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Hamid Karzaï promete o fim do “culto à impunidade” no Afeganistão

O presidente afegão, Hamid Karzaï, prestou juramento na quinta-feira para um segundo mandato, e tentou transmitir segurança à comunidade internacional prometendo acabar com o “culto à impunidade” e fixando um prazo de cinco anos para que Cabul assuma as rédeas da segurança do país.

O discurso de posse de Karzai era muito esperado pela comunidade internacional, que vem multiplicando as pressões para que o presidente afegão acabe com a corrupção que prevalece até as mais altas esferas do Estado e restaure sua legitimidade, abalada por uma reeleição manchada por irregularidades e fraudes. “Devemos aprender com nossos erros e fracassos dos últimos oito anos”, declarou Karzaï, que prestou juramento para um novo mandato de cinco anos diante de 800 convidados escolhidos a dedo, entre os quais a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, e cerca de 300 responsáveis estrangeiros.

“O Afeganistão está determinado a eliminar o culto à impunidade e à violação das leis”, prometeu o presidente de um país que ocupa o segundo lugar entre as nações mais corruptas do mundo na classificação 2009 da ONG Transparency international. “A comunidade internacional tem expectativas muito claras. Queremos ver Karzaï chegar a resultados para todos os afegãos”, destacou, de Londres, o primeiro-ministro britânico Gordon Brown.

“Esperamos que as forças afegãs possam assumir a responsabilidade da segurança dentro de cinco anos”, indicou o presidente afegão. Quase 100.000 militaires estrangeiros vindos de quase 40 países estão mobilizados no Afeganistão e o presidente americano, Barack Obama, estuda enviar dezenas de milhares de soldados suplementares. Os militares americanos representam mais de dois terços das tropas estrangeiras presentes no país.

No momento em que Karzaï prestava juramento, dois atentados em duas províncias do sul do país, reduto talibã, mataram dez civis e dois soldados americanos. O chefe de estado fez um novo apelo aos insurgentes que “não estão diretamente envolvidos no terrorismo internacional”, para “por fim a este conflito fratricida”, prometendo organizar uma loya jirga (assembleia tribal tradicional), para levar paz e segurança. Hamid Karzaï prometeu ainda combater o tráfico de drogas, diretamente ligado ao terrorismo e à corrupção, e nomear ministros honestos e a serviço do povo.

A composição do governo vai ser um novo teste, entre os pedidos da comunidade internacional e as disputas internas. Desde 2002, os governos de Hamid Karzaï são formados por senhores de guerra, chefes tribais e tecnocratas formados no exterior. Karzai, 51 anos, foi reeleito depois de uma votação calamitosa, marcada por fraudes em massa em seu favor no primeiro turno, em 20 de Agosto, e a retirada de seu adversário Abdullah Abdullah antes do segundo turno. Oito anos após a queda do regime talibã e da chegada ao poder de Hamid Karzaï, o Afeganistão debate-se com uma insurreição a cada ano mais mortífera, com uma corrupção endêmica e uma produção de ópio que cobre quase que a totalidade da demanda mundial.

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