Os cerca de três mil garimpeiros moçambicanos que se dedicam à produção de ouro, nas províncias de Manica, Tete, Nampula, Zambézia e Niassa, tidas como maiores produtoras daquele minério, estão expostos a doenças de parkinson e demência.
As doenças são contraídas devido à inalação de vapores de mercúrio usado na recuperação de ouro fino que, muitas vezes, se encontra nos jazigos primários e coluvionasis, segundo o Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS), uma organização da sociedade civil moçambicana de defesa do ambiente.
Aquela organização explica que, nos pulmões, o mercúrio é oxidado e transformase em substâncias solúveis no sangue, provocando inibição do oxigénio “que no caso de uma intoxicação aguda pode causar falha renal aguda, erosão ou perfuração gástrica e esofágica, para além do colapso cardiovascular que podem conduzir à morte”, explica o CDS.
As doenças, “por serem irreversíveis”, podem aparecer 20 a 35 anos após a exposição aos vapores ou como resultado duma acumulação através da cadeia alimentar.
Refira-se que o mercúrio permite separar o ouro de outras partículas densas durante a queima da bola de amálgama, provocando a evaporação de mercúrio libertando o ouro.
A evaporação de mercúrio é apenas evitada através do uso da técnica de retorta que consiste na utilização de bacias metálicas como tampa onde o produto vai-se condensar.