Diario X Jogos Africanos: Prata e Bronze do Karate que sabem a ouro

Milagre? Não. Sangue, suor e lágrimas como diria o rapper Randy Acosta. Os atletas moçambicanos – contra uma montanha de dificuldades – conquistaram uma medalha de prata (femininos) e outra de bronze (masculinos) em Male Kata, por equipas.

Diante do feito de atletas que só tiveram um mês e meio de preparação e que competiram frente a campeões mundiais, nestes jogos, o investimento em certas áreas desportivas (conjugado com a ausência de resultados nas mesmas) chega a ser pornográfico.

Liu Ping, Mariza Macia, Linda Mucavele, Eric Santos, Eddie Santos e Luís Sousa, mais do que enfrentarem os adversários, tiveram de lidar, antes, com adversidades que fariam qualquer atleta recuar: sem treinador, sem material e limitados pela desorganização do Comité Organizador dos Jogos Africanos (COJA), os nossos atletas conquistaram as duas primeiras medalhas de Moçambique nos Jogos que organiza.

O trio moçambicano, na final, defrontou as argelinas que detêm o ceptro mundial naquela categoria. A superioridade das campeãs mundiais foi notória e foi fácil para as argelinas arrancarem aplausos das bancadas, inclusive dos moçambicanos que lá estavam. Hadj Said Kamilia, Mouloud Yassmine e Badja Salma foram as primeiras a entrar em cena e, talvez por isso, as atletas moçambicanas tenham ficado condicionadas na sua apresentação.

Com uma sincronia perfeita, as argelinas convenceram não só o corpo de jurados, como também o público presente. Aires Aly, Primeiro-Ministro, provavelmente, na expectativa de ver aquela que poderia ser a primeira medalha de ouro, estava na tribuna VIP. Porém, uma lesão de Liu Ping e uma apresentação muito aquém da qualidade imposta pelas argelinas relegaram o trio moçambicano para o segundo lugar mais alto do pódio. Contudo, a superioridade das argelinas não diminui o trabalho das moçambicanas. Uma medalha de prata, com um mês e meio de preparação, é, na verdade, um autêntico milagre.

Masculinos

Em masculinos, Moçambique repetiu o terceiro lugar do Campeonato Africano de Karate, de 2010, na África do Sul e igual posição no Campeonato Mundial da China, em 2009. Contudo, para o nível de preparação, já se sabe, essas posições são enganadoras. Ou seja, Eric Santos, Eddie Santos e Luís Sousa, tal como a equipa feminina, tiveram uma preparação deficitária.

Estas medalhas foram arrancadas a ferro e são, na verdade, um grito de revolta da marginalização a que a modalidade é votada. Não são fruto da organização e nem dos meios à disposição. São medalhas do esforço e do sacrifício dos atletas e da Federação Moçambicana de Karate. O mérito é todo deles e não de quem organizou os Jogos Africanos. Com mais meios e apoio estes atletas poderiam fazer bem melhor. Pelo menos ficou essa sensação.

Certamente, se os oponentes dos moçambicanos tivessem consciência das condições nas quais os nossos atletas competiram teriam abdicado das medalhas de ouro em benefício destes.

Confira à seguir as classificações finais por países:

1. Argélia 12
2. Botswana 5
3. Camarões 5
4. Congo Brazzaville 2
5. Egito 11
6. Egito 1
7. Quénia 1
8. Mali 2
9. Moçambique 2
10. Nigéria 2
11. Senegal 7
12. África do Sul 3
13. Tunísia 8
14. Tunísia 1
15. RD Congo 2

Em função da categoria em competição os resultados finais foram os seguintes: