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Fábrica de chá devia estar a operar há cerca de um ano em Mossurize

Uma fábrica de processamento de chá, baptizada por MOZTEA, na vila de Espungabera, sede do distrito de Mossurize, a sul da província de Manica, cuja capacidade instalada deverá ser de e 800 toneladas por ano, começou a ser edificada nos princípios de 2008, com a previsão de entrar em funcionamento em Outubro do ano transacto. Todavia, neste momento a realidade no terreno manda dizer que o empreendimento se encontra emperrado, após ter absorvido um milhão e 400 mil dólares americanos do financiamento inicial disponibilizado pelo Governo da Holanda, através da PSOM, um organismo daquele país europeu.

Segundo o jornal Diário de Moçambique nesta altura em que a sociedade gestora da empresa está a renegociar a concessão de 300 mil dólares adicionais para os trabalhos da fase final: aluguer de maquinaria para instalação do equipamento industrial, pavimentação, cobertura completa, entre outros, que podem ser executados até três a quatro meses.

O clima tropical modificado pela altitude e solo avermelhado constituem factores básicos que tornam propícia a cultura de chá como a principal fonte de rendimento no montanhoso distrito de Mossurize, em particular na cintura verde da sede distrital, Espungabera. Parte significativa da população local dedica-se ao cultivo daquela que seria ou será matéria-prima da futura fábrica de processamento, cuja conclusão está condicionada pela disponibilização do valor financeiro ora em falta.

Enquanto as máquinas da referida fábrica não começam a “roncar” para consumir o chá produzido pelos cerca de 800 agregados familiares, numa área global estimada em 190 hectares, parte deles comercializa o seu produto no Zimbabwe, onde é adquirido pela empresa BUZTEA, enquanto outros vendem-no localmente a processadores que usam métodos rudimentares e outros ainda canalizam-no a interessados em Chimoio, segundo o director do Serviço Distrital de Actidades Económicas, Francisco Navalha.

A ausência dum mercado seguro para colocação do chá, que seria ou será a entrada em funcionamento da unidade industrial de processamento, retrai os produtores em Mossurize, que viam na edificação do empreendimento sua “tábua de salvação”. “Com as dificuldades que nós temos, até agora conseguimos alcançar cerca de 190 toneladas de chá por ano, mas as previsões apontam para 600, quando a fábrica se tornar um factor dinamizador para os produtores locais” — afirmou aquele membro do Governo distrital.

Por seu turno, o coordenador da empresa MOZTEA, Daniel Gandidja, garante que a futura fábrica de processamento de chá não terá qualquer problema relacionado com a sua principal matéria-prima. “Até agora contamos com uma área de 190 hectares de 780 produtores do sector familiar, além de que a própria fábrica vai também ocupar-se da produção dessa cultura, numa área de 200 hectares” — acrescentou.

A reportagem do Diário de Moçambique perguntou se a futura unidade industrial processadora da referida cultura já tinha começado a produzir, Gandidja respondeu negativamente : “A nossa preocupação neste momento é, primeiro, pôr a fábrica a funcionar e só depois é que vamos lançar-nos na produção de chá”. Adiantou estar já assegurado mercado externo, que é a África do Sul, à partida, além do interno.

Segundo o coordenador da empresa, o défice orçamental para conclusão da fábrica resultou do agravamento do preço da maquinaria, importada da Índia, através do porto da Beira, acentuado pelo facto de os desembolsos terem sido em tranches, intercalados por relatórios de exercícios financeiros. “Isso não nos permitiu imprimir maior dinâmica, conforme seria de prever e como gostaríamos que fosse” — desabafou. “Segundo cálculos que nós fizemos, precisamos agora de 300 mil dólares para conclusão da construção da fábrica. Temos promessa do Governo holandês, através do PSOM, de reembolso desse pacote financeiro. Se o Governo moçambicano pudesse adiantar-nos o Fundo de Desenvolvimento Distrital poderíamos pôr a fábrica a funcionar em três ou quatro meses” — afirmou Daniel Gandidja.

Entretanto o director do Serviço Distrital de Actividades Económicas reconheceu que “a sociedade da futura fábrica está agora a atravessar grandes dificuldades na obtenção de fundos para sua conclusão”, mas sobre uma hipotética intervenção do executitivo local, Francisco Navalha afirmou que “isso é impossível, porque os fundos do Governo não estão orientados para financiar uma fábrica como aquela”. “Estamos a falar de 300 mil dólares, que correspondem a cerca de um milhão de meticais, que constitui um financiamento macro. Então, é impensável que o Fundo de Desenvolvimento Distrital possa satisfazer as necessidades dessa fábrica. Nós estamos a trabalhar com fundos até 300 mil meticais por cada interessado, incluindo camponeses” — enfatisou aquele responsável.

No entanto, o coordenador da empresa reconhece que a entrada em funcionamento da fábrica contribuirá para melhoria das condições de vida dos camponeses empenhados na cultura de chá em Mossurize. “Neste momento, uma pequena parte dos produtores, próximos, é que conseguem comercializar o chá na BUZTEA, no Zimbabwe, que é sócia desta empresa (MOZTEA)” — acrescentou Daniel Gandidja.

O entrevistado do jornal Diário de Moçambique garante que a situação será diferente quando a futura fábrica de processamento de chá começar a laborar na vila de Espungabera. “Nessa altura nós é que vamos ao encontro dos camponeses comprar o chá, com os quais celebraremos contratos individuais”, disse o coordenador da empresa MOZTEA. Questionado sobre o impacto ambiental da futura fábrica na área, o nosso entrevistado assegura não haver qualquer problema, segundo estudos levados a cabo, que indicam que a actividade da mesma não afectará a comunidade, pois está a ser instalada numa zona praticamente desabitada.

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