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Governo sírio ameaça ataque “com força” contra cidade no norte do país

A cidade de Jis al-Shughour, no norte da Síria, prepara-se, esta terça-feira, em pânico para um esperado ataque das forças de segurança leais ao Presidente Bashar al-Assad, depois de o Governo ter prometido, segunda-feira, responder “com força” à morte de mais de 120 membros da polícia e soldados em alegados confrontos, durante manifestações, com o que regime descreve como “grupos armados”.

 

Na televisão estatal síria, os primeiros relatos dos incidentes narram que grupos de homens armados lançaram fogo a edifícios governamentais naquela cidade, roubaram cinco toneladas de dinamite e dispararam indiscriminadamente sobre civis e as forças de segurança com metralhadoras e lança-granadas.

 

Mas os activistas dos direitos humanos rejeitam esta versão, indicando que os confrontos ocorreram entre tropas leais a Assad e grupos de soldados que tinham desertado, aderindo ao movimento de revolta contra o regime, que se avoluma há já quase três meses.

“Uma unidade ou divisão do exército chegou à área pela manhã [de segunda-feira]. E parece que uma outra unidade chegou já da parte da tarde com o objectivo de estancar as deserções”, contou o director da organização de defesa dos direitos humanos Insan, Wissam Tarif, citado pela agência noticiosa britânica Reuters.

Tarif diz ter recebido vários testemunhos de residentes de Jis al-Shughour dando este mesmo relato, e que apenas a indicação do número de mortos é “inconsistente”. Várias mensagens lançadas na rede social Facebook – cujos autores se identificam como habitantes daquela cidade, a 20 quilómetros da fronteira com a Turquia – repetem a versão avançada por Tarif, expressam medo de um “massacre iminente” às mãos das forças de segurança sírias e apelam a ajuda do exterior.

Nenhum dos relatos pode ser confirmado independentemente, é sublinhado pelas agências noticiosas, uma vez que o regime de Assad não permite a presença de jornalistas estrangeiros no país no seguimento do movimento de revolta.

Ainda segunda-feira à noite o ministro do Interior, Mohammad Ibrahim al-Shaar, prometeu que as autoridades vão responder “com firmeza e toda a força” aos ataques dos “grupos armados”. E o ministro da Informação, Adnan Mahmoud, precisou, já esta manhã, que o exército – que disse ter-se mantido até agora fora da cidade – “vai cumprir o seu dever nacional para repor a segurança” em Jis al-Shughour.

Activistas dos direitos humanos denunciam que mais de mil civis foram mortos desde a eclosão dos primeiros protestos na Síria, então na cidade de Deraa, na costa do Mediterrâneo, e nas regiões curdas, no leste do país.

O regime, que começou por responder com algumas concessões aos apelos dos manifestantes – por mais liberdades políticas e o fim da corrupção – rapidamente inverteu tácticas, face à não desmobilização dos protestos, e deu ordem de acção ao exército numa vaga de repressão brutal que foi veementemente condenada no palco internacional.

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