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Futsal: Vergonhoso

Futsal: Vergonhoso

Quem foi ao Pavilhão da Académica pensava que Moçambique e Zâmbia não fossem do mesmo campeonato. E tinha razão. A frieza, a eficácia e o futsal directo venceram a posse de bola e o jogo burocrático e improdutivo dos pupilos de Roberval Ramos.

Moçambique agora é uma selecção pequena, uma dolorosa sombra da equipa que passeou a sua classe no Africano de Futsal com notável êxito não fazem muitos anos.

O projecto do futsal nacional, diga-se, mete água por todos lados já há algum tempo, portanto, a vergonhosa derrota diante de uma fraquíssima selecção zambiana talvez represente o fundo do poço. Até porque é muito difícil plani car pior um desporto e esperar que a selecçãolute por um lugar num Mundial por mais desacreditado que esteja o seu adversário.

A Zâmbia é outra coisa. Com muito menos nomes, produto da sua aposta no futebol de 11, soube construir uma equipa humilde que saiu de Maputo com uma vitória estrondosa. Foi honesta, não sobram dúvidas, mas quando partiu para o contra-ataque causou danos irreparáveis na baliza de Nelson.

Filme do jogo

O futsal, tal como o amor, tem caminhos que o futsal desconhece. Ou seja, superioridade da posse de bola e de oportunidades de golo nem sempre resultam na vitória. Roberval Ramos, técnico da selecção nacional, aprendeu isso da forma mais cruel ao não colocar o melhor quatro em campo. Carlão não teve o devido acompanhamento nos primeiros minutos.

O técnico nacional deixou Dino e Manucho no banco. Colocou uma apático Kapa e um pouco voluntarioso Favito. Portanto, não pode reprovar nada aos seus jogadores mais talentosos, porque deram tudo para ganhar.

A perdida de bola que deu lugar ao golo de Kenneth Chulo só realça a ausência de criação de linhas de passe e isso não é culpa de Carlão, que não tinha Óscar (no banco) e nem Mandito (lesionado) para tabelar.

Reacção

Com o golo, Moçambique não acusou a pressão e Carlão tratou de inclinar o jogo para a baliza da Zâmbia. Mas Favito não tem a precisão de remate de um Russo e nem Arcanjo a capacidade de desequilíbrio de Mandito, para colocar alguns exemplos. Porém, Dino teve o empate nas suas botas mas a defesa zambiana colocou uma pequena dose de sofrimento que estas situações exigem e impediu o empate. Em detalhes desta natureza radica boa parte do êxito ou o fracasso em 40 minutos de futsal.

Nem tudo estava perdido. Faltavam sete minutos quando Carlão criou espaço para Arcanjo igualar a partida com uma bomba de fora da área. Moçambique não tirava os olhos da baliza zambiana e, por via disso, esqueceu- -se da sua retaguarda. A Zâmbia aproveitou- -se disso e voltou a gelar um já descrente Pavilhão da Académica com um golo de Michello.

A festa dos Mambas do futsal foi, diga-se, uma autêntica fraude e teve um herói inesperado. A Zâmbia completou a noite negra com um remate do seu campo. Nelson saiu para criar superioridade numérica e perdeu a bola. Michelo, na sua noite mais feliz, chutou com mais cabeça do que coração.

A bola sobrevoou o Pavilhão da Académica e foi anichar-se nas redes para desespero dos moçambicanos presentes. Roberval colocou em campo todo o arsenal possível mas já não havia marcha atrás. A Zâmbia ganhou por uma margem que nem nos seus melhores sonhos imaginou.

Assim acabou um jogo que pode e deve marcar um antes e um depois no futsal moçambicano. A Zâmbia não tem jogadores, mas tem um projecto. Moçambique, por seu turno, é uma equipa em estado depressivo que não vê o fundo do poço no qual cai há algum tempo.

A situação, sendo delicada, não é grave, se se admitirem os erros de vulto que propiciaram o descrédito. Há humildade necessária? Veremos na Zâmbia.

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