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Crossroads funda academia de música!

A Associação Music Crossroads – que existe há 16 anos – criou uma academia de formação profissional na área da música com o mesmo nome. Sem desvirtuar o conceito consolidado, o do festival musical, em 2014, a instituição irá introduzir outro, o campus de música étnica. “Queremos abarcar géneros musicais marginalizados”, explica Rufas Maculuve, o director executivo da escola. As aulas arrancam em Abril.

Na semana passada, a par da apresentação da iniciativa à sociedade civil, a Associação Music Crossroads Moçambique – que há 16 anos realiza o Festival Music Crossroads – concedeu uma entrevista ao Jornal @Verdade em que explica como é que a nova instituição de ensino musical irá funcionar.

De acordo com Rufas Maculuve, a criação da referida entidade de ensino técnico-profissional de nível médio é uma resposta aos desafios enfrentados pelos cantores, no país, bem como a necessidade de aquela organização ampliar o seu espaço de acção.

É que “a dado momento, olhando para a realidade do nosso país, percebemos que o Festival Music Crossroads, bem como os seus workshops – abordando temas referentes à música e outros de relevância social como o combate ao SIDA – não eram suficientes. Constatámos que, apesar da existência, no país, da Escola Nacional de Música e da Escola de Comunicação e Arte – que leccionam cursos de especialidade musical nos níveis básico e superior, respectivamente, o território nacional oferece-nos muito mais espaço de acção por explorar no campo do ensino”.

Nesse contexto nasce a ideia de agregar novos valores ao Festival Music Crossroads, desta vez, concebendo-o como uma academia de formação profissional. “Acreditamos que esta instituição irá criar uma estrutura de base muito forte porque gerará pessoas com uma formação adequada, ao nível da música, a fim de que haja melhores intervenientes no sector”.

Reduzir a discriminação

A partir da sua experiência como músico, Rufas Maculuve, o director executivo da academia, que é membro da Banda Kapa Dêch, considera que “estamos conscientes dos desafios que iremos enfrentar no percurso. Criámos a escola porque sentimos que as pessoas que têm habilidades para a música têm sido marginalizadas nos processos do seu ensino”.

É que os cidadãos que têm pendor para a música, “depois de concluírem o nível básico necessitam de aprender algo que tem a ver com a sua paixão na arte. No entanto, invariavelmente, não têm tido esta possibilidade. Disso eu sou um exemplo”, considera Rufas.

Outro exemplo apontado pelo nosso interlocutor diz respeito ao facto de que “durante o período pós-independência, houve muitos músicos que ficaram excluídos do processo de formação na área de que gostavam. O meu background de artista mostra-me isso. Eu gostaria de ter tido uma formação musical aos 15 anos de idade ou, se calhar, muito antes – o que não tive”.

Grupo alvo

Refira-se que o curso se destina a pessoas com idades compreendidas entre os 15 e 30 anos. É importante que os concorrentes tenham vocação para a música, ou, no mínimo, saibam manejar algum instrumento musical. “Ser músico difere das demais actividades porque, para o efeito, a pessoa precisa de ter talento. A música possui a componente científica, mas também o dom conta muito”, argumenta.

Entretanto, ainda de acordo com o director executivo da Academia Music Crossroads, as pessoas cujas idades estão fora do padrão pré-estabelecido – querendo cursar música – não serão, necessariamente, excluídas. “Terão um tratamento diferenciado”. Por exemplo, “se aparecer um cidadão de 50 anos de idade a querer estudar guitarra, será oferecido esse serviço fora das actividades normais da academia, onde o curso é profissionalizante”.

Não somos eurocêntricos

O primeiro grupo dos formandos da Academia Music Crossroads será constituído por 30 pessoas. No entanto, “temos dois níveis de formação. O primeiro dura um ano, mas se o formando quiser pode prosseguir para outro nível avançado em que pode explorar outros sectores como, por exemplo, a educação musical, a pesquisa da música tradicional, ou outra especialidade”.

Refira-se que o primeiro ano tem como objectivo munir o estudante de ferramentas básicas – como, por exemplo, o conhecimento da leitura e a composição da música, o melhoramento do nível de execução de instrumentos – para que, no ano seguinte, o formando possa seguir para outras pesquisas.

Falando sobre as condições que se oferecem na instituição em alusão – equipamentos modernos como laboratórios contemporâneos, incluindo as metodologias do ensino – Rufas Maculuve explica que, apesar de tudo, “não queremos trazer um pensamento, apenas, eurocêntrico na música. Olhamos para a realidade do mercado moçambicano”.

A Academia Music Crossroads é uma iniciativa financiada pelo Governo da Noruega, a Global Music Academy – que desenhou o currículo –, incluindo a Yamaha Golfo Pérsico. Por isso, uma das vantagens que daí resulta, tomando em conta a rede de escolas a que a instituição moçambicana se junta, é que o currículo em vigor no país é válido em qualquer parte do mundo.

“Isso significa que se um músico for acreditado pela nossa escola tem a possibilidade de dar continuidade aos seus estudos fora do país, numa escola que faça parte da rede da Global Music Academy no mundo”.

Enquanto funciona a Academia Music Crossroads, as demais actividades da agremiação não irão parar. “O exemplo disso é que, em 2014, iremos introduzir novos conceitos e produtos como, por exemplo, o campus de música étnica. Queremos abarcar outros estilos de música que achamos que estão a ser marginalizados”.

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