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Felismino Tocoli desiludido com governo de Moma

O governador de Nampula, Felismino Tocoli, está agastado com o governo distrital de Moma que, no seu entender, demonstra ausência total de solução para algumas dificuldades que enfrenta, nomeadamente a eliminação do fenómeno de cobranças ilícitas e mau atendimento por parte dos funcionários da Saúde aos utentes, desinformação em torno da origem das doenças endémicas, além do incumprimento do seu dever de pagamento de dívidas pelos serviços prestados pelos cidadãos ao Estado.

Nos encontros que orientou nos povoados que visitou há dias, no quadro da sua digressão ao distrito de Moma, Felismino Tocoli foi confrontado com queixas das populações relacionadas, sobretudo, com cobranças ilícitas imputadas aos funcionários do sector da Saúde afectos aos postos sanitários locais, situações que, aparentemente, não mereceram atenção para a aplicação de medidas vigorosas visando a sua mitigação, de acordo com a legislação em vigor.

As mulheres denunciaram, na circunstância, que, não raras vezes, se registam partos na caminhada das parturientes para a unidade sanitária mais próxima. Facto que consideram involuntário, mas o entendimento dos técnicos afectos às unidades sanitárias locais é divergente. Quando recorremos à Maternidade para vacinar os nossos bebés, incluindo nós mesmas, as enfermeiras usam termos pejorativos alegadamente por nos termos demorado a submetermo-nos aos trabalhos de parto- disse Catarina Adamugy, que exclui qualquer possibilidade de voltar à unidade sanitária pública para fazer trabalho de parto devido à postura dos funcionários ali afectos.

Todos os encontros mantidos pelo governador de Nampula nos vários povoados, que pediram, igualmente, a expansão dos serviços de saúde como forma a reduzir as longas distâncias que percorrem para beneficiar de assistência médica e medicamentosa. Em relação à desinformação em torno das doenças endémicas, em particular diarreias e cólera, que ocorre com frequência nos povoados circunvizinhos da localidade de Mucoroje, que há dois anos assistiu cenas de vandalismo que resultaram na destruição das instalações do Centro de Saúde local, para além do espancamento de seus funcionários.

Para o governador Felismino Tocoli a prevalência de fenómenos que emperram o desenvolvimento social em Moma resulta da apatia do seu executivo. Se as comunidades lamentam perante o governador é sinónimo de falta de diálogo entre as autoridades governamentais e as populações locais. O principal instrumento de trabalho é secundarizado e as dificuldades para suplantar as situações agravam-se ainda mais. Aliás, o governo de Moma tem instruções no sentido de monitorar todas as manifestações que possam minar o desenvolvimento local, e mesmo até punir os agitadores de acordo com a lei vigente- disse, agastado, Felismino Tocoli.

Os relatos de mau atendimento nos centros e postos de saúde no distrito de Moma são frequentes porque os pacientes não encontram resposta atempada das suas inquietações, sobretudo relacionadas aos medicamentos que, neste momento, é gritante. A escassez de técnicos de saúde é, igualmente, apontada como razão principal das demoras no atendimento dos pacientes que começam a acreditar que mais vale ir ao médico tradicional que está sempre disponível ao invés de se sujeitarem a permanecer todo o dia na unidade sanitária sem assistência.

No fecho da visita de dois dias ao distrito de Moma, Felismino Tocoli orientou um encontro popular no posto administrativo sede de Mucuali, onde as queixas contra o executivo distrital não faltaram. António Madeira, agente económico de Moma, usou da palavra para denunciar que o governo de Moma se recusa a liquidar uma dívida contraída consigo no valor de 210 mil meticais. Parte da qual resulta do fornecimento de bens alimentares ao sector de Saúde, efectuado há mais de dois anos.

A mais recente, estimada em 110 mil meticais, provém de serviços prestados no quadro da visita do presidente da República, Armando Guebuza, e sua comitiva ao distrito de Moma em Maio último. O comerciante alegou, na circunstância, ter optado por trazer o assunto no aludido encontro onde usou do direito a palavra como popular, porque já não existe ambiente favorável ao dialogo com o administrador Daniel José Ramos que não apresenta nenhuma medida alternativa para o saneamento da divida que como empresário me causa prejuízos incalculáveis – ajuntou.

Num tom vigoroso, Felismino Tocoli disse que se existe prova da despesa efectuada pelo governo não há outra alternativa senão efectuar o pagamento de acordo com o preceituado na lei. De referir que, no quadro da visita do Presidente da República ao distrito de Moma em Maio ultimo, Daniel José Ramos foi indiciado publicamente de desvio de parte de um montante do fundo de financiamento de iniciativa local vulgo “ Sete milhões” que devia beneficiar a uma associação local de produtores agrícolas.

Consta que, no momento em que o Chefe do Estado dirigia a reunião no posto administrativo de Larde, orientou a averiguação da matéria de acusação para a tomada de medidas julgadas convenientes ao caso. Aparentemente a orientação deixada pelo Presidente Guebuza não foi cumprida, pois que, embora tivessem já transcorridos cerca de sete meses, ainda não são conhecidos os resultados das auditorias porque os órgãos competentes não se dignaram a divulgar se houve ou não desvio de fundos por parte daquele funcionário público.

Esta atitude faz acreditar a existência de filhos e enteados no mesmo executivo, na medida em que José Carlos Amade, ex-administrador de Angoche, foi expulso do Aparelho do Estado por se ter investigado e provado o seu envolvimento em actos ilícitos. Enquanto por motivos também relacionados com a gestão pouco transparente da coisa pública, Agostinho Chelua foi exonerado da função de administrador de Eráti, e encarcerado nos calabouços há cerca de um mês.

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