Uma alta figura do sector de Educação no distrito da Maganja da Costa, província da Zambézia, penhorou bens do Estado a um cidadão só para poder consumir bebidas alcoólicas de fabrico caseiro vulgo “catxasso” em plena luz do dia. Trata-se de Saize António, que , até a altura, exercia as funções de director da Escola Primária de Mutucula, no posto Administrativo de Mocubela, naquele distrito.
Para sustentar o seu vício, Saize decidiu entregar, em jeito de penhora, uma cadeira plástica e uma mesa de madeira de seis cadeiras. A informação nos foi dada a conhecer pelo chefe da localidade de Maneia, Bernardo Mania, numa das visitas efectuadas pela Maria Lurdes Américo, chefe do Posto Administrativo de Mocubela.
Conforme contou a fonte, tudo começou quando num belo dia, durante o período laboral, aquele director decidiu ingerir bebidas alcoólicas, como de costume.
Só que nesse dia, por ironia do destino, o visado estava sem dinheiro no bolso, mas porque neste país, chefe é chefe, começou a mandar vir quantidades de bebidas, mas sem dinheiro para pagar.
Momentos depois, já na hora de prestação de contas, este descobriu que estava sem dinheiro para liquidar a conta e a dívida rondava nos 100,00MT (Cem meticais).
Dai que, sabendo que as coisas iriam amargar, o director decidiu ir ao seu gabinete de trabalho e de lá retirou uma mesa de madeira e a respectiva secretaria, incluindo uma cadeira plástica e entregou ao jovem vendedor como garantia.
Num outro desenvolvimento, a fonte disse que depois de ter entregue aqueles bens, o ex-director nunca mais pensou em ir recuperar.
“Quando eu lhe recordava para ir levar os bens a resposta era sempre a mesma, hei-de ir, hei-de ir, como chefe é quem manda…, até hoje ficamos sem mesa e cadeira”, revelou uma fonte daquela escola.
Director transferido
Depois deste episódio e que manchou, de certa maneira, o sector de Educação, ficamos a saber que foi movida já a transferência de António Saize.
Conforme as nossas fontes, a medida desta transferência visa salvaguardar a imagem do sector de educação que, conforme ainda as mesmas fontes, a imagem é tida como já degradada só por causa de uma atitude minúscula como essa do director.
Os bens ainda estão penhorados
Neste momento, os tais bens ainda encontram-se em poder do jovem vendedor de catxasso cujo nome não tivemos acesso e, está disposto a negociar a devolução com a condição de ser pago o seu valor (cem meticais).
Foi com este propósito que o nosso repórter questionou a chefe da localidade de Maneia, se os bens, sendo da pertença do Estado, seriam ou não recuperados e de quem seria o responsabilidade ao que lhe respondeu; “Caro jornalista, os bens vão ser recuperados pelo ex-director”, elucidou aquela dirigente para quem “o governo vai lhe solicitar e vamos tomar medidas severas contra ele, visto que não quer mudar de comportamento”, concluiu sem se quer avançar as referidas medidas.
“Saize confirma o penhor ao DZ”
Numa entrevista em exclusiva, concedida ao Diário da Zambézia (DZ), o antigo director da escola de Mucula, no posto administrativo de Mocubela, confirmou ter sido o protagonista da penhora de bens do Estado em consequência do consumo abusivo de álcool.
“É verdade que devo aquele jovem, um valor de cem meticais resultante do consumo de bebida alcoólica”- reconheceu. Num outro passo, a fonte fez saber que a sua transferência deveu-se a estas suas atitudes, dai que reconhece ter agido de má fé.
Durante o encontro ficamos a saber da chefe da localidade que o ex-director de Mutucula, após ter cometido este desmando, foi imediatamente transferido para o posto administrativo de Cabuir, concretamente na escola primária do mesmo nome onde se encontra a leccionar.
Importa referir que na reunião participaram directores do estabelecimento de ensino, líderes comunitários e religiosos, respectivamente.