A furia do governo contra o boicote dos doadores explodiu a 4 de Maio, na sua avaliação do desempenho dos doadores contendo um rude e sem precedentes ataque aos doadores. O governo diz que as discussões “muitas vezes degeneram em acusações mútuas, sugerindo em algum momento que a relação entre o GdM e os PAPs deixou de ser de parceria” e que tem “levado gradualmente ao enfraquecimento do espírito da parceria.”
Os doadores no G19 são atacados por terem agendas que não fazem parte do Memorando de Entendimento, no qual, em princípio, se baseia o apoio ao orçamento. “Os parceiros surpreendentemente tentaram mudar a dinâmica dos compromissos de 2010 em função da sua percepção do que aconteceu em 2009” e pelo que acharam ser a “necessidade do GdM proceder a uma alteração da lei eleitoral, melhorar transparência na governação económica, acelerar a reforma Iegal, entre outros aspectos.”
Tudo isto em nome do diálogo político, mas na percepção do Governo de Moçambique, “depreende-se que o conceito e função do „diálogo politico? aparenta actualmente estar sob um manto de uma certa confusão em relação ao seu entendimento. A questão permanece: a que níveis se pode fazer o „diálogo político?, com quem, quando e sobre o quê, e como integrá-lo positivamente no quadro da parceria?”
Finalmente o governo acusa o G19 de “tendência a uma abordagem quase que „bíblica? nas interpretações de conceitos e parágrafos do Memorando sem ter em atenção determinada realidade contextual.” O boicote dos doadores mudou o relacionamento e o governo termina pedindo o estabelecimento de alteração nas metas e na complexa estrutura dos grupos de trabalho simplificando a arquitectura do acordo de modo muito substancial.
Alguns doadores preocupados
Alguns doadores exprimiram preocupação sobre a mudança no relacionamento em entrevistas para a Avaliação Independente do Desempenho dos PAP em 2009. Houve acordo sobre o ponto de que “o espírito de parceria tem vindo a enfraquecer”. Chamou-se a atenção para o facto de que o Memorando de Entendimento assinado no ano passado “é percebido pelos parceiros como sendo assimétrico a favor dos PAP, e que foi produzido sob grande pressão sendo que o GdM aceitou-o para garantir os desembolsos.” Entrevistas com os doadores para a avaliação independente também apontam para tensões dentro do grupo criadas pelo boicote dos doadores.
“O aumento do peso do diálogo político relativamente ao técnico, nas relações entre os PAP e o GdM, tem tido interpretações divergentes. Alguns parceiros indicaram este facto como grande sucesso, mas pelo menos metade dos PAP e associados indicaram ter reservas em relação a esta evolução do diálogo e vêem esta mudança como um perigo e um problema. Alguns parceiros mencionam que este assunto está a dividir o grupo e reflecte tensões e conflitos sobre os centros em torno dos quais o diálogo político é estruturado. A polarização das posições está a conduzir ao enfraquecimento da unidade do grupo.”