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Consumo do milho aumenta mais do que a produção

A produção do milho poderá aumentar de forma significativa nos próximos cinco anos em Moçambique, mas o seu ritmo de crescimento estará muito abaixo do dos níveis de consumo do mesmo cereal.

A pesquisa de mercados “Relatório sobre Agro-negócio em Moçambique – primeiro trimestre de 2011” prevê o aumento da produção de milho em 12,5 por cento até 2015, mas na mesma altura o consumo irá crescer em 29 por cento.

“O forte aumento do consumo irá resultar da rápida expansão da população, bem como pelo crescimento regular do uso do milho na pecuária, particularmente na produção aviaria”, indica a pesquisa de mercados a que a AIM teve acesso.

Apesar disso, a fonte indica que, nos próximos cinco anos, o milho vai continuar a ser o cereal mais produzido e mais consumido no país.

Além do milho, este estudo também prevê um forte aumento da produção de aves, açúcar, e sorgo, produtos que poderão beneficiar de investimentos acrescidos tanto por parte do Governo como de privados.

De acordo com esta fonte, o aumento na produção de milho e açúcar ira também resultar do crescente cometimento das autoridades moçambicanas no desenvolvimento de biocombustíveis.

“Os maiores riscos das nossas previsões quanto a produção deste cereal incluem a contínua vulnerabilidade do subsector as variações da chuva, bem como aos problemas associados como as secas e cheias”, refere a pesquisa.

Ameaça a auto-suficiência?

Será que essa tendência da produção do milho em Moçambique não vai pôr em causa a soberania do país quanto a esta cultura alimentar, por sinal uma das principais em algumas províncias.

Falando em Setembro passado durante um programa de debate da Rádio Moçambique (RM), a emissora publica nacional, o antigo Ministro da Agricultura, Soares Nhaca, disse que o país era autosuficiente em três produtos alimentares, nomeadamente milho, mandioca e açúcar.

Não estará então ameaçada a autosuficiência do país quanto a estes produtos, particularmente do milho, tendo em conta os desequilíbrios do crescimento da sua produção e o aumento dos níveis de consumo? Aliás, é necessário referir que nem sempre se regista crescimento da produção do milho.

Na campanha agrícola 2009/2010 por exemplo, a produção do milho baixou em 2,7 por cento em relação a campanha anterior devido a falta de chuva.

Recorde-se que ainda no ano passado o professor Firmino Mucavel advertiu que os preços dos produtos alimentares terão sempre uma tendência crescente a longo prazo devido a disparidade entre a taxa anual de crescimento populacional e a da produção de alimentos.

“Posso apostar com todos aqui presentes. Daqui a sete, oito, nove meses ou um ano os preços vão subir”, disse Mucavel, falando num debate organizado pelo Observatório Juvenil para avaliar as manifestações populares de um e dois de Setembro nas cidades de Maputo e Matola em protesto contra o custo de vida.

Na altura, Mucavel justificou a sua previsão com o facto da taxa de aumento de produção alimentar em Moçambique ser de 1,2 por cento por ano, enquanto que a taxa anual do crescimento da população é de 2,7 por cento.

“Portanto, em cada ano que passa temos um défice alimentar de 1,5 por cento”, frisou Mucavel, antigo director da Nova Parceria para o Desenvolvimento de Africa (NEPAD), da União Africana.

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