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Fluxo de refugiados sírios é o maior desde o genocídio em Ruanda, segundo a ONU

O número de pessoas que foge do conflito na Síria subiu para uma média de 6 mil por dia durante 2013, um ritmo que não era visto desde o genocídio de Ruanda há quase duas décadas, disse, esta Terça-feira (16), o alto comissário da Organização das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres.

Ele afirmou que dois terços dos quase 1,8 milhão de refugiados registados pela ONU no Líbano, Turquia, Jordânia, Iraque, Egito e outros países deixaram a Síria já neste ano.

“Não vemos uma escalada no fluxo de refugiados num ritmo tão assustador desde o genocídio de Ruanda, há quase 20 anos”, disse Guterres num raro depoimento público ao Conselho de Segurança sobre a Síria, onde a repressão a protestos pró-democracia descambou para uma guerra civil há mais de dois anos.

Depois do genocídio de Ruanda, que vitimou 800 mil membros da etnia tutsi e hutus moderados, milhares de pessoas fugiram desse país da África Central. O secretário-geral-assistente da ONU para Direitos Humanos, Ivan Simonovic, disse ao Conselho de Segurança que entre Março de 2011 e o final de Abril de 2013 pelo menos 92.901 pessoas foram mortas na Síria, sendo mais de 6.500 crianças.

Um impasse entre a Rússia, aliada do governo do presidente sírio Bashar al-Assad, e potências ocidentais, que apoiam a oposição, impede que o Conselho de Segurança tome qualquer medida para conter a violência.

O embaixador sírio na ONU, Bashar Ja’afari, disse que o governo sírio estava a fazer “todo o possível para assumir a sua responsabilidade e o seu dever para com o povo a fim de atender as necessidades humanitárias e as necessidades básicas dos seus cidadãos.”

A coordenadora humanitária da ONU, Valerie Amos, disse que o mundo está “a assistir não só à destruição de uma nação, mas também do seu povo”.

“As consequências de segurança, económicas, políticas, sociais, de desenvolvimento e humanitárias dessa crise são extremamente graves e o seu impacto humano é imensurável em termos do trauma de longo prazo e do impacto emocional sobre esta e futuras gerações de sírios”, disse Amos ao conselho.

Segundo ela, 6,8 milhões de sírios precisam de assistência humanitária urgente, incluindo mais de 4,2 milhões de refugiados internos, e quase metade dos necessitados é composta por crianças e adolescentes. A última avaliação do Programa Mundial de Alimentos era de que 4 milhões de pessoas não conseguiam mais atender às suas necessidades alimentares básicas.

O Líbano é o país que mais recebe refugiados sírios, com 600 mil até agora. O embaixador libanês na ONU, Nawaf Salam, disse que o seu país continuará com as fronteiras abertas, apesar das ameaças que a guerra civil acarretam para a estabilidade libanesa.

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