Para continuarmos  a fazer jornalismo independente dos políticos e da vontade dos anunciantes o @Verdade passou a ter um preço.

Independência tem 98,8% em referendo no sul do Sudão

Independência tem 98

Por uma ampla maioria, os eleitores do sul do Sudão optaram por declararem sua independência em relação ao resto do país, segundo o resultado final de um referendo anunciado na segunda-feira, que abre caminho para a criação de mais um Estado na África e de um novo período de incerteza para a fraturada região.

 

 

Centenas de sul-sudaneses dançaram, gritaram e agitaram bandeiras ao ouvirem o anúncio do resultado oficial, em televisores colocados em uma praça no centro de Juba, a capital regional. O “sim” à secessão teve 98,83 por cento dos votos, segundo Mohammed Ibrahim Khalil, presidente da comissão eleitoral.

Em Cartum, o anúncio oficial foi perturbado por uma mulher, nortista, que começou a gemer de desespero e foi retirada da sala. “O Sudão é um país. Por que se separar?,” disse ela a jornalistas, contando que tem parentes no sul. O referendo estava previsto em um acordo de paz de 2005 que encerrou décadas de guerra civil entre o norte do Sudão (de maioria árabe e muçulmana) e o sul (de população negra, majoritariamente cristã e animista).

O sul concentra grande parte das riquezas petrolíferas do Sudão, enquanto a infraestrutura se concentra no norte, o que obrigará os dois países a conviverem harmoniosamente. Ainda há questões a serem resolvidas, como a demarcação de fronteiras e a posse da região petrolífera de Abyei. Afastando os temores de um reinício do conflito, o presidente do Sudão, Omar Hassan al Bashir, disse pela TV, antes da divulgação oficial, que aceitaria o resultado da votação, porque “ela representa a vontade do povo sulista.”

Bashir havia feito campanha contra a secessão, e surpreendeu analistas pela rapidez em aceitar o resultado. Os EUA sinalizam que, com o sucesso do referendo, poderão retirar o Sudão da lista de governos patrocinadores do terrorismo, além de ajudar a atenuar as sanções contra o país. Mas o Ocidente está de mãos atadas por causa da reação global à participação de Cartum em outro conflito, na região de Darfur (oeste).

O Tribunal Penal Internacional já expediu um mandado internacional de prisão contra Bashir, acusando-o de crimes de guerra e genocídio em Darfur. O líder regional Salva Kiir também adotou um tom conciliador, ao prometer apoio à campanha de Cartum pelo perdão à dívida nacional e para que sejam atenuadas nos próximos meses as sanções internacionais que afligem o Sudão.

Muitos sulistas veem a votação como um marco no fim da repressão nortista, que segundo eles remonta às incursões escravagistas do século 19. “Os sudaneses do sul agora são um novo povo,” disse Rebecca Maluk, mãe de três filhos, viúva de um combatente, que participava das celebrações em Juba. “Temos uma nova identidade. Temos respeito de todos finalmente. O nosso país chegou hoje.” Autoridades sulistas dizem que o nome do novo país ainda não está decidido, mas que pode ser simplesmente “Sudão do Sul.”

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Related Posts

error: Content is protected !!