”, disse um diplomata ocidental graduado, esta semana. “Eles têm intensificado o seu apoio nos últimos três, quatro meses, por meio do espaço aéreo iraquiano e agora de camiões.
E os iraquianos estão realmente a olhar para o outro lado.” O embaixador sírio na ONU, Bashar Ja’afari, não fez comentários específicos sobre o tema.
