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Estado Islâmico assume ter morto turistas num museu na Tunísia

A Tunísia afirmou que irá mobilizar o Exército nas grandes cidades e prendeu nove pessoas nesta quinta-feira, um dia depois de homens armados matarem 20 turistas estrangeiros no Museu do Bardo, o que os militantes do Estado Islâmico chamaram de “o primeiro pingo da chuva”.

Os visitantes japoneses, italianos, espanhóis e britânicos, além de três tunisianos, estão entre as vítimas do ataque, que aconteceu dentro do complexo fortemente protegido do Parlamento do país, que foi praticamente poupado da violência que se seguiu à Primavera Árabe.

As autoridades não confirmaram que os militantes assumiram a autoria do atentado, mas disseram ter identificado dois dos atiradores mortos a tiros pelas forças de segurança, depois de atacarem dois autocarros de turismo durante uma visita ao museu na quarta-feira.

A empresa de cruzeiros marítimos MSC Cruises declarou que 12 dos seus passageiros, incluindo colombianos, franceses e um belga, estão entre os mortos, e que um casal espanhol foi encontrado vivo nesta quinta-feira depois de passar a noite escondido no museu.

O atentado – o pior envolvendo estrangeiros na nação desde um ataque suicida em Djerba em 2002 – ocorreu num momento delicado para a Tunísia, que ainda se recupera da sua transição acidentada para a democracia.

A nação depende muito dos turistas estrangeiros que frequentam os seus resorts litorais e suas trilhas desérticas, e o governo está prestes a abordar reformas politicamente delicadas para fortalecer o crescimento económico.

O Estado Islâmico, que declarou um califado em grandes partes do Iraque e da Síria e é activo na caótica vizinha Líbia, elogiou os dois atiradores numa mensagem de áudio, classificando-os de “cavaleiros do Estado Islâmico” armados com metralhadoras e bombas. Os tunisianos representam um dos maiores contingentes de combatentes estrangeiros no Iraque, na Síria e na Líbia, e a democracia ainda incipiente do seu país, que reprimiu a militância local, é um alvo em potencial.

“Dizemos aos apóstatas que se sentam no peito da Tunísia muçulmana: esperem as boas novas do que irá feri-los, ó impuros, pois o que viram hoje é o primeiro pingo da chuva”, declarou o áudio do Estado Islâmico em árabe.

Militantes identificados

Os dois militantes mortos foram identificados como os tunisianos Hatem al-Khashnawi e Yassin al-Abidi. Dois jornais locais relataram que Abidi passou algum tempo no Iraque e na Líbia, mas as autoridades não confirmaram. O primeiro-ministro da Tunísia, Habib Essid, disse que o último vinha sendo vigiado, mas “por nada de especial”.

“Nós os identificamos, de facto são estes dois terroristas”, declarou o primeiro-ministro à rádio francesa RTL. “A sua filiação não está clara no momento”. As autoridades tunisianas declararam ter prendido quatro pessoas directamente ligadas ao ataque e cinco outras com laços indirectos. Uma fonte de segurança disse que dois familiares de um dos atiradores estão entre os detidos.

“Prendemos o pai e a irmã do terrorista Hatem Al-Khashnawi na sua casa em Sbiba City”, afirmou a fonte à Reuters. O número de turistas estrangeiros mortos no ataque da quarta-feira ao museu nacional da Tunísia aumentou dos 17 anunciados inicialmente para 20, disse o Ministério da Saúde.

Londres declarou também nesta quinta-feira que uma britânica está entre as vítimas fatais do que chamou de um “ataque terrorista” covarde e desprezível. Quatro anos depois da revolta popular que derrubou o autocrata Zine El-Abidine Ben Ali, a Tunísia completou o processo com eleições livres, uma nova constituição e uma política de concessões entre partidos seculares e islâmicos.

Mas as forças de segurança enfrentam militantes islâmicos, entre eles os da Ansar al Sharia, listado por Washington como grupo terrorista, e do Okba Ibn Nafaa, uma brigada de combatentes filiada à Al Qaeda que opera ao longo da fronteira argelina. A luta contra estes militantes pode ter tido um papel no ataque ao museu, opinou Geoff Porter, analista de segurança da consultoria North Africa Risk Consulting.

“A pressão crescente contra actividades terroristas na região de Djebel Chaambi pode ter feito os terroristas procurarem alvos mais fáceis com maior impacto simbólico”, disse. O atentado pareceu ter por alvo a economia tunisiana, uma vez que o turismo representa sete por cento do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

O governo estima que as perdas do sector turístico chegarão a 700 milhões de dólares nesta temporada. Duas agências de turismo alemãs disseram ter cancelado viagens para os resorts litorais de Túnis por alguns dias.

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