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Desaparecimento de editais não altera os resultados eleitorais em Nampula

Desaparecimento de editais não altera os resultados eleitorais em Nampula

Apesar do misterioso desaparecimento de um total de 38 editais do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) em Nampula, os resultados eleitorais que vinham sendo anunciados não se alteraram. O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e o seu candidato, Mahamudo Amurane, foram declarados vencedores da eleição do último domingo (01). Em conferência de imprensa, o presidente do MDM, Daviz Simango, mandou recados ao Presidente da República e aos órgãos eleitorais.

À semelhança do que aconteceu no município de Quelimane, em Nampula desapareceram dois editais das mesas de voto instaladas na Escola Industrial 3 de Fevereiro, igual número da EPC do Parque Popular, um do Pavilhão dos Desportos, três da Escola de Malimusse, três da Escola de Canloca, um de Namicopo, cinco da EPC de Namuatho, dois da Cerâmica, dois da EPC de Muthita, quatro da EPC de Nthotha, seis da EPC de Npuecha, três da EPC 12 de Outubro, e outros quatro.

Como forma de solucionar o problema, a Comissão Provincial de Eleições (CPE) em Nampula propôs que os mandatários dos partidos políticos apresentassem as cópias dos editais recebidos, facto que não foi possível, uma vez que os editais do MDM, por exemplo, já haviam sido encaminhados para a sede daquele força política, localizada na cidade da Beira. A Frelimo e os seus mandatários abandonaram o processo de requalificação dos boletins de voto na noite de segunda-feira (02). Já o PAHUMO e a ASSEMONA afirmam que não dispunham de todos os editais, uma vez que não tinham delegados em todas as mesas.

A única saída encontrada para ultrapassar o impasse foi o recurso às actas usadas no dia 01 de Dezembro. Nesta quarta-feira (04), a Comissão de Eleições da cidade de Nampula, na pessoa do seu presidente, Valdemiro Chemane, divulgou os resultados intermédios referente à eleição do presidente do município e dos membros das Assembleia Municipal.

Os resultados divulgados confirmam a vitória do MDM e do seu candidato. Mahamudo Amurane obteve um total de 29.215 votos, contra 22.371 de Adolfo Absalão Siueia, o seu perseguidor directo. Já a candidata do Partido Humanitário de Moçambique (PAHUMO), Filomena Mutoropa, alcançou 2.250 votos, enquanto o candidato da ASSEMONA, Mário Albino, conseguiu apenas 538.

Para a Assembleia Municipal, o MDM levou vantagem, com 29.113 votos, contra 24.826 do partido Frelimo, enquanto o PAHUMO obteve 1.498 votos, e a ASSEMONA e o PDD lograram 587 e 372, respectivamente. Segundo a CPE, com esses resultados, o MDM e o seu candidato são os justos vencedores das quartas eleições autárquicas no município de Nampula.

Abstenções marcaram pela negativa o escrutínio de Nampula

A eleição em Nampula foi marcada por abstenções.  A margem de abstenções situou-se na casa dos 74.15 porcento. Dos 223.649 inscritos para exercer o  seu direito cívico, apenas 57.808 eleitores, que representa um total de 25.84 porcento, exerceram o seu dever de cidadania. Esta situação deixou preocupada a CPE que apelou ao Secretariado Técnico de Administração Eleitoral para um redobrar de esforços com vista a inverter o cenário nos pleitos que se avizinham.

O mandatário do partido Frelimo em Nampula, Olindo Nhamaze Soca, reconheceu a derrota, tendo afirmado que não resta mais nada a fazer senão preparar o terreno para as próximas eleições gerais. Soca disse ainda que num Estado democrático quem decide é o povo.

Soca felicitou o candidato do MDM pela vitória e afirmou que espera que Mahamudo Amurane dê continuidade aos projectos que estão em execução no município de Nampula. Por seu turno, a candidata do PAHUMO, Filomena Mutoropa, também reconheceu a derrota, e disse que vai trabalhar com o Movimento Democrático de Moçambique para melhorar o desenvolvimento de Nampula e de modo que nos próximos pleitos o cenário seja diferente, no que tange às abstenções.

O mandatário do MDM, Rachade Carvalho, disse que a vitória do seu partido resulta de um grande trabalho realizado no período da campanha e no dia da votação. “Ficámos toda a noite a recolher os editais nas assembleias de voto, para evitar que os resultados fossem falsificados”. Carvalho diz que apesar da vitória do seu partido, as eleições não foram transparentes porque durante a votação se notaram várias irregularidades.

 

“Moçambique quer a mudança”

Em conferência de imprensa havida em Maputo, o presidente  do MDM, Daviz Simango, afirmou que se alguém tinha dúvidas em relação ao despertar do povo, encontrou a resposta nos dias 20 de Novembro e 1 de Dezembro. “Mesmo tolhidos nos seus direitos pela fraude e pela violência, que feriu e ceifou vidas, Moçambique quer a mudança e o MDM é a voz dessa mudança, do Rovuma ao Maputo”, disse.

De acordo com Simango, o seu partido tem inúmeras provas da actuação desproporcional, orquestrada para viciar os resultados em diversos municípios. “São práticas que se repetem pelo governo do dia, através do uso dos recursos que deveriam ser do povo, para se perpetuar no poder”.

Num outro pronunciamento, Daviz Simango fez um apelo ao Presidente da República, Armando Guebuza, para que aceite a vontade do povo. “Está na hora de perceber que não há mais lugar para a dilapidação das riquezas do nosso país em benefício de um pequeno grupo, enquanto o povo não tem acesso ao pão, aos hospitais e à educação”, rematou.

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