Antes do combate com Sonny Liston, o então campeão do Mundo, Cassius Clay, lembrou que “as mãos não acertam no que os olhos não vêem”. Oxalá João Chissano atente no ensinamento antes do jogo com o Ferroviário de Maputo. Há muito que o combate começara quando, a 25 de Fevereiro de 1964, Cassius Clay subiu ao ringue para enfrentar Sonny Liston, o campeão do Mundo. Clay descrevera-o como um “grande e feio urso” e até já tinha avisado que iria “voar como uma borboleta e ferrar como uma abelha”.
O objectivo era claro. Irritado, Liston perderia a concentração e Clay aumentaria as hipóteses de ganhar o seu primeiro título. Ninguém sabe se foram os nervos, a sobre-humana capacidade de Clay para suportar os violentos socos ou a demolidora sequência de golpes que Liston sofreu no fi nal do sexto assalto, mas quando o gongo tocou para o sétimo round, este não se conseguiu levantar.
Cassius Clay, que nesse ano mudaria de nome para Muhhamad Ali, saiu do ringue com um novo adorno à cintura. Da mesma forma que o combate Liston-Clay, começou muito antes do gongo inicial, também o Costa do Sol-Ferroviário já teve o seu pontapé de saída. Os jogos realizam-se todos à mesma hora: O Ferroviário está proíbido de perder e o Costa de Sol quer encurtar distâncias. João Chissano joga, talvez, a sua continuadade no banco técnico dos canarinhos.
É verdade que o Costa do Sol ‘bateu’ o Ferroviário, mas este jogo pode valer o título. Em condições normais aos locomotivas – sabem-no melhor que ninguém – esperam 90 penosos minutos e Josimar, Rúben e companhia têm tudo para os deitar ao tapete em poucos rounds. Antes de subir ao ringue, Cassius Clay disse aos jornalistas como se iria defender dos violentos ataques do “urso”.
“As mãos não acertam no que os olhos não vêem”. Se João Chissano se lembrar disso, pode ser que o Costa do Sol ainda possa sonhar com o título.
Por : Rui Lamarques
