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Há mais empresas falidas do Estado por vender

O Estado vai alienar 35 empresas falidas durante o processo de privatização, dentre as quais a fábrica de pneus Mabor de Moçambique que ainda não foi adjudicada à Camac, o que deveria ter acontecido em Dezembro de 2010. O IGEPE não explica as razões do atraso, limitando-se apenas a dizer que houve “novos desenvolvimentos”, além de não revelar o valor envolvido nas negociações.

A alienação por negociação directa – ou seja, sem concurso público – da falida fábrica de pneus Manufactura de Borracha (Mabor de Moçambique) à empresa portuguesa Companhia Nacional de Borrachas/Camac foi autorizada pelo Governo, através do Primeiro-Ministro, nos termos do Despacho publicado no Boletim da República, I série, de 16 de Fevereiro de 2011.

O despacho refere que “concluídas as negociações com o investidor urge a necessidade de transferir a seu favor, a título oneroso, o património da Mabor Moçambique”.

Porém, até então, a propriedade da falida fábrica ainda não foi transferida para a Camac, uma empresa de produção de pneus com uma linha idêntica à da Mabor.

O Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE), através do presidente de Conselho de Administração, Hipólito Hamela, justifica-se dizendo que a escritura ainda não está assinada porque “surgiram novos desenvolvimentos”, abrindo-se, assim, espaço para outros investidores interessados no negócio.

“Estamos em negociações e estamos a tentar ver se ultrapassamos esses aspectos que nos podem dar o conforto e a garantia de que estaremos a fazer um bom negócio”, comenta Hamela recusando-se a falar do montante envolvido, além de não especificar as razões que adiam o fecho do negócio.

“Acreditamos que vamos fechar o negócio com a Camac se as condições de base ou iniciais forem cumpridas”. Há pouco mais de três anos que o Estado moçambicano está interessado em vender a Mabor de modo a ver reactivada a indústria nacional de pneus, mas nenhum investidor se mostrou interessado no princípio. Mais tarde, numa altura em que o IGEPE preparava um concurso internacional, a companhia portuguesa manifestou interesse.

É possível relançar indústria de pneus?

A Mabor de Moçambique, uma das 131 empresas do Estado paralisadas, é exemplo claro de indústrias falidas durante o processo de privatização de empresas que decorreu nos anos ‘90 tendo levado ao desmoronamento do Parque Industrial da Matola.

Paralisada há mais de 10 anos depois de uma greve dos operários, a antiga fábrica de pneus e outros tipos de borrachas está em vista de ser reactivada, processo ainda sem data do seu término. Enquanto isso, as infra-estruturas vão-se degradando paulatinamente por falta de uso, e a maquinaria existente está obsoleta.

Construída depois da independência de Moçambique, a Mabor foi inaugurada em 1979 e resulta de uma “joint-venture” entre Moçambique e a prestigiada empresa norteamericana Tyre Company. A fábrica conta com uma história de sucesso. Aliás, um dos momentos mais altos foi a atribuição de um Certifi cado de Qualidade, em 1995, pelo Governo dos Estados Unidos de América.

Os pneus da Mabor eram exportados para os mercados da África de Sul, Namíbia, Zimbábuè, Malawi, Zâmbia, Botsuana, República Democrática do Congo, Namíbia e para países situados fora do continente africano.

A fábrica produzia, num espaço de 23 mil metros quadrados, pneus para viaturas ligeiras, comerciais e pesadas, para tractores agrícolas, e câmaras-de-ar para toda a gama de pneus da sua lavra. Por dia, em média, aquela inidade industrial chegou a colocar no mercado mais de 800 pneus.

Empresas com participação para alienação

Presentemente, o Estado possui 35 empresas para alienação, das quais 10 já têm o processo da alienação pronto, e, segundo o IGEPE, vão a concurso se houver condições para tal.

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