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Filhos da Lua na Fortaleza de Maputo

Filhos da Lua na Fortaleza de Maputo

A Fortaleza de Maputo acolhe, na noite desta Quarta-feira, 22 de Fevereiro, a cerimónia do lançamento da amostra fotográfica “Filhos da Lua” que será acompanhada pela publicação do livro com o mesmo título.

Trata-se de uma iniciativa que resulta de um projecto que retrata a vida de cidadãos moçambicanos portadores do albinismo com particular destaque para as filiadas à Associação Defendendo os Nossos Direitos – ADOD´s, a entidade que dinamiza a iniciativa. A amostra que estará patente na Fortaleza durante um período de um mês termina no dia 23 de Março.

De acordo com os mentores da iniciativa, a exposição servirá de uma plataforma em que todos os Homens terão a oportunidade de “celebrar a extraordinária beleza e riqueza da diversidade do Ser humano”, como forma de lançar um desafio no sentido de se eliminar as ideias preconceituosas sobre o que é “normal” que tendem a ostracizar os albinos.

Como tal, é pretensão daquele movimento associativo que se melhore o quadro das relações humanas pautando-se pelo respeito às inúmeras e maravilhosas diferenças existentes no nosso seio, tendo como meta melhorar “a situação emocional e social bem como de saúde das pessoas que vivem com albinismo”.

Uma série de actividades será desenvolvida paralelamente à exposição, como por exemplo, a criação de “mesas redondas para não somente rechaçar algumas ideias torpes que percorrem a mente das pessoas no espaço social sobre o albinismo, assim como esclarecer algumas dúvidas sobre o mal”.

Esta acção envolve a participação das instituições públicas nacionais, como forma de alargar o espaço de acção da ADOD´s, criando debates permanentes em que se promovam atitudes salutares em relação à pessoa portadora da doença.

Porque a discriminação da pessoa portadora do albinismo não é um fenómeno que se verifica só nas zonas urbanas, como por exemplo a cidade de Maputo, é pretensão da ADOD´s a criação de condições para a realização de uma digressão do evento por todo o país a fim de sensibilizar a sociedade em prol da defesa da integridade física e dignidade dos albinos.

O uso da fotografada para a sensibilização social revela-se um meio eficaz porquanto acredita-se que está-se diante de um instrumento de intervenção social. No trabalho que esta noite se inaugura “procurou-se colocar as pessoas portadoras de albinismo não como vitimas, mas sim realçando a beleza que existe da diferença”.

Na obra Filhos da Lua faz-se um cruzamento entre a imagem e o testemunho deixado pela pessoa fotografada sobre a sua experiência na sociedade.

Um acto de solidariedade

O albinismo é uma anomalia genética caracterizada por insuficiência de melanina, a substância responsável pela coloração da pele, cabelos e olhos. É genética, isto é, transmite-se de pais para filhos. Apenas isso.

Infelizmente, os mitos associados ao albinismo e a falta de informação levam a que, muitas vezes, as pessoas portadoras do mal sejam descriminadas e perseguidas para fins obscuros, violando assim os direitos mais elementares de todo o cidadão, a sua integridade física, bem como a dignidade humana.

A discriminação e a ostracização no espaço social, para além de outras acções macabras perpetrados contra os albinos, são os principais actos que colocam em causa a sua dignidade humana.

No entanto, da mesma forma que reduzir a discriminação em relação aos portadores de deficiências pode ser um acto de cidadania, solidarizar-se com os mesmos ofertando um par de óculos de sol, pode ser um bom começo para entender que doença com eles se debatem lhes impõe uma série de complicações no dia-a-dia, o que é agravado pelo estigma.

“Solidarize-se com esta causa, trazendo consigo óculos de sol (para adulto ou para criança) quando nos vier visitar. Faça a diferença na vida das pessoas portadoras de albinismo”´, considera a organização.

ADOD´s

Refira-se que a Associação Defendendo os Nossos Direitos (ADOD´s) é um organismo de âmbito nacional com sede na cidade de Maputo e, sem fins lucrativos. Foi criada com o intuito de lutar pelos interesses das pessoas com insuficiência de pigmentação da pele.

Esta agremiação recém criada tem como propósito contribuir para o bem-estar físico e psicológico, moral, mental e apoio psico-social dos albinos.

É neste sentido que são prioridades da referida organização a difusão de informação sobre a problemática do albinismo, criando condições que garantam assistência médica e medicamentosa às pessoas com insuficiência de pigmentação da pele, assim como lutar contra a exclusão social, envolvendo toda a comunidade na sensibilização sobre como lidar com o mal na sociedade.

Vale a pena referir que as fotos que compõem a mostra são de autoria dos Dominique Andereggen e Solange dos Santos os proprietário do estúdio fotográfico Magmaphotography.

Solange dos Santos é uma cidadã moçambicana com formação na área fotográfica, ao passo que Dominique Andereggen é um fotógrafo autodidacta, de nacionalidade suíça cujo maior enfoque do seu trabalho recai no jornalismo e arquitectura.

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