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Hóquei estagnado

Numa altura em que decorre na cidade de Maputo a Taça “Xirico” em Hóquei em Patins envolvendo quatro clubes, nomeadamente o Estrela Vermelha, Desportivo de Maputo, Ferroviário de Maputo e a Liga Muçulmana, sendo os locomotivas cotados como vencedores a uma jornada do fim, a modalidade que colocou Moçambique na posição privilegiada de quarta melhor selecção do mundo (ainda) está enferma de muitos problemas.

Para Bruno Pimentel, atleta do Desportivo de Maputo e antigo jogador da selecção, o hóquei em Moçambique não está estável apesar dos feitos já alcançados e de a federação fazer de tudo para manter a modalidade. “Há muita coisa que ainda tem de ser feita, a começar pelos patrocínios” afirmou.

“Praticar hóquei em Moçambique é como remar contra a maré. Isto porque, embora tenhamos um estatuto internacional, não temos tido o apoio devido por parte de quem é de direito. O apoio que temos é direccionado especialmente à selecção nacional e não à base, que é a formação, o que não é o ideal”, considera Pimentel.

Segundo o nosso interlocutor, a nível dos clubes, a situação é caótica pois os seus pavilhões encontram-se interditos à patinagem alegadamente porque foram reabilitados aquando dos Jogos Africanos e já não podem ser usados para o hóquei. Mas não só, os próprios clubes batem-se com a falta de fundos para massificarem a modalidade assim como para a aquisição de materiais necessários para a sua prática.

“ O problema nos clubes deve-se também à falta de vontade do sector privado, que não quer financiar o hóquei. A continuidade dos clubes não depende da federação, mas sim dos próprios clubes, e estes devem ir buscar apoio ao sector privado”.

Até ao momento, Moçambique tem apenas um pavilhão concebido para a prática do hóquei, que é o do Estrela Vermelha, que carece de uma reabilitação.

Selecção nacional inexistente

Em Setembro do ano passado, na cidade de San Juan, na Argentina, a selecção nacional de Moçambique alcançou a quarta posição no mundial de Hóquei, um feito histórico depois de, em 2006, ter sido campeão do mundo pelo grupo B.

Porém, de acordo com Bruno Pimentel, ela está parada porque não tem campo, daí que a federação não possa convidar atletas que militam no estrangeiro para participarem em competições de preparação e realizarem estágios pré-competitivos.

“Moçambique, por ser a quarta melhor selecção do mundo, tem recebido vários convites para participar em campeonatos e torneios. Mas, por limitações de ordem financeira, temos rejeitado. Por exemplo, tivemos um convite para ir a Portugal participar no Torneio de Barcelos. Em Janeiro perdemos um torneio na Argentina onde participaram gigantes do hóquei mundial”, explica Pimentel.

Entretanto, está confirmada a participação do combinado nacional no Festival José Eduardo dos Santos, a decorrer de 22 a 28 de Agosto, em Angola.

Formação

Neste momento, a Federação Moçambicana de Patinagem debate-se com a falta de infra-estruturas, razão pela qual a formação está abaixo do desejável. “Com a interdição dos pavilhões, todos os clubes ficaram sem a componente formação e, pelo que sei, só o Estrela Vermelha é que tem uma escola a funcionar. No Desportivo, por exemplo, antes de reabilitarem o pavilhão, tínhamos cerca de 70 miúdos iniciados. Hoje, nem sequer um temos”.

Recentemente, a federação recebeu do Fundo de Promoção Desportiva um valor não estipulado que, de acordo com Bruno Pimental, só servirá para organizar o Campeonato Africano de Clubes em Maputo. “Não chega para implementar projectos de massificação do hóquei”.

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