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Reativação chegará em 2010, mas desemprego durará, segundo os economistas

A reativação econômica mundial deve começar em 2010, mas os economistas descartam que seja vigorosa e afirmam que a retomada da produção se dará antes do que a do emprego. Muitas autoridades políticas e econômicas afirmaram na última semana a sua convicção de que o crescimento, embora fraco, voltará no próximo ano.

Nos Estados Unidos, a recessão deve começar a perder força este ano e a atividade econômica “crescerá lentamente” em 2010, indica o Federal Reserve (Fed, Banco Central). O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, também prevê uma saída da recessão em 2010.

O diretor geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, previu depois da recente cúpula do G20 em Londres que a reativação começará no primeiro semestre, a partir dos Estados Unidos. O presidente norte-americano Barack Obama assegurou na terça-feira que percebia uma “tênue luz de esperança”, embora tenha advertido aos norte-americanos que as dificuldades não terminaram e que 2009 será um ano difícil, com mais cortes de postos de trabalho e embargos de moradias.

“Tudo o que sabemos é que um dia (a economia) voltará a arrancar”, limitou-se a dizer Charles Wyplosz, professor do Instituto de Altos Estudos de Genebra. “O menos custoso em termos de reativação, é anunciá-la e fazer com que as pessoas acreditem nisso”, ironizou. Os economistas consideram que de qualquer forma, na melhor das hipóteses, a reativação será pequena. “

A crise financeira foi tão profunda, que seria normal ter uma retomada em 2010, mas não se pode esperar uma forte retomada da economia”, ressaltou Kenneth Rogoff, professor da Universidade de Harvard. Persiste, por outro lado, uma grande incerteza em relação à situação real do sistema financeiro, cujo resgate pecou pela “falta de transparência”, apontou Rogoff, ex-economista chefe do FMI.

Obama saudou os dados que mostram uma estabilização do mercado imobiliário e um certo desbloqueio do crédito, assim como os planos de saneamento do sistema bancário. Mas “pode haver notícias ruins que aumentem o pessimismo”, alertou Michel Aglietta, economista do Centro de Estudos Prospectivos e de Informações Internacionais (CEPII, com sede em Paris). A preocupação de Aglietta se deve sobretudo à possibilidade de os ativos “tóxicos” dos bancos não encontrarem comprador nem sequer com os estímulos oferecidos pelo plano de resgate norte-americano. Além disso, “muitas empresas quebrarão ainda, a demanda por créditos aumentará e os riscos relacionados ao aumento do desemprego são elevados”, advertiu. Alguns especialistas temem que depois de um curto período de euforia ocorra uma grande desilusão.

O diretor de estudos econômicos do banco francês Natixis, Patrick Artus, acredita que nos próximos meses haverá uma retomada inevitável da demanda graças aos planos de resgate, à queda dos preços e a uma “recuperação mecânica”. Essa reativação poderá ser, inclusive, “bastante forte”, mas logo “voltará a cair”, pois “o mercado de trabalho continuará se deteriorando”, ressaltou Artus. “Os déficits públicos terão alcançado níveis enormes, sem que os problemas tenham sido resolvidos”, acrescentou.

“Poderemos falar de reativação no dia em que o desemprego parar de aumentar”, e o crescimento de 2010 não será suficiente para que esse objetivo seja atingido, ressaltou Eric Heyer, do Observatório Francês de Conjunturas Econômicas (OFCE).

Para Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia, “o desemprego tardará a retroceder, e de modo algum estamos próximos de restaurar o nível de ocupação de antes da crise”.

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