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Imigração ilegal, negócio de graúdos sufoco para a Polícia

Todos os dias entram imigrantes ilegais na província da Zambézia. Uns caem nas mãos das autoridades policiais, claro, aqueles cujos esquemas não são bem delineados, outros nem sequer de lupa as autoridades tem conhecimento.

Muita gente está a ganhar dinheiro com o negócio de facilitação na entrada de imigrantes ilegais no país e não província da Zambézia em particular.

Mesmo assim, a única coisa que as autoridades governamentais fazem é apelar para que não se opte por esta prática. Mas apelam a quem? Não será uma rede de peixe graúdo?

Este domingo, o nosso jornal seguiu algumas pistas para saber de facto como é que o esquema funciona. No distrito de Nicoadala, porta de entrada e saída para o norte e centro do país é um dos locais mais apetecível para este negócio.

Manhã de domingo, posicionamo-nos em Nicoadala, um pouco indo a zona do Instituto de Formação de Professores. Quatro jovens com idades não superiores a 35 anos, estão parados na estrada. Um deles fala ao telefone, pedindo informações a uma outra pessoa.

Paramos e perguntamos donde vinham. Disseram eles que não falavam inglês. Uns com um pé de sapato, outros descalços ou com calças molhadas, enfim. Os seus semblantes mostravam sinais de cansaço, fome e desnutrição. Donde vem? Silêncio absoluto, enquanto um ainda falava ao celular.

Mais algum inglês do nosso lado, mas ninguém respondia alegando que não falavam inglês.  O que fazer? Também a rede não permitia comunicar às autoridades policiais do distrito assim como da província.

Insistimos e nessa altura, os quatro abandonaram-nos e foram seguindo a estrada, mas sempre olhando atrás. Finalmente conseguimos falar com alguém da polícia informando o que se estava a passar.

Minutos depois, surge uma viatura MARK II, cor branca. Pára e conversa com os quatro. Arranca e chega até ao local onde estávamos numa marcha lenta olhando com atenção o que estava se passando. A MARK II curva e volta novamente até onde estavam os imigrantes.

Traçado o plano, a viatura arranca em alta velocidade até ao posto do controlo e informa a polícia sobre o que se estava a passar. Uma autêntica farsa. O nosso repórter já havia alertado a polícia e já havia um homem preparado. Deslocamo-nos até ao posto de controlo de Nicoadala e encontramos dois agentes da polícia.

Um de protecção e outro de trânsito. Eles confirmam que receberam informação, mas não tem como ir ao local, porque não tem meio, visto que a viatura do Comando Distrital estava fora do distrito acompanhando o Comandante Distrital ora transferido para Milange.

“Queremos trabalhar, mas não temos meios”- diziam eles. (Risos). A MARK II, veio até ao posto de controlo e pede combustível para acompanhar os agentes até ao local onde supostamente os imigrantes estavam. “Não temos dinheiro senhor, mas se quiseres nos ajudar, não há problema” – diziam os dois agentes.

O nosso repórter convida os dois agentes para juntos irem até ao local. Viatura em marcha, mais uns quilómetros e pronto. Encontramos um dos imigrantes na estrada a espera de qualquer socorro. Aliás, basta referenciar que após aquela viatura MARK II ter deixado o posto de controlo, simulou viagem em direcção a Quelimane, mas depois inverteu a marcha tentando encontrar saídas para supostamente concretizar os seus intentos.

A polícia recolhe aquele primeiro e dai ele mostra o local onde estavam os seus colegas. Mais uns metros, encontramos os colegas, neste caso, os três, comendo melancia. Quando recolhidos para o Comando Distrital eles fizeram de tudo para esconder o seu telemóvel.

Descoberto o telemóvel, mas já sem carga, a polícia tenta provar os números com os quais os imigrantes iam se comunicando. Eram números moçambicanos e do outro lado da linha estava falando alguém preocupado, mas que falava um pouco a língua inglesa.

Terminou aqui a missão do Diário da Zambézia. Os imigrantes dizem que vem do Centro de Marretane e procuram melhores condições de vida.

Sim, melhores condições de vida. É que se assiste, em Quelimane, em particular, um estrangeiro entra, fica uma semana, abre uma banca, quer num contentor ou arrenda em algum sítio, um mês depois, já anda numa viatura de luxo, faz câmbio de moeda estrangeira em casa, enfim. Há que travar isso.

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