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É perigoso ter cães e gatos não vacinados

Celebra-se, a 28 de Setembro em curso, o Dia Mundial Contra a Raiva. Entretanto, milhares de pessoas não sabem que os cães e gatos, e porque não as aves, devem ser levados ao veterinário logo que são adquiridos pelos novos donos a fim de serem vacinados contra as seguintes doenças: raiva, cinomose, parvovirose, coronavirose, newcastle, dentre outras que podem ser fatais em caso de algum contágio humano.

Nas direcções provinciais da Agricultura de Maputo, Inhambane, Nampula e Niassa, os munícipes podem vacinar os seus bichos contra a raiva, das 07h:00 às 15h:30, a um preço muito baixo, mas nas veterinárias privadas o custo é a partir de 100 meticais.

A raiva é uma doença mortífera, provocada por um vírus que atinge quase todos os mamíferos, afecta o sistema nervoso e é transmitida pela saliva no acto da mordedura. Trata-se de uma doença caracterizada por uma paralisia da laringe, faringe e músculos da mastigação, seguida por uma depressão, coma e morte por paralisia respiratória na sua fase aguda. A forma de prevenir este mal é a vacinação de cães e gatos. Se alguém for mordido por um destes bichos deve lavar o local atingido com bastante água e sabão e dirigir-se a uma unidade sanitária para ser observado.

Cinomose é uma doença, também, causada por um vírus altamente contagioso, e afecta igualmente cães de todas as idades, sobretudo as crias não vacinadas entre a 6a e a 12a semana de vida. Esta enfermidade é transmitida através das secreções corporais como saliva e descargas nasais que posteriormente infestam o ambiente. O animal infectado deve ser mantido isolado para evitar o contágio.

A parvovirose é uma virose cuja transmissão ocorre por via do contacto com fezes de animais infectados ou ambientes frequentados por cães e gatos. Trata-se de um vírus altamente contagioso e resistente, e pode manter-se infectante durante meses no ambiente. A doença de newcastle infecta aves, domésticas e selvagens, e é também altamente contagiosa. Ela é endémica em vários países do mundo e pode acometer galinhas, perus e patos, embora sejam consideradas aves mais resistentes.

Há falta de informação em Inhambane

Amâncio Elias, técnico de veterinária e delegado de pecuária na cidade de Inhambane, considera que “as pessoas só se assustam quando estão diante de um caso evidente de raiva no ser humano. Muitos criadores de caninos negligenciam a vacinação dos seus animais, ou não conhecem a importância disso”.

À nossa Reportagem, o entrevistado disse que falta informação numa cidade onde muitos cães andam à solta, chegando a criar pânico e mordeduras, particularmente quando se está em período de cio. O cão é um animal tendencialmente de guarda, e, por isso, deve viver em cativeiro sob forte controlo do seu tutor. Contudo, nem sempre essa obrigatoriedade é observada, levando a que muitos animais se tornem praticamente selvagens, principalmente nos bairros ainda por urbanizar. Mas não é só aqui onde a ameaça é patente à noite. Na cidade, também, e nos bairros urbanizados, podemos ser confrontados com um grupo de caninos a andar à vontade e a ameaçar os transeuntes.

Houve tempo em que o município de Inhambane desancadeou uma campanha de abate dos inoportunos caninos. Uma campanha que ficou mais nos avisos do que na acção porque os animais prevalecem e os munícipes continuam a reclamar sem nada poderem fazer. Outros ainda enveredam pelo envenamento dos bichos que chegam a invadir os seus domicílios, defecando nos quintais ou mesmo devorando panelas de comida.

O mais grave, porém, é não se saber se os potenciais atacantes nocturnos estão ou não vacinados. O cão torna-se mais agressivo à noite e se sofrermos uma mordedura de um animal doente, o risco de morte é enorme. É por isso que os serviços de veterinária estão a desenvolver acções de sensibilização junto das comunidades, para levarem os seus animais à vacinação no próximo dia 28.

“Importa referir que este acto não só será efectuado naquele dia, como noutros subsequenntes. Aliás, nós temos vindo a realizar este trabalho regularmente; estamos abertos a todo o momento para os interessados que tenham os seus caninos a precisarem de vacina. O dia 28 é simbólico, mas o nosso trabalho é permanente”.

Os aninais devem ser vacinados

De acordo com o programa traçado para esta data, haverá vacinação nas escolas primárias 1º de Maio, Nhapossa e na Clínica de Chamane. “Queremos ainda recordar que os animais devem ser vacinados anualmente para a sua protecção e protecção dos seus donos, porque o cão com raiva não olha para a sua vítima, ataca qualquer pessoa”.

O maior perigo que correm os cães que andam à solta, como consequência da falta de cuidados nas casas dos donos, reside no revolver do lixo onde pode haver disputa sobre um determinado alimento. “Nessa luta eles podem moder-se e um dos animais em peleja pode ser portador de raiva. Sendo assim, o outro que é são vai provavelmente contrair a doença e levá-la para casa, com todas as consequências que daí podem resultar”. É perante este quadro que Amâncio enfatiza a necessidade de se levarem os animais ao tratamento.

“Existe ainda muita gente que não sabe da necessidade de levar os gatos e os macacos domesticados à vacinação. Estes bichos também podem trasmitir, através de uma mordedura, o veneno mortal ao ser humano. Apelamos as pessoas que tragam também esses animais para serem tratados”. Em 2012, a cidade de Inhambane vacinou 842 cães e até semana passada já tinham sido submetidos a este processo 350 caninos, um número considerado razoável embora não se conheça com exactidão a quantidade destes animais.

O caso insólito de Zavala

Há quatro anos, Zavala registou um fenómeno estranho. Os coqueiros estavam a ser atacados por morcegos, que inoculavam o seu veneno até níveis preocupantes. Muitas dessas árvores perderam completamente a vitalidade e as estruturas distritais, perante este drama, desencadearam uma campanha de abate dos notívagos, que resultaram numa autêntica chacina. Só que os autores do “massacre” esqueceram-se de um pormenor extremamente importante: não enterraram os animais, tendo-os deitado na lixeira onde foram devorados apetitosamente por cães.

A Ciência já provou que os morcegos são portadores de raiva e quando os caninos os comeram, tiveram automaticamente acesso a essa patologia, tendo-se virado contra o homem que tinha abatido os morcegos. Houve relatos de várias mordeduras perigosas e o remédio foi abater todos os cães que aparecessem à solta.

Maputo não é excepção

À semelhança de Inhambane, na capital do país é notório o número de cães e gatos que pululam de forma desregrada. Porém, não se sabe se esses bichos foram ou não vacinados. Em Maputo, alguns munícipes vacinam os seus cães e gatos na veterinária Ibavet, onde cerca de 98 porcento de animais tratados são caninos e contra a raiva. Neste contexto, no dia 28 de Setembro, haverá uma campanha de vacinação na Escola Secundária Zedequias Manganhela, no distrito Municipal KaMubukwana. O tratamento é gratuito.

Segundo o médico veterinário da Ibavet, Pulquério Rodrigues, uma vacina contra raiva custa 100 meticais e uma vacina múltipla é vendida a 300 meticais. Ele apela aos criadores de aves para que vacinem os seus aninais com vista a evitarem contrair newcastle e outras viroses fatais.

A Assembleia Municipal de Maputo aprovou, em 2009, uma documento denominado “Postura Municipal sobre Cães e Gatos”, um instrumento que, dentre outras medidas, bane a circulação de caninos raça doberman, rottweiler e pit-bull na urbe devido à sua perigosidade, pois mesmo quando estiverem domados podem, subitamente, rebelar-se e atacar pessoas, inclusive os seus donos. Entretanto, o que se observa é o contrário. Quantos cães desses vagueiam por aí com os donos?

Vacinados mais 16 mil caninos contra o vírus “esgana”

O sector de pecuária na Direcção Provincial da Agricultura (DPA) em Nampula indica que vacinou, de Janeiro a Agosto do ano em curso, 16.734 cães e um gato contra o vírus “esgana”. Em igual período do ano passado foram submetidos ao mesmo tratamento 10.113 caninos, 777.348 aves contra a doença newcastle e 39.907 bovinos contra a dermatose nodular.

Em 2012, 500 cães morreram devido ao vírus de “esgana”. Esta é uma doença altamente contagiosa e, apesar da vacinação, ainda continua a haver casos isolados desta enfermidade. De acordo com o médico veterinário na DPA, Manuel Ambari, controlar o vírus em alusão é uma tarefa difícil porque a sua contaminação acontece a partir do contacto directo entre cães infectados. O vírus está presente na zona das narinas e no corrimento ocular.

Para vacinar os cães contra o vírus “esgana”, os proprietários devem comprar os antídotos denominados vacinas múltiplas, que custa 300 a 400 meticais. A aplicação pode ser feita por um técnico capacitado para o efeito. Os munícipes podem ainda dirigir-se aos serviços veterinários da DPA ou à MEDIMOC se as outras unidades veterinárias estiverem longe dos seus domicílios.

Prevenção e tratamento

A prevenção dessa doença consiste em preservar o canino dos agentes nocivos, mantendo-o em espaços limpos, especialmente antes das primeiras vacinas. Os cachorros devem ser vacinados com cerca de oito a 10 semanas de vida e revacinados anualmente com doses de reforço. Mas compete ao veterinário estabelecer um programa para o efeito. A vacinação de animais contra a raiva custa 10 meticais na DPA e na edilidade de Nampula.

A DPA no Niassa refere que nos últimos dois anos, das 2.430 pessoas mordidas por cães, pelo menos seis pessoas perderam a vida devido à raiva. Ao longo deste ano houve 442 casos de mordedura e um óbito. Foram vacinados mais de 2.000 cães nos municípios de Lichinga, Cuamba, Lago e Marrupa, onde o problema é considerado alarmante.

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