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Guerrilheiros da Renamo desertam em Maríngue

Albertino Bhota, Major e terceiro comandante do antigo Quartel-General da Renamo, em Maríngue, e Matias Briasse, um Sargento, abandonaram semana passada as matas daquela região da província de Sofala, Centro de Moçambique, e entregaram-se as autoridades governamentais.

Os desertores disseram que já estavam cansados de tanto permanecer nas matas, sem nenhuma perspectiva futura, incluindo a reintegração social.

Em declarações ao matutino “Notícias” da terça-feira, Bhota revelou que na base da Renamo em Marínguè existiam, até a altura da sua saída, 510 homens equipados com diversas armas, pesadas e ligeiras, tais como ‘B-21’, ‘bazookas’, ‘morteiros-60’, ‘AK-47’, para alem de viaturas, grupo geradores e rádios de comunicação.

Dos três majores que existiam nas matas de Maríngue, segundo Bhota, apenas o comandante Jorge permanece naquele esconderijo, numa altura em que Jofrice Sindial acaba de ser transferido para Nampula, Norte do país. Bhota disse ter entregue às autoridades uma granada, sete obuses de “bazooka”, três de ‘morteiro – 60’ e seis de ‘morteiro – 80’.

Na ocasião, ele manifestou total disposição em colaborar com as autoridades governamentais, em caso de solicitado para mostrar a localização dos esconderijos de armamento.

A fonte revelou que, mensalmente, auferia um salário de 4.500 meticais (o dólar norte-americano equivale a aproximadamente 31 meticais), enquanto que o comandante do pelotão aufere um subsídio de 3.500 meticais, o chefe da secção dois mil meticais, e o soldado simples 1.500 meticais.

Quanto a alimentação e uniforme, Bhota disse que o abastecimento regular é feito a partir da cidade da Beira, a capital provincial de Sofala, sendo que o aludido efectivo militar também pratica actividades agrícolas numa zona restrita a movimentação pública.

Bhota reiterou, por outro lado, que desertou por estar cansado do que chamou de falta de cumprimento das promessas feitas pelo líder da Renamo, Afonso Dhlakama, acrescentando que, embora esteja livre das matas, vive debaixo de medo de perseguição por parte dos seus anteriores colegas de guerrilha, pretendendo mudar de residência de Gravata para Caia.

Albertino Nelo Bhota nasceu há 51 anos no distrito de Chemba, em Sofala, e ingressou nas fileiras da então Resistência Nacional de Moçambique (RNM), em 1979.

Ele foi desmobilizado em 2002, a luz do Acordo Geral da Paz (AGP) rubricado, em 1992, entre o Governo e aquele antigo movimento de resistência, pondo fim a 16 anos de uma sangrenta guerra civil.

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