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Dhlakama diz que a detenção de Muchanga é provocação da Frelimo

O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, disse na última semana que a detenção do seu porta-voz, António Muchanga, não passa de uma provocação antidemocrática do partido no poder, a Frelimo, visando alastrar o clima de guerra de modo a manter o Presidente Guebuza no poder. Apesar da provocação, Dhlakama garante que não vai retaliar com o recurso à violência.

Afonso Dhlakama reagia, em teleconferência a partir da Serra da Gorongosa, à detenção de Muchanga à sua saída da Presi- dência da República depois do encontro em que fora convidado na qualidade de membro do Conselho de Estado, na passada segunda-feira, 07 do mês em curso. “O que aconteceu é uma violação da Constituição e abuso de poder por parte do partido Frelimo e não é pela primeira vez”, disse o líder da Renamo falando a jornalistas que se deslocaram à sede deste partido para ouvi-lo.

As palavras de Dhlakama chamaram a atenção dos cidadãos que, passando pela avenida Amad Sekou Touré, onde se localiza a sede da Renamo, em Maputo, pararam para ouvir a voz do homem que desde Outubro se encontra em parte incerta, o que até provocou um congestionamento rodoviário.

Dhlakama diz que o conflito militar que se vive no país não pas- sa de uma provocação do partido Frelimo para adiar as eleições e com o objectivo de que o Presidente Armando Guebuza continue no poder. “Guebuza era pobre antes do Acordo Geral de Paz, mas desde então é o mais rico do país, graças às políticas económicas da Renamo, porque com o partido único ninguém podia fazer negócios em Moçambique”.

A Renamo condena o conflito armada, a Frelimo é que quer a guerra para que não haja eleições no país e Guebuza continue no poder. Isso é impossível e inaceitável, tem que haver eleições”, frisou para em seguida acrescentar que não vai recorrer às armas como forma de responder às provocações da Frelimo, pois a Renamo já demonstrou que tem capacidade para tal durante a guerra dos 16 anos.

O líder do maior partido da oposição entende que a Frelimo tem partidarizado institui- ções públicas e insultado a Renamo. Referiu-se, como exemplo, ao porta-voz do partido no poder, José Damião, como quem em vários momentos insultou a “Perdiz”, sem que este lhe mandasse prender. “Prenderam Muchanga porque a Renamo não tem esquadras para mandar prender o José Damião? Porque não temos polícia? É bom que o público saiba que estou muito indignado com as brincadeiras da Frelimo”, sublinhou ajuntando que continuava vivo e iria permitir que o Governo da Frelimo continuasse a abusá-los (a Renamo).

Segundo o líder da Renamo, num país que se pensa ser democrático, “não se pode admitir”. Ainda sobre a alegada provocação da Frelimo, Dhlakama diz que o conflito acontece por desejo deste partido.

“Eu, por duas vezes, mandei cessar o fogo unilateralmente, mas a Frelimo aproveitou-se disso para se aproximar das nossas posições para nos capturar e aniquilar. Nós apenas respondemos num contexto de direito à vida, mas para o caso de Muchanga não vamos recorrer às armas”, repetiu e afirmou que mais de cinco mil mili- tares das Forças de Defesa e Segurança já perderam a vida em Sofala.

O líder da “Perdiz” reconheceu que os investidores têm fugido do país por causa do con- flito militar e, por isso, reiterou que se a Frelimo parar de o atacar é o fim da guerra. “O meu receio é que este conflito faça retardar o desenvolvimento económico. Muitas empresas estrangeiras já pensam em despedir-se de Moçambique. Guebuza diz que há paz, mas os estrangeiros no fundo sabem que aqui não há paz”, refere.

Defende ainda ser necessário que se alcance o entendimento nas negociações no Centro de Conferências Joaquim Chissano em torno da reunificação das Forças Armadas de Moçambique para se garantir a paz. “É preciso que tenhamos uma política bem definida sobre o papel das Forças Armadas de Moçambique, que estas não estejam sob o controlo de qualquer tipo de partido político”.

Muchanga ouvido pela PGR

O porta-voz da Renamo, o maior partido da oposição, António Muchanga, foi ouvido em audição, esta terça-feira, 15, pela Procuradoria-Geral da República (PGR), na capital do país.

No fim da audição, que teve início às 9 horas e durou cerca de três horas, Muchanga foi levado novamente à Cadeia de Máxima Segurança, vul- go BO, para onde tinha sido trans- ferido, na quarta-feira (09), após a legalização da sua detenção pelo Tribunal Judicial da Cidade de Maputo. Da PGR, Muchanga saiu pela porta dos fundos numa viatura civil a uma velocidade que não permitiu sequer que se registassem imagens.

Por sua vez, a sua advogada, Alice Mabota, recusou-se a falar à Imprensa sobre como e o que foi decidido durante a audiência. “Eu não vou falar nada. Eu não chamei ninguém”, disse Mabota, perante a insistência dos jornalistas que ten- tavam arrancar alguma informação em torno da sessão. Contactada pelo @Verdade, Mabota assegurou que “há um trabalho em curso que visa apurar mais in- formações sobre a detenção de An- tónio Muchanga” e que falar à Im- prensa pode perturbar o processo. A advogada de Muchanga prometeu contactar os meios de comunicação social para falar sobre o assunto.

O quadro da Renamo viu a sua de- tenção legalizada pelo Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, na quarta-feira, 09 do mês em curso, e foi transferido para a Cadeia de Máxima Segurança, vulgo BO. No entanto, supõe-se que essa legali- zação tenha ocorrido sem a obser- vância das normas legais, uma vez que o detido é membro do Conselho de Estado, eleito pela Assembleia da República (AR) e antes da detenção gozava de imunidade, daí que aque- le órgão não tenha competência para o efeito.

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