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Frelimo realiza campanha capaz de confundir adversário

A Frelimo, partido no poder em Moçambique, mesmo com poucos recursos mas aproveitando a maturidade e capacidade organizacional, está a levar a cabo uma campanha eleitoral, em particular no Círculo Eleitoral da Europa (Portugal e Alemanha), capaz de “desorientar” o adversário.

A cerca de três semanas da realização das quartas eleições presidenciais e legislativas e as primeiras das Assembleias Provinciais, a campanha da Frelimo na diáspora, neste caso na Europa, está cada vez mais intensa, combinando os contactos porta-a-porta, interpessoal em convívios, via SMS (telemóvel) e outras formas de mobilização do eleitorado. A campanha da Frelimo decorre tanto em Portugal como na Alemanha, onde brigadas levam a cabo o trabalho de mobilização do eleitorado.

É por isso que a chefe de Brigada Central da Frelimo enviada de Maputo para vir ajudar os “camaradas” em Portugal na mobilização do eleitorado na diáspora com vista ao pleito de 28 de Outubro em Moçambique, Beatriz Ajuda, cantou e encantou os membros e simpatizantes do partido e os restantes convidados a um convívio que decorreu no fim de semana em Lisboa, capital portuguesa, com mais um “slogan”: “Não há, não há, não há nenhum partido que pode vencer a Frelimo, não há”…!

“Nós na Frelimo não nomeamos, elegemos”, disse Ajuda, num ataque indirecto a alguns dos candidatos a deputados da Assembleia da República (AR), Parlamento, da oposição, nomeados nos Gabinetes em Maputo, a capital moçambicana, ou Beira, a capital da província de Sofala, no Centro do país. Beatriz Ajuda, que é igualmente deputada do Parlamento moçambicano, entoou o slogan no último Sábado no convívio organizado pela Comunidade moçambicana em Portugal, com apoio da Embaixada de Moçambique neste país europeu, para assinalar o 17/º aniversário da assinatura do Acordo Geral de Paz (AGP), que acabou constituindo mais uma jornada de “caça” ao voto, num evento em que a oposição aqui representada não quis, mais uma vez, mostrar a cara.

O Acordo Geral de Paz de Roma, assinado em 1992 pelo Governo moçambicano e a Renamo, ex-movimento rebelde, hoje maior partido da oposição em Moçambique, ditou o fim do sangrento conflito armado de 16 anos (até 1992) no Pais, e as celebrações da data em Lisboa decorreram na sede da Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA). “Este é mais um dia de campanha eleitoral”, sublinhou Beatriz Ajuda, depois de historiar o processo que conduziu a assinatura do Acordo de Paz para Moçambique.

“É um dia tão importante para o povo moçambicano, porque só com o Acordo de Paz devolvemos a tranquilidade aos moçambicanos, o que permitiu o desenvolvimento em várias áreas económica e socio-cultural”, disse, em tom bem alto com ajuda de um microfone, num evento onde não faltaram comeretes e beberetes oferenda de amigos de Moçambique e da Frelimo. Na ocasião, Beatriz Ajuda recordou que a campanha eleitoral da Frelimo na diáspora tem em vista a eleição do “nosso” candidato presidencial, Armando Guebuza, e do candidato a deputado da AR pelo Círculo da Europa (Portugal e Alemanha) e Resto do Mundo, Rui Sixpence Conzane, a viver na Alemanha.

“A máquina é a mesma, só muda de condutor”, afirmou ela, numa referência directa a eleição do novo candidato da Frelimo pela Europa, em substituição do eleito em 2004, Raimundo Mapanzene, que ficou como primeiro suplente. Rui Conzane, que se encontra em Portugal até ao próximo dia 07 de Outubro corrente, foi apresentado no convívio aos membros e simpatizantes da Frelimo em Lisboa, bem como aos restantes convidados ao evento.

Nascido em 1964 em Temangão, Changara, província Central de Tete, Rui Sixpence é Doutorado em Engenharia Química pela Universidade Técnica de Berlim. Enviado para a ex-República Democrática Alemã (RDA) para estudos superiores, formou-se como engenheiro químico com uma tese sobre o amendoim na província de Inhambane, Sul de Moçambique, e neste momento trabalha para a InWent, uma organização Não- Governamental alemã que trabalha na área de educação em vários países, incluindo Moçambique.

“Sou fruto do trabalho da Frelimo e, como tal, estou disposto a aplicar todo o meu saber e experiência como deputado pelo Círculo da Europa e Resto do Mundo para a implementação do Manifesto Eleitoral do meu Partido, sobretudo para a erradicação da pobreza que ainda assola o nosso país”, sublinhou Conzane, no acto da apresentação. Entre outras acções, ele participou na criação do Fórum Moçambique- Alemanha para a Integração Económica e Social para o qual foi eleito presidente.

O Fórum ocupa-se na procura de investimentos alemães para o país, a integração económica e social dos moçambicanos radicados na Alemanha. Durante a sua permanência em Portugal, o candidato da Frelimo a AR trabalhou com as bases do partido na mobilização do eleitorado em Braga, no Norte, Coimbra, no Centro, Lisboa, também no Centro, e Faro, no Sul, entre outros locais. Reuniu-se igualmente com algumas associações cívicas de moçambicanos em Portugal.

A integração e reconhecimento digno dos moçambicanos nos países de acolhimento, o que exige um trabalho concertado e maior intervenção das Missões Diplomáticas e Consulares de Moçambique; maior e melhor acesso aos direitos e facilidades consagradas aos imigrantes; bolsas de estudo ajustadas à realidade dos países de acolhimentos dos moçambicanos, constituem, entre outras preocupações, apostas do candidato da Frelimo, caso seja eleito no dia 28 de Outubro, a levar para discussão no próximo Parlamento e, consequentemente, procurar soluções. Numa breve conversa com a AIM sobre o trabalho das brigadas do partido na diáspora na ‘caça’ ao voto, Conzane manifestou a sua confiança na vitória da Frelimo e do seu candidato as presidenciais.

“O balanço até agora é positivo, mas é preciso intensificar ainda mais o trabalho de mobilização do eleitoral porque nunca se deve menosprezar o trabalho da oposição”, vincou. As brigadas do partido neste Círculo Eleitoral tem divulgado desde o inicio da campanha as diversas realizações do Governo, o manifesto para os próximos cinco anos e a “necessidade imperiosa de votar na Frelimo e no seu candidato, Armando Guebuza”, reafirmou a deputada.

Contando com a oposição apenas da Renamo, que igualmente concorre para as Presidenciais e Legislativas no Circulo Eleitoral da Europa (Portugal e Alemanha) e Resto do Mundo, e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), que entra apenas nas presidenciais, uma vez excluído nas legislativas por irregularidades processuais, a máquina da Frelimo está, efectivamente, a intensificar a sua campanha para assegurar a vitória na votação do próximo dia 28 de Outubro em curso.

O Gabinete eleitoral da Frelimo que funciona na capital portuguesa confirmou Segunda-feira à AIM, em Lisboa, que o balanço das últimas três semanas de “caça” ao voto é “positivo” e neste momento já estão em curso acções preparatórias para o encerramento da campamha previsto para o dia 25 de Outubro.

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