No Egito, a oposição esteve reunida com o governo e não considera suficientes as cedências propostas e os protestos continuam no Cairo e noutras cidades. Depois do encontro, a Irmandade Muçulmana, um dos grupos da oposição envolvidos nas conversações, disse que o regime não fez quaisquer concessões substanciais. Da sua parte, o governo insiste que vai ser o caos e vai haver uma crise constitucional caso o Presidente se afaste imediatamente.
Entretanto o Presidente americano, Barack Obama, diz acreditar que o Egipto não pode voltar atrás e que agora é tempo de mudança.
A Irmandade Muçulmana e outros movimentos participaram em conversações com o governo depois de quase duas semanas de protestos nas ruas, que pretendem forçar o Presidente Mubarak a afastar-se do poder.
O governo propôs um organismo para alterar a constituição mas a oposição diz que a oferta do governo não é suficiente. O Presidente Mubarak recusou abandonar o cargo ao afirmar que ao fazê-lo provocaria o caos, mas anunciou que não se vai recandidatar em Setembro.
Apoio israelita
O Presidente israelita, Shimon Peres, manifestou o seu apoio ao seu homólogo egípcio: “O Presidente Mubarak salvou muitas vidas ao impedir a guerra no Médio Oriente. Ele salvou a vida dos egípcios, dos árabes, dos israelitas ao não permitir a renovação da guerra.” Por sua vez, o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse à Fox News no domingo que agora é tempo do Egipto mudar. Obama afirmou que a Irmandade Muçulmana era apenas uma facção no Egipto e não gozava do apoio da maioria mas admitiu que alguns aspectos da sua idelologia eram anti-americanos. No entanto, ele disse que é claro que os egípcios querem eleições livres e justas.
Ao todo, seis grupos foram representandos nas conversações de domingo, acolhidas pelo Vice-Presidente Omar Suleiman. A televisão estatal egípcia disse que os participantes concordaram em formar um comité conjunto de figuras políticas e judiciais com a função de sugerirem alterações constitucionais.
Oposição
Foi a primeira vez que o governo e a Irmandade Muçulmana levaram a cabo conversações. No entanto, o porta-voz do grupo, Mohammad Morsi, diz que as negociações ainda têm um longo caminho pela frente: “O diálogo ainda está a decorrer embora não se tenha alcançado nada de concreto. Eles não acataram a maior parte das nossas reivindicações, apenas fizeram algumas concessões mínimas.” O grupo reinvidica o levantamento das leis de emergência em vigor no país, a dissolução do parlamento e a libertação de todos os prisioneiros políticos.
O jornalista da BBC Jon Leyne, que está no Cairo, disse que alguns dos participantes nas conversações mostaram-se cépticos em relação às medidas tomadas pelo governo. Uma figura proeminente da oposição, Mohamed El Baradei, afirmou que não é claro o que as conversações podem alcançar: “O processo é gerido pelo regime cessante sem o envolvimento da nova oposição nem do resto das pessoas. É liderado pelo Vice-Presidente Suleiman e pelo exército.” “O Presidente é militar, tal como o Vice-Presidente e o Primeiro Ministro e penso que se for para criar confiança então é preciso envolver com o restos dos egípcios, os civis.”
El Baradei não participou nas conversações mas um dos seus representantes encontrou-se com o Vice-Presidente Suleiman em separado.