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Crise na zona euro ameaça economia moçambicana

O Instituto de Desenvolvimento Externo (Overseas Development Institute, ODI) uma instituição britânica com sede em Londres, advertiu, Quinta-feira, que as economias de alguns países africanos, incluindo Moçambique, poderão registar um declínio em termos de investimento estrangeiro, trocas comerciais e de ajuda externa como resultado da crise económica que afecta os países da zona euro.

Um estudo do ODI prevê que os países em desenvolvimento venham a registar uma queda de produção na ordem de 238 biliões de dólares, no período compreendido entre 2012 e 2013, devido ao agravamento da crise da zona euro.

Segundo o ODI, isso poderá causar uma queda de 0,5 por cento do crescimento económico nos países em desenvolvimento, sendo Moçambique um dos países que corre o maior risco.

A Dra. Isabella Massa, autora do referido estudo, disse que “existem três formas pelas quais a crise na zona euro poderá afectar os países em desenvolvimento – através de um contágio financeiro, efeito de arrastamento de consolidação fiscal na Europa para atender às necessidades de austeridade e através da desvalorização das moedas indexadas ao euro”.

O relatório apurou que “Moçambique está entre os países mais vulneráveis devido a sua forte dependência comercial com a zona euro e empréstimos bancários transfronteiriços dos bancos europeus. Moçambique é também muito dependente de ajuda e regista um grande défice fiscal que se deteriorou com a crise financeira global”.

O ODI prevê que a ajuda para Moçambique venha a conhecer uma certa estagnação, e que “no futuro é provável que qualquer mudança do volume ou das modalidades de ajuda venha a ser o resultado da reorientação das políticas actuais dos doadores ou sua preocupação com a governação e implementação dos planos para a redução da pobreza ao invés do impacto directo da dívida soberana ou crise bancária”.

O ODI afirma ainda que Portugal já reduziu as suas relações económicas com Moçambique, incluindo em investimentos públicos.

Por outro lado, o documento refere que Moçambique conseguiu atingir uma taxa de crescimento económico forte, tendo como base a indústria de mineração e grande demanda mundial de minerais, incluindo alumínio.

Também prevê-se uma estabilidade nas taxas de câmbio entre a moeda local e o rand sul-africano. Contudo, o documento destaca a forte dependência de Moçambique da União Europeia para as suas trocas comerciais.

Aliás, 62,4 por cento das exportações de Moçambique foram para a zona euro em 2010. O documento cobre um grupo de 40 países.

Moçambique assume a segunda posição em termos de vulnerabilidade das suas exportações para a zona euro, expressas como percentagem do Produto Interno Bruto, que foi de 14 por cento em 2010. Apenas a Costa do Marfim regista uma maior percentagem comparativamente a Moçambique.

O relatório também adverte que o sector bancário em Moçambique poderá ser afectado pelos problemas económicos que afectam Portugal.

Os dois maiores bancos moçambicanos, que representam cerca de 60 por cento dos activos do sector bancário, têm como principais accionistas as três maiores instituições financeiras portuguesas que sofreram pressões de financiamento através da sua exposição a riscos soberanos europeus.

O relatório afirma que “embora pareça que, no geral, os bancos moçambicanos continuaram resistentes a crise, há evidências de que por causa das condições apertadas de liquidez e pressões de financiamento dos “bancos-mãe”, eles foram forçados a diminuir o risco reduzindo o crescimento do crédito”.

Segundo a Dra. Isabella Massa, “o abrandamento das taxas de crescimento das economias emergentes BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), que eram o motor da recuperação global após a crise financeira de 2008/9, aliado a escalada da crise, tornam a actual situação realmente difícil para os países em desenvolvimento”.

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