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Crise do Zimbabwe: SADC pelo consenso dos líderes

A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) admite a existência de diferenças entre os líderes políticos do Zimbabwe, mas sublinha ser importante que as partes alcancem um consenso na implementação efectiva do Acordo Político Global.

Esse posicionamento foi reiterado pelo Secretário executivo da organização, Tomaz Salomão, falando a jornalistas moçambicanos sobre o tema da cimeira extraordinária da SADC a decorrer na noite da sexta-feira, contando com a participação do estadista moçambicano, Armando Guebuza, que já se encontra em Sandton desde a tarde de Sexta-feira.

Esta cimeira é vista por algumas correntes como sendo uma última cartada ao Presidente Robert Mugabe para decidir sobre um roteiro prático de eleições no Zimbabwe, o que pressupõe a revisão da constituição e a realização de referendo.

“Eu não consideraria como uma última cartada”, disse o moçambicano Tomaz Salomão, admitindo que “as diferenças vão sempre existir, mas o que nós acreditamos é que os próprios líderes do Zimbabwe e o povo vão alcançar um consenso para que sejam realizadas as eleições, o que constitui a implementação da parte final do Acordo Político Global”.

“Eu acho que no final vai prevalecer o bom senso das partes na determinação de um roteiro prático para a realização de eleições”, acrescentou. Entretanto, nos corredores acreditase que no encontro de hoje os líderes da região poderão ser duros para com o seu par zimbabweano.

Aliás, no tocante ao Zimbabwe, este encontro deverá basearse na cimeira realizada em Livingstone em Março último, que terá lançado fortes críticas ao Mugabe, com base no relatório apresentado pelo facilitador da SADC, o Presidente sul-africano, Jacob Zuma.

O comunicado final desse encontro indica que a SADC notou “com desapontamento” os insuficientes progressos da implementação do Acordo Político Global no Zimbabwe bem como expressou a sua “impaciência na demora da implementação deste documento”.

O documento indica igualmente que a cimeira notou com “grande preocupação” a polarização do ambiente político caracterizado pelo ressurgimento da violência, detenções e intimidação.

Em face disto, a cimeira recomendou o fim imediato da violência, intimidação, discursos de ódio, entre outras acções que contradizem a letra e o espírito do Acordo Político Global bem como recomendou o Governo de Unidade Nacional a completar todos os passos necessários para a realização de eleições, incluindo a revisão da constituição e o referendo.

Depois de lançar críticas contra o relatório de Zuma, Mugabe iniciou com uma série de contactos com líderes da região para ter apoio na sua decisão de realizar eleições ainda este ano, o que muitas correntes, incluindo a oposição, não concordam.

Sexta-feira última, o próprio Mugabe manteve um encontro de “cortesia” de mais de uma hora com o seu homólogo sul-africano em Pretória, mas os detalhes sobre a sua reunião não foram revelados a imprensa. Aparentemente, nem a SADC concorda com o roteiro de eleições proposto por Mugabe.

“(…) os dirigentes precisam de falar com os seus apoiantes e os círculos de apoio, mas por outro lado tem que se montar uma máquina para as eleições. De Junho a Dezembro, com a estação chuvosa que se avizinha, pode não ser impossível realizar eleições este ano”, disse Salomão.

Contudo, apesar dessas diferenças, Tomaz Salomão diz não antever nenhuma medida pesada contra os líderes zimbabweanos em caso de falta de consenso na cimeira. “O mais forte é a cimeira de Livingstone. Não estou a ver outra medida”, disse Salomão.

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