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Daúdo Razack : “Já não tenho condições para ser treinador-adjunto”

Daúdo Razack : “Já não tenho condições para ser treinador-adjunto”

Quando a tribo do futebol em Moçambique esperava ansiosamente que os tropeços da Liga Muçulmana, na recta final do Moçambola 2014, culminassem com a não revalidação do título um jovem, de 28 anos de idade, foi lançado para o comando técnico. Em quatro jornadas, Daúdo Razack, mostrou ambição e conquistou o Bi-Campeonato Nacional de futebol.

@Verdade (@V) – Qual é o sentimento depois de ter comandado a Liga Muçulmana para a conquista do Campeonato Nacional de Futebol, o “Moçambola” 2014?

Daúdo Razack (DR) – Primeiro dizer que me sinto grato as pessoas que acreditaram em mim, sobretudo o presidente do clube, o Rafik Sidat. Se eu dissesse que não estou feliz por esta conquista seria uma mentira. Foi o meu primeiro título como treinador principal apesar de ter dirigido a equipa nas últimas quatro jornadas. Esta conquista será um marco histórico na minha carreira, não é o primeiro na minha carreira porque já ganhei muitos troféus, mas sim, por ser o primeiro como técnico principal.

@V-Quando assumiu o comando da equipa o que a direção lhe pediu?

DR – A equipa vinha de uma serie de sete jogos sem ganhar, entregaram-me o conjunto com intenções de faze- -lo regressar ao caminho das vitórias. Não foi fácil porque tive que preparar a equipa durante cinco dias para implementar novas ideias e nova filosofia de jogo, isso tudo para jogar com um potencial candidato ao título. Mas felizmente conseguimos colocar em prática as novas ideias e os resultados apareceram.

“Tivemos que implementar novas ideias para superar a crise de resultados”

@V – Passou de adjunto para treinador principal numa altura em que a Liga Muçulmana estava a sete jogos sem vencer. Qual foi o segredo para reverter este cenário, quando muitos pensavam que a Liga já estava completamente acabada?

DR – A Liga Muçulmana nunca esteve acabada, assim como na vida de todo ser humano, no futebol há momentos bons assim como momentos maus e foi o que aconteceu com a equipa. Para superar esta crise de resultados, como treinador principal, tivemos que mudar a filosofia de trabalho e a agora pode se dizer que a mudança de treinador surtiu efeito ou não, porque a equipa conseguiu dar a volta aos maus resultados.

@V – depois de assumir a equipa viu-se uma postura diferente dos jogadores, o Telinho e o Zicco já não eram os mesmos em relação a aquilo que fizeram ao longo da época, houve algum trabalho específico para mudar a postura destes jogadores?

DR – Tudo resume-se na amizade que tenho com os meus jogadores, mesmo quando era treinador-adjunto era amigos de todos. Trabalho com o grosso da equipa há três anos e conheço as capacidades físicas e tácticas de todos e procurei no máximo aproveitar as qualidades deles e isso surtiu efeito, este foi o trabalho específico feito.

 

“A Liga tem capacidade para chegar a fase de grupos da Liga dos Campeões Africanos”

@V – Dos quatro jogos que disputou como treinador principal qual foi o mais difícil?

RD – Foi o primeiro porque tivemos pela frente o nosso perseguidor direto na luta pelo primeiro lugar, o Ferroviário de Nampula, tinha que implementar as minhas ideias num intervalo de seis dias e isso não foi fácil, uma vez que íamos defrontar uma equipa que lutava pelo mesmo objectivo que a nossa. Conseguimos sair do Estádio 25 de Junho com um pontos que nos fui útil nas contas finais.

@V – A época terminou e qual será a tua posição na equipa no próximo ano e se porventura não ser o treinador da Liga principal da Liga Muçulmana o que ira fazer?

DR – Acho que apesar da juventude este é o momento certo para comandar uma equipa, tenho ambições de continuar como treinador principal, não sou ganancioso como muitos pensam. A minha vontade é de treinar a Liga Muçulmana porque é um grande clube, mas tenho que dizer que a Liga para mim não é o top. O presidente do clube já me disse que mesmo contratando um novo treinador continuaria a fazer parte da equipa técnica, mas acho que no presente já não tenho condições para ser adjunto porque tenho a minha maneira de pensar o futebol e a minha filosofia de trabalho. Para voltar a ser adjunto tinha que pensar.

 

“Os jogadores moçambicanos são talentosos”

@V – É um treinador com uma abordagem diferente dos outros, como é que olhas para o futebol moçambicano no presente?

DR – Sou um treinador que alia a exibição ao resultado, porque as pessoas saiem das suas casas para os campos com o objectivo de assistir um bom espetáculo de futebol, por isso, preocupo-me com a exibição sem esquecer o resultado. No presente o futebol moçambicano evoluiu muito em relação aquilo que era há anos cinco anos atrás. Eu como técnico procuro aproveitar o máximo dos meus jogadores porque os jogadores africanos em particular o moçambicano são muitos talentosos, mas as condições do trabalho devem melhorar para que estes talentos possam dar o melhor de si dentro das quatro linhas. Mas há que se melhorar as condições de trabalho porque alguns não recebem aquilo que mereciam e deve-se melhorar as condições, isso no que toca aos campos e na capacitação dos treinadores.

@V – A Liga Muçulmana é campeã nacional e no próximo ano vai representar Moçambique nas competições africanas, achas que a Liga é capaz de chegar a fase de grupos ou fazer uma grande época a nível nacional?

DR – Acho que a Liga Muçulmana pode chegar a fase de grupos da Liga dos Campeões Africanos e fazer uma grande época a nível interno. Nas Afrotaças já temos uma larga experiencia, se porventura eu continuar como treinador principal vamos corrigir os erros que cometemos nas edições anteriores para alcançar o almejado feito que é a fase de grupos. Nas competições africanas temos clubes como uma grande estrutura que já começaram a se preparar para esta prova, porque não basta apenas ter bons jogadores e sem uma organização interna e a Liga Muçulmana no presente possui estes requisitos.

@V – É Uma das pessoas que tem ajudado na contratação de alguns jogadores para o futebol internacional como é que o olhas para o jogador moçambicano?

DR – Como já havia referenciado, o jogador nacional é muito talentoso de natureza, dou o exemplo da selecção nacional que é composta por jogadores “super” talentosos. O jogador moçambicano apenas precisa de um treinador que saiba tirar o melhor do si. Estaria a mentir se eu dissesse que em Moçambique não temos jogadores talentosos.

@V – Fale-nos do teu percurso antes de chegar ao comando técnico da Liga Muçulmana?

DR – Comecei a treinar no Tires, em Portugal, um clube satélite do Estoril Praia, primeiro treinei o escalão de escolas e la ganhei vários torneios porque aquilo era futebol de sete. Depois regressei a Moçambique para treinar os Juniores do Maxaquene, sendo que na altura a equipa sénior era treinada por um técnico italiano que no mesmo ano foi despedido e para o seu lugar contrataram o Litos Carvalha.

Com a chegada do Litos foi promovido ao cargo do treinador-adjunto mas o namoro entre o técnico e o clube tricolor durou pouco tempo, por desentendimentos com a direção do clube o treinador voltou para Portugal e me levou junto.

No meu regresso a Portugal desempenhei o papel de treinador do Portimonense que na altura militava na Liga de Honra, também denominada por II Liga, na mesma época sagramo-nos campeões deste certame e ascendemos ao escalão principal do futebol português. Fui o treinador mas novo de sempre na Liga ZonSagres. Depois dessa aventura voltei a Moçambique para fazer parte da equipa técnica da Liga Muçulmana onde até hoje continuo.

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