O futebol russo, durante muito tempo isolado do exterior, conta atualmente com numerosos jogadores e técnicos estrangeiros atraídos pelo dinheiro de clubes de propriedade de milionários.
“Ganho dez ou quinze vezes mais que no Palmeiras”, disse o brasileiro Vágner Love, do CSKA de Moscou, artilheiro das últimas edições do Campeonato Russo e da Taca UEFA (11 golos). A Rússia começou a abrir-se para o mundo do futebol em 1995, com a chegada de dois brasileiros para o Nijni Novgorod, que decepcionaram, apesar da grande expectativa despertada.
A partir deste momento, a tendência foi se desenvolvendo com uma rapidez incrível, acompanhando o incremento dos orçamentos de alguns clubes. À medida que o dinheiro entrava, os clubes tentavam no exterior o que não encontravam na deficiente formação de jogadores da Rússia. As somas movimentadas atualmente no país chegam a competir com as dos principais campeonatos europeus, como é o caso do Zenit de São Petersburgo, que desembolsou 30 milhões de euros por Danny, meio-campista português do Dínamo de Moscou.
Os jogadores estrangeiros vêm para Rússia para tentar dar um salto de qualidade na carreira, como foi o caso do atacante argentino do Bordeaux, Fernando Cavenaghi, e do defesa sérvio do Manchester United, Nemanja Vidic, que passaram antes pelo Spartak de Moscou. O defesa eslovaco do Liverpool Martin Skrtel, vestiu o uniforme do Zenit e o atacante croata Ivica Olic, do Hamburgo, jogou no CSKA da capital russa, assim como o artilheiro brasileiro Jô, do Manchester City, cedido recentemente ao Everton. Sua decisão de ir para Inglaterra levou em consideração uma difícil adaptação à vida russa, à língua e a longa distância dos grandes centros.
Além de jogadores, houve uma revoada de técnicos, também seduzidos pelo dinheiro. Segundo especulações, o holandês Dick Advocaat, que levou o Zenit ao título da Taca UEFA de 2008, teria um salário de quatro milhões de euros por ano. Outro caso muito comentado de técnicos de renome no futebol russo é o do holandês Guus Hiddink, atual técnico do Chelsea, mas também responsável pelo selecionado russo, que levou até as semifinais da Eurocopa-2008.
Mas os técnicos não têm uma situação estável como a dos jogadores. Como acontece em muitos países, sua permanência no clube depende dos bons resultados, pois do contrário são demitidos, como aconteceu com o português Artur Jorge no CSKA e com o italiano Nevio Scala no Spartak Moscou, afastados poucos meses depois de contratados. Mesmo assim, a influência dos estrangeiros não parece diminuir. O Spartak ofereceu três milhões e meio de euros por ano para o dinamarquês Michael Laudrup assumiu sua direção técnica. Soma parecida foi proposta pelo CSKA ao seu novo técnico, Zico.