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Empreiteiros transformam praia em lixeira

Maputo, 16 Mar (AIM) – A costa moçambicana tem, de algum tempo a esta parte, vindo a tornar-se destino fácil para o depósito de matéria como excrementos e lama feito por algumas empresas chinesas do ramo de construção civil, que estão a operar na cidade de Maputo.

 

O mais recente episódio, testemunhado pela reportagem da AIM, sucedeu na tarde de Sábado último, na praia da Costa do Sol, ao longo da rua que leva ao bairro dos Pescadores, há escassos metros da ponte que faz a ligação entre os dois bairros. O camião cisterna, com chapa de matrícula MLZ-93-92, cor de vinho, cuja marca não foi possível apurar, descarregou enormes quantidades de conteúdo semelhante ao lodo sobre a vegetação mangal naquele local. Na circunstância, o camião era conduzido por um indivíduo de raça negra acompanhado por um outro chinês que, quando chegados ao local, foi abrir a válvula da cisterna para drenar ao mar todo conteúdo transportado.

Segundo os residentes do bairro, cujas moradias estão situadas perto do local, esta acção das empresas de construção não só constitui um sério perigo aos ecossistemas marinhos, mas também uma autêntica ameaça à saúde de todos os que têm no mar a sua fonte de subsistência e de lazer.

No mais recente episódio, quando o referido veículo se dirigiu ao local para descarregar o conteúdo, um grupo de moradores manifestou-se ruidosamente, quase a roçar a violência, protestando contra o despejo na orla marítima nacional de matérias que, em alguns casos, são excrementos humanos. O motorista do camião, na tentava de serenar os ânimos dos residentes enfurecidos com os frequentes despejos de conteúdos nocivos no mar, cuja essência é completamente desconhecida, disse tratarse, desta vez, de lodo que, no seu entender, não constitui risco nenhum. “Não tenham medo meus amigos que desta vez se trata apenas de lama e nada daquilo que vocês estão a pensar”, disse o camionista aos residentes que, de imediato, se abeiraram do veículo para ver de que se tratava. Todavia, os residentes da rua lamentam o facto de episódios desta natureza estarem a ganhar frequência que julgam ser preocupante sem que as entidades de direito façam algo para desencorajar ou mesmo acabar com práticas deste género. “Não sabemos se as pessoas encarregues de fiscalizar a nossa integridade costeira têm conhecimento ou simplesmente ignoram, por completo, esta triste realidade, permitindo que empreiteiros abusem e transformem a nossa costa em lixeira”, comentaram aqueles residentes. Os residentes, quando questionados sobre se já teriam denunciado estes desmandos junto do Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental (MICOA), ou outras entidades ligadas ao ambiente, admitiram nunca o ter feito por não pensarem que a acção daquela empreitada viria a se repetir mais vezes como tem estado a acontecer.

 

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