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Eleições intercalares: Renamo confirma ausência

O maior partido da oposição em Moçambique, a Renamo, já confirmou oficialmente que não vai participar nas eleições intercalares de 7 de Dezembro próximo para eleger os edis de Cuamba, no Niassa, Pemba, em Cabo Delgado, e Quelimane, na Zambézia.

Segundo o porta-voz desta força política, Fernando Mazanga, a Renamo não compreende as reais razões que ditaram as renúncias dos três edis, nomeadamente: Pio Matos, de Quelimane; Sadique Yacub, de Pemba, e Arnaldo Maloa, de Cuamba, eleitos em 2008.

A Renamo, de acordo com o portavoz, considera tratar-se de manobras obscuras da Frelimo, partido no poder, advertindo que a realização das eleições intercalares acarreta mais gastos de fundos públicos.

“A Renamo não vai concorrer. O que está a acontecer com estas eleições intercalares são jogatanas que o partido Frelimo está a fazer dentro de zanga de madrastas e tendem a criar despesas onerosas para o povo moçambicano numa altura em que se precisa fazer contenção. Com estas eleições vai se abrir um buraco financeiro sem necessidade nenhuma”, defendeu.

Mazanga justificou que a Renamo não compreende as reais motivações que levaram a Frelimo a “dar ordens” aos seus edis para poderem renunciar.

“Estas renúncias mostram claramente que aqueles cidadãos não foram eleitos, mas sim nomeados, porque senão teriam respeitado a vontade dos munícipes que os elegeram e manter-se no poder até às eleições de 2013. Se há má gestão, questionamos então: onde não há má gestão?”, questionou.

Informações postas a circular e fortemente desmentidas pela Frelimo indicam que os três edis foram “convidados” a renunciar dos seus cargos pelo partido no poder, alegadamente por má gestão dos municípios, sobretudo dos fundos.

Entretanto, nas cartas de renúncia apresentadas, os três invocam motivos de força maior. Sadique Yakub alegou motivos de doença (diabetes), enquanto Arnaldo Maloa invocou motivos académicos e Pio Matos diz que deixa voluntariamente, porque já deu o que podia pelo Município de Quelimane.

Segundo Mazanga, outra razão que levou a Renamo a decidir pela não participação no sufrágio tem a ver com as manifestações que este partido pretende levar a cabo, alegadamente para instaurar um novo governo de unidade nacional.

“E nós temos uma agenda, pretendemos levar a cabo uma revolução ao nível do país e o nosso presidente já o disse. Temos como horizonte temporal o mês de Dezembro. Vamos fazer uma revolução e implantar uma nova ordem social e política ao nível nacional o que passa, necessariamente, pela implementação de um governo de unidade nacional e restauração dos verdadeiros alicerces da democracia”, frisou.

De referir que as eleições intercalares estão a ser contestadas, igualmente, por um grupo de seis pequenos partidos políticos extra-parlamentares, que acusam o partido no poder de ter manipulado a renúncia dos respectivos edis. Numa lista de inúmeras razões para o repúdio, o grupo sublinha que estas eleições são dispendiosas e podem minar a transparência democrática no país.

O grupo acusa ainda o governo de estar a desviar o valor destinado a financiar o projecto da cesta básica e do subsídio de transporte para custear as referidas eleições, e apela aos munícipes e a comunidade internacional a reagirem perante ao que consideram de “burla estatal”.

Eleições foram convocadas para 7 de Dezembro, sendo que neste momento decorrem as inscrições e apresentação de candidaturas.

A Frelimo e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), o segundo maior partido da oposição no país e com assentos no parlamento, já apresentaram as suas respectivas listas de candidatos à Comissão Nacional de Eleições (CNE) A Frelimo apresentou as candidaturas de Lourenço Abubacar Bico, Vicente Lourenço e Tagir Assamo Carimo, eleitos para concorrerem a presidência dos municípios de Quelimane, Cuamba e Pemba, nas províncias da Zambézia, no Centro, e Niassa e Cabo Delgado, norte do país, respectivamente.

O MDM, por sua vez, apostou em Manuel Araújo (Quelimane), Assamo Tique (Pemba), e Maria Moreno (Cuamba).

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