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Destruídas mais de 150 minas na “torre do inferno” em Boane

Os trabalhos de desminagem na linha de transporte de energia eléctrica de alta tensão entre Maputo e Ressano Garcia, saldaram-se na destruição de mais de 150 minas, na sua maioria anti-pessoal e anti-grupo, só na torre 161, situada em Gumbane, povoado do distrito de Boane, província meridional de Maputo.

As 236 torres de transporte de energia eléctrica, das quais 201 são da linha principal, foram minadas entre os anos 1985/86, para garantir a sua protecção dos actos de sabotagem protagonizados pelas forças do inimigo durante a guerra dos 16 anos.

Todavia, a torre 167 no povoado de Gumbane é, segundo a “Halo Trust” organização humanitária que está a desminar a província de Maputo, a mais densamente minada entre as quatro cujos trabalhos estão em curso com recurso ao modelo manual, ao longo da linha de transporte numa extensão de 80 quilómetros.

Tonito Serrano, supervisor da desminagem em Gumbane, disse que a torre 167 atingiu o recorde de minas desde o início, em Maio de 2008, dos trabalhos de clarificação em curso nos 112 campos identificados e a previsão do seu termo prevista, em princípio, para Maio de 2013.

Aliás, em nenhuma outra torre foi encontrado e destruído igual número de minas, porquanto contrariamente as outras cuja área a partir da base da torre é estimada em 3.600 metros quadrados, na “torre do inferno” é bem maior com casos de minas encontradas fora da linha de orientação, situação que, segundo a Halo Trust dificulta sobremaneira o trabalho de desminagem.

Serrano não descarta a possibilidade de o número de minas vir a subir, dado que os campos identificados em todas as cinco torres daquele povoado ainda não foram desminados mecanicamente, altura em serão desfeitas as dunas de areia amontoadas pela empresa Electricidade de Moçambique (EDM), entidade responsável, visando permitir que fossem realizados os trabalhos de manutenção das mesmas.

A fonte disse que a conclusão da desminagem dos campos existentes em Gumbane vai beneficiar directamente um universo de 1.500 pessoas que se dedicam ao campesinato e a pastorícia, que passarão a dispor de mais terra para o desenvolvimento das actividades de subsistência. Os beneficiários indirectos são estimados em 750 pessoas.

O contributo da nova maquina “HITACHI” no primeiro trimestre de actividade

Trata-se de uma nova máquina japonesa de marca “HITACHI”, com 32 toneladas de peso quando adicionada aos seus acessórios.

Completamente blindada, ela faz o corte da vegetação, destrói os engenhos explosivos durante o processo de limpeza dos campos minados. Um dos acessórios da máquina, com um forte campo magnético, efectua no fim a limpeza de todo tipo de metais fragmentados pelas minas e outros engenhos explosivos.

No sentido de garantir a operacionalidade da máquina, foram treinados 14 sapadores do Instituto Nacional de Desminagem (IND) e das três Organizações Não Governamentais (ONGs) que operam no ramo, entre elas a Halo Trust, Apopo e a Handicap International, na componente mecânica e operacional.

O plano do IND é que a máquina seja usada pelos três operadores, com vista a flexibilizar a desminagem nas áreas onde estão a realizar os trabalhos de clarificação dos campos minados e assegurar que o país não falhe a meta de 2014, no quadro da Convenção de Ottawa.

Bernardo Bicuane, chefe das operações de desminagem mecânica da Halo Trust, disse que a máquina trouxe um valor acrescentado aos trabalhos em curso, traduzido na produtividade e concretização das metas estabelecidas.

A nova máquina trouxe, por outro lado, uma maior flexibilidade ao trabalho, dada a diversidade de acessórios usados para as outras intervenções necessárias ao processo.

Todavia, Bicuane aponta as dunas amontoadas pela Electricidade de Moçambique (EDM), entidade responsável, na altura em que abria trilhos para garantir a segurança do pessoal que fazia os trabalhos de manutenção das torres.

A máquina usada pela EDM durante o processo removia solos que eram amontoados em dunas de altura variada, perto das torres. Na abertura dos trilhos, as minas podiam ser quer detonadas quer afastadas com os solos para um outro local de plantio, situação que concorreu para a sua elevada presença na maioria das dunas.

A nova máquina, segundo Bicuane, auxilia nos trabalhos da Halo, na medida em que nunca registou avarias e os seus acessórios permitem diversificar as actividades durante as operações no mesmo campo, sem ter que recorrer a outros meios usados no processo de desminagem.

Nos locais onde for preciso fazer o corte da vegetação para chegar a uma duma ela corta e de seguida é adicionado um outro acessório que permite prosseguir com os trabalhos de clarificação dos campos.

Porém, dado o seu peso, a máquina não é usada para trepar as dunas, sob o risco dela enterrar ainda mais todas as minas nelas soterradas. Nesses casos, ela é adicionada a pá escavadora que cava os solos para o funil do “orbit screener”, outra máquina que, durante a desminagem, separa os solos, as raízes e os metais encontrados.

Além de eliminar as dumas de areia, ela cava até 30 centímetros de profundidade tudo com vista a certificar que as minas existentes foram todas removidas com os solos que são separados pela orbit screener. As areias limpas vão sair de um lado e as raízes e metais de outro.

Em caso de mina(s), o processo é interrompido para se proceder a destruição. Desta feita, segundo Bicuane, a nova HITACHI auxilia e complementa a máquina orbit screener tornando mais célere a desminagem mecânica e desde que está em uso na linha de transporte de energia eléctrica Maputo e Ressano Garcia ajudou na clarificação de cinco torres (desde a 145 até a 150 em actividade).

Moçambique é um Estado parte da Convenção de Ottawa, tratado jurídico internacional, ratificado em 1999, que obriga os 156 países signatários a concluírem a desminagem de todos os locais minados ou suspeitos conhecidos num período máximo de 10 anos.

O país pediu a prorrogação até 2014. Ao abrigo deste instrumento, os países devem desenvolver igualmente acções educativas para a prevenção de acidentes por minas terrestres, bem como a advocacia, com vista a facilitarem a assistência e reintegração socio-económico das vítimas causadas por estes engenhos.

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