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Futebol Feminino: Militares de Nampula vencedoras da Copa Lurdes Mutola

Futebol Feminino: Militares de Nampula vencedoras da Copa Lurdes Mutola

A equipa feminina da Academia Militar de Nampula venceu a primeira edição da Copa Lurdes Mutola e representará o nosso país no Torneio Internacional de Futebol Feminino, que terá lugar em Junho próximo na Suécia. As militares derrotaram na final o Magika da Matola, por 2 a 0.

Naquela tarde de segunda-feira (07), feriado nacional alusivo ao Dia da Mulher Moçambicana, muitos desportistas moçambicanos, amantes do futebol em particular, afluíram em massa ao Estádio 1º de Maio, na cidade de Maputo, local que acolheu a final da 1ª edição da Copa Lurdes Mutola em futebol feminino.

Aquela competição, que arrancou a 20 de Setembro de 2013 em todas as onze províncias do país, surgiu como iniciativa do Ministério da Educação em parceria com o Ministério da Juventude e Desportos, a Federação Moçambicana de Futebol e a Fundação Lurdes Mutola, no âmbito do empoderamento da mulher e do desenvolvimento do país através do projecto denominado “Futebol Feminino em Desenvolvimento”.

Dentro das quatro linhas do 1º de Maio, estiveram duas equipas que lutavam pelo mesmo objectivo, de unicamente conquistar a prova e terem a oportunidade de representar o país, pela primeira vez, numa competição internacional de futebol feminino.

Logo no princípio, as militares da chamada “capital do norte” mostraram índices elevadíssimos de organização, através de processos de jogo idealizados a partir do meio-campo, com jogadas colectivas e uma circulação de bola impecável para o nível de amadorismo dos dois conjuntos, não deixando dúvidas de que elas treinaram bastante para a final.

Do lado contrário pouco se viu, senão uma equipa que somente pensava no golo sem olhar, necessariamente, para os meios de obtê-lo, com uma capitã incansável e inconformada apesar de não ter sabido liderar a equipa. Como era de se esperar, o primeiro lance de golo pertenceu à equipa militar de Nampula, por intermédio de Atija que, depois de um belo passe de Júlia, rematou ao lado da baliza contrária.

Tinham decorrido cinco minutos da partida. A resposta do Magika foi rápida e demorou apenas três minutos. Depois de receber o esférico vindo da zona central, Elina flectiu para o lado esquerdo do ataque e rematou fortemente para uma defesa complicada de Miamy. Antes desse gesto, a capitã fintou duas adversárias mas não teve pontaria suficiente na hora de finalizar. Depois desse lance, a Academia Militar assumiu, definitivamente, o comando da partida.

Pressionou e encurralou a equipa adversária na zona mais recuada do terreno, tendo chegado ao golo à passagem do minuto 12, por intermédio de Serginha. Aquela jogadora desferiu um remate fraco à baliza e a guarda-redes contrária, no lugar de segurar a bola, deixou-a passar entre as suas pernas, indo terminar no fundo das malhas.

Ao tento sofrido, as jogadoras do Magika da Matola não souberam reagir e até ao minuto 35 limitaram-se a “arruinar” o espectáculo de futebol que decorria no 1º de Maio. Chutavam a bola para a frente, sem dar continuidade aos lances, no propósito de unicamente cortar as jogadas de ataque da Academia Militar.

Em abono da verdade, diga-se, os primeiros 35 minutos terminaram de forma desastrosa pois, dentro das quatro linhas, pouco se via de futebol, senão o domínio da equipa militar que só não conseguiu ampliar a vantagem no marcador porque havia 11 jogadoras da Matola atrás da linha da bola. No reatamento, as “Matolinhas” entraram dispostas a correr atrás do prejuízo, ainda que presas no “chuta-chuta”.

Souberam visitar a baliza contrária e chegaram, até, a provocar alguns calafrios às adversárias. Exemplo disso foi o que se assistiu no minuto 41, em que, depois de receber a bola na zona da meia-lua, Elina fintou duas defesas e disparou para as mãos de Miamy. Sentindo-se ameaçadas, as militares baixaram as linhas defensivas e perseguiram as oponentes no desejo de resgatarem o seu estilo de jogo. Mas, enquanto isso não acontecia, iam contando as jogadas de perigo do Magika que, no minuto 39, perdeu mais uma oportunidade para restabelecer a igualdade.

Carla, com a baliza totalmente escancarada, tocou mal na bola e esta saiu pela linha do fundo. Obrigado a fazer substituições, Titos Rocha mandou Teresa e Deotina descansarem, cedendo os lugares a Telma e Joaquina. As duas jogadoras, que ocuparam as posições de meio-campistas, recuperaram o fio do jogo da Academia Militar que se aproveitou, igualmente, do manifesto cansaço das rivais.

Elina, a jogadora mais inconformada da equipa da Matola, não conseguiu dar o melhor desfecho ao lançamento de contra-ataque rápido que ocorreu no minuto 44, rematando novamente para as mãos de Miamy, depois de passar por quatro defesas. E porque quem não marca arrisca-se a sofrer, foi através de um pontapé de canto que Júlia cruzou para o centro, ao encontro de Olga, que cabeceou a bola para o fundo das malhas.

Depois do golo, até porque o gesto de Titos Rocha foi claro, a Academia Militar decidiu gerir a vantagem no marcador, privilegiando a circulação da bola e a administração do tempo, sem arriscar muito nas subidas das linhas ofensivas. E a cinco minutos do fim, Elina “brincou” novamente com a defensiva contrária ao passar por duas centrais, antes de isolar a sua companheira, Aninha, que, no lugar de rematar, preferiu fintar a guarda-redes até perder o esférico.

Sem mais incidências, o árbitro deu por terminada a partida no minuto 70, conforme ditam as regras internacionais de um jogo de futebol feminino, e a Academia Militar fez história ao tornar-se a primeira vencedora da Copa Lurdes Mutola. No próximo mês de Junho, na Suécia, esta equipa representará Moçambique no Torneio Internacional desta categoria, que contará com a participação de um total de 80 países do mundo inteiro.

A verdade dos intervenientes

Titos Rocha, treinador da Academia Militar de Nampula

Estamos muito felizes com a conquista deste título. Nós saímos de Nampula com o propósito de vencer esta copa e conseguimos. Tivemos três semanas de preparação, em que fizemos quase 20 jogos em toda a província de Nampula e acredito que valeu o sacrifício. Agora temos de nos concentrar na preparação para o Torneio Internacional de Futebol Feminino.

Benjamim Raimundo, treinador do Magika da Matola

Não estivemos bem nesta final. Perdemos por culpa da desconcentração das minhas atletas. Sofremos o primeiro golo e perdemos totalmente a cabeça. Na segunda metade do jogo entrámos melhor e, quando estávamos mais próximos do empate, sofremos o segundo tento. São coisas do futebol e temos de nos conformar com o resultado.

O semáforo do jogo

Verde: Olga

A médio centro da Academia Militar foi, quanto a nós, a melhor unidade em campo. É muito criativa a jogar no meio-campo e exibiu uma qualidade de passe invejável para quem tem assistido aos jogos do futebol feminino. Tal como queria o treinador, Olga soube arquitectar as jogadas ofensivas das militares e jogou perfeitamente nas costas das jogadoras mais avançadas no terreno. No minuto 12 fez a assistência que deu o primeiro golo, apontado por Serginha, e aos 47, de cabeça, marcou o tento que deu o triunfo à sua equipa.

Laranja: Elina

Conforme referimos na crónica, Elina foi a jogadora mais inconformada do lado do Magika da Matola. Carregou a equipa nas costas, mas não foi suficientemente líder para despertar as companheiras, sobretudo depois do primeiro golo da Academia Militar. Foi muito individualista e exagerou no desequilíbrio. Perdeu muitas bolas ao longo da partida. É bom que se diga que Elina não esteve mal. Mas como capitã não soube organizar um conjunto desordenado.

Vermelho: Serginha

Pouco temos a dizer acerca da prestação desta jogadora. Simplesmente não ficámos agradados com a sua atitude de abandonar os flancos, onde desempenhava as funções de extremo, para atrapalhar o trabalho das colegas de outras posições, com destaque para as intermediárias.

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