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Em “Choriro”: Ungulani revela-se historiador

Na sua obra mais recente, “Choriro”, o romancista moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa revelou-se, uma vez mais, um historiador artístico, ao narrar a história do vale do Zambeze, Centro do país, de maneira artista.

“Essa obra confunde-se com a História”, considera o historiador Aurélio Rocha, autor do prefácio deste romance lançado na Quarta-feira passada, em Maputo. A fonte acrescentou que “Choriro” não é um livro de história; é sim uma narrativa histórica em que factos e personagens verdadeiros se entremeiam com factos e personagens imaginados pelo autor, ele próprio um estudioso de História.

“Choriro”, choro em língua local, narra um momento muito especial da História de Moçambique marcado por uma série de mudanças socais registadas por volta do século XIX no Vale do rio Zambeze, contando com o protagonismo dos “senhores dos prazos”. Cenas de misturas de brancos e negros, mulatos e negros, tráfico do sexo de meninas negras virgens, histórias sobre um passado ainda recente sobre o comércio de escravos, são alguns dos temas que alimentam as conversas das personagens a quem, propositadamente, Ungulani, atribuiu textos reais sobre os momentos vividos na altura.

 Rocha explicou que a dor narrada em “Choriro” resulta da perda de referências por parte das comunidades. “”Choriro” representa a morte de um prestigiado chefe da região. Um chefe que mesmo não sendo negro, ele se tinha imbuído de todos os elementos de africanização … quando ele morre, vem o luto, a desorientação”, disse ele, sublinhando “tudo triste, “Choriro” quer dizer isso”. Obra de dor, “Choriro” foi lançado Quarta-feira na capital moçambicana, Maputo, num ambiente de festa caracterizado por troca de bebedeiras, apresentação de alguns números de música acústica com a encantadora voz da cantora Mingas e assinatura de autógrafos. “Esse tipo de enchentes é raro em lançamento de livros.

Isto só acontece, ás vezes, em ocasiões de espectáculos musicais”, descreveu, admirado, o músico moçambicano Fernando Luís. Aurélio Rocha considera Ungulani como uma peça rara no país. “Por tudo o que escrevi, e muito haveria ainda a escrever, considero-me honrado por ter sido convidado para escrever este posfácio, o que, digo-o com maior satisfação, fiz com enorme prazer, respeito por um dos mais representativos e brilhantes de geração pósindependência”, vincou.

Mas em Moçambique existe a Paulina Chiziane, que no ano passado, lançou uma das suas mais recentes obras literárias denominada “O canto alegre da perdiz” em que narra factos vividos nas terras do Vale do Zambeze na época dos prazeiros. Solicitado a comentar sobre esse facto, Rocha reconheceu que, apesar de ainda não ter feito uma análise as suas obras, Paulina Chiziana tem tido a tendência de fazer a ligação entre a história e a literatura. “Ela tem tido essa tendência…é uma técnica rara actualmente, mas a Paulina é de uma geração mais recente em relação ao Ungulani”, disse Rocha.

Francisco Isaú Cossa, de nome próprio, Ungalani conta agora com seis romances, sendo o mais lido de todos os tempos o “Ualalapi”, publicado em 1987, em que narra, de forma fictícia próxima ao real, os últimos dias do Império de Gaza, um dos mais sonantes do século XIX que se empenhou na luta contra a resistência colonial. “Este é um dos meus filhos, é mais um parto e estou feliz por isso”, disse Ungulani, muito ocupado com a assinatura de autógrafos, e sem tempo para a imprensa.

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