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Eleições : anedotas e parábolas na “caça” ao voto

As brigadas da Frelimo envolvidas na “caça” ao voto em diversos pontos da província de Tete, centro do país, têm recorrido as anedotas e parábolas para convencer os eleitores a votarem no partido e seu candidato Armando Guebuza nas eleições de 28 de Outubro próximo. Castro Ntemansaka, membro sénior e deputado pela bancada da Frelimo na Assembleia da República (AR), o parlamento moçambicano, na última legislatura, disse que as anedotas e parábolas se revestem de muita importância na “caça” ao voto, porque não só incorporam muitos saberes populares assim como despertam o sentimento de interesse na mensagem que é transmitida a grupos alvo.

Ntemansaka, que falava na terça-feira no bairro da Liberdade na vila municipal de Moatize, a 20 quilómetros da cidade de Tete, num comício popular inserido na campanha eleitoral, usou uma diversidade de situações para educar civicamente o eleitorado sobre como proceder no próprio dia da votação. No comício, realizado debaixo de um gigantesco e frondoso embondeiro naquele bairro, os residentes que para lá se dirigiram tiveram bons e inolvidáveis momentos de humor, a avaliar pelas sucessivas e ruidosas gargalhadas provocadas pelo orador (Ntemansaka) que, durante a sua intervenção, resgatou ensinamentos da tradição nyungue para o gáudio dos presentes. Contrariamente a insuportável vaga de calor que se fez sentir na Segunda-feira (39 graus centígrados), o dia de terça-feira nasceu cinzento, favorecendo assim a realização das actividades da campanha eleitoral sem recear pelas privações impostas pela natureza.

Assim, os residentes daquele aglomerado populacional escutavam atentamente as explicações que ele dava e reflectiam continuamente sobre a sua utilidade e valor, tanto para as suas vidas bem como para o crescimento do país. Ntemansaka, que recorreu repetidas vezes a parábola dos compradores, disse aos residentes do bairro da Liberdade que no dia da “abertura da loja” (assembleia de voto) no dia 28 de Outubro próximo, cada cidadão, que será neste caso vertente o “comprador”, deve saber escolher o artigo feito de material duradoiro, para que possa ter roupa por muito mais tempo. “Quando a loja abrir vocês devem escolher o produto de marca (Armando) Guebuza, cuja “marca comercial” é o tambor e a massaroca que bem conhecem, para garantirem a continuidade de todas as acções de desenvolvimento socioeconómico que o país está a registar”, disse Ntemansaka.

Os “compradores”, segundo o orador, não devem, de forma nenhuma, se deixar enganar e levar um artigo que a medida do tempo perderá a sua cor real. O orador pretendia, com isto, dizer que os adversários do seu candidato não passam de artigos cuja matéria-prima perderá a respectiva consistência. Para fortificar o alcance da mensagem, Ntemansaka direccionou o discurso às mulheres que, por sinal, afluíram em maior número ao comício e, para o efeito, comparou os outros partidos a uma capulana feita de matéria-prima que deixa transparecer o seu belo corpo, por não ter a devida qualidade para o esconder. Assim, elas devem ser muito, mas muito bem, cautelosas na escolha da capulana, isto e, “candidato”.

“Sankhula m’zere wa pakati” (escolha o produto na prateleira do meio) foi a forma que a fonte usou para explicar aos residentes daquele bairro que o candidato do seu partido aparece no meio entre os dois outros adversários, concorrentes para as presidenciais. No boletim para as legislativas e para as assembleias provinciais, estas últimas que se realizam no país pela primeira vez, a “marca comercial” da Frelimo (tambor e a massaroca) aparece logo no primeiro lugar. Assim, cada eleitor deve olhar atentamente para esta marca e depois exercer o seu direito de voto.

Portanto, foi, na verdade, um comício de educação cívica conforme já havia referido na Segunda-feira o “cabeça de lista” da Frelimo em Tete, Eduardo Mulémbwè, que o seu partido iria intensificar as suas acções na pedagogia cívica. Ntemansaka disse igualmente estar satisfeito com o alto desempenho do seu partido, porque na vila de Moatize, por exemplo, (com cerca de 39 mil habitantes), os militantes da Frelimo já abordaram 55 por cento dos pouco mais de 21 mil eleitores, um indicador encorajador para as aspirações do “tambor e da massaroca”. O comício foi marcado por alguns números do vasto reportório cultural moçambicano, cuja mensagem foi adaptada para o contexto eleitoral e acompanhado por bailados do “njole” e “chintali”, muito venerados pelos residentes de Moatize.

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