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Falta de esferográfica deixa doentes a beira da morte

Eram precisamente 11:24 minutos de Sábado, 20 de Fevereiro de 2010 quando um repórter do Diário da Zambézia, deslocou-se ao Centro de Saúde 17 de Setembro, localizado na zona da Sagrada Família, que por vezes é também chamado por Centro de Saúde da Sagrada, para acompanhar um paciente.

Chegado ao local, eis que uma voz de um paciente que conhecia o nosso repórter clamou com tristeza: “Ainda bem meu amigo, traga aí uma esferográfica”-pediu o paciente que se identificou com o nome de Jojó Mussagi. Esferográfica, para quê? – Questionou o nosso repórter. Sem mais delongas, Jojó foi claro e disse que a esferográfica era para dar emprestado o clínico em serviço, porque eles estavam ali sentados há mais de meia hora por falta daquele instrumento.

Até parecia uma simples comédia. Mas olhando a gravidade do assunto, o nosso repórter sacou uma esferográfica, novinha e entregou nas mãos, o clínico em serviço, que na ocasião não conseguimos obter o nome, visto que o seu crachá estava virado. Aliás, nesta altura em que os pacientes aguardavam que a esferográfica aparecesse de qualquer forma, o clínico em serviço, abandonou a sala de consultas e fez-se a rua a procura de um pequeno lanche.

Quando questionado se esta situação era do conhecimento das autoridades ao nível da província, neste caso o director provincial da Saúde, Armindo Tonela, o clínico nem sequer gaguejou e disse o seguinte: “Ele, neste caso o director sabe, até nem valia a pena perder tempo, o único que podia resolver só seria o ministro Ivo Garrido”-estivemos a citar palavras do clínico em serviço no Centro de Saúde da Sagrada.

Será apenas um problema isolado de gestão do Centro?

Ora, esta não é a primeira vez que se reportam coisas incríveis como estas naquele centro de saúde. No ano passado o Diário da Zambézia, num trabalho da jornalista Maria Carlos, reportou no mesmo centro um caso da ambulância que ficou um final de semana inteiro sem combustível. Como resultado, os doentes eram evacuados para o Hospital Provincial de Quelimane, por meio de macas caseiras feitas de esteiras ou macubar (folhas de palmar) e paus. O director provincial de Saúde nesta parcela do país lembra-se deste assunto. Recentemente, a Nova rádio Paz, emissora da Igreja Católica nesta cidade, reportou também que pacientes andaram quase uma semana a procura de anticonceptivos, que não haviam naquela unidade sanitária.

E neste sábado, vem também este caso de falta de uma simples esferográfica que custa apenas 5 meticais. Porque ninguém se preocupa com a vida dos doentes, tiveram que ficar horas e horas, uns deitados nos assentos de madeira ali colocados, sem esperança claro, outros até abandonaram o local mesmo com dores. E logo num Banco de Socorros. Será que é um problema de gestão daquele centro ou é uma questão genérica na direcção provincial de Saúde na Zambézia?

Então porquê o Estado moçambicano gasta rios de dinheiro para formar gestores dos hospitais e em contra-partida, estes nem sequer desempenham seu papel? Aguardamos a explicação de quem de direito, porque ao que nos parece é que reina uma anarquia, descontentamento, abuso aos cidadãos nos centros de saúde e porque não na máquina da DPS toda? Assim não.

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