A Holanda convocou eleições parlamentares para 12 de Setembro em decorrência da queda do governo, motivada por uma disputa sobre os cortes orçamentais necessários para que o país atenda às metas fixadas pela União Europeia.
A queda do governo e a antecipação das eleições deixam o país prestes a atravessar um período de incerteza política e económica.
A Holanda tem a quinta maior economia da zona do euro e se mostra como um dos países mais estáveis na actual crise, um dos poucos a manter a nota de crédito AAA.
Mas o país mergulhou numa crise política, Segunda-feira, quando o principal partido aliado do governo insurgiu-se contra os cortes orçamentais previstos nas regras da União Europeia.
O país pode deixar, dessa forma, de adoptar as medidas de austeridade que vinha exigindo doutras nações mais endividadas. A crise não chega, no entanto, a abalar os mercados.
Os títulos da dívida holandesa despencaram, Segunda-feira, mas recuperaram-se nos dias seguintes.
O governo demissionário tem agora menos de uma semana para conquistar o apoio da oposição a um pacote de redução de gastos públicos a ser apresentado para a Comissão Europeia (Poder Executivo da UE).
O primeiro-ministro Mark Rutte deve enviar, esta Quarta-feira, o seu novo plano orçamentl ao Parlamento.
“Se os partidos conseguirem concordar com um número suficiente de medidas, os mercados de títulos vão receber isso positivamente”, disse em nota o analista de renda fixa, Walter Leering, do banco holandês Theodoor Gilissen.
“Se não, o país estará num vácuo até às eleições, a pressão sobre as taxas de juros e a nota AAA vai provavelmente voltar a crescer.”
Os principais partidos de oposição até agora recusam-se a apoiar os cortes de 14 a 16 biliões de euros propostos por Rutte, e muitos dizem que a meta europeia de limitar o deficit a 3 por cento do PIB causará a ruína económica.
O governo pode, no entanto, aprovar as medidas com a ajuda de pequenos partidos.
Resistência aos cortes
Os políticos em toda a Europa enfrentam resistência popular às medidas de austeridade que os economistas dizem serem necessárias para resolver uma crise que já forçou Grécia, Irlanda e Portugal a pedirem socorro financeiro externo.
O Fundo Monetário Internacional alertou para a Europa a não exagerar nos cortes, pois isso pode afectar a retomada do crescimento económico.
Questionado sobre os problemas holandeses, o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, disse, esta Quarta-feira, que a zona do euro “deve continuar a ser uma área confiável de estabilidade de preços, estabilidade fiscal e crescimento”.
Rutte continuará no cargo interinamente até às eleições de Setembro.