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Como parar o envelhecimento

Jim Pressler tem 62 anos, mas não lhe dão mais do que 40. Não tem sequer cabelos brancos. Genes? Bons hábitos de estilo de vida? Os peritos analisam tudo o que Jim Pressler está a fazer bem e sugerem que todos façamos um esforço.

Quando um homem que se dedicava ao jogo Adivinho a Sua Idade na Feira Estadual de West Virginia deu o palpite que Jim Pressler tem 37 anos, Jim teve de puxar da sua carta de condução para provar que na verdade tem 55 anos. “Homem, você tem bom aspecto”, disse o feirante.

Sempre achei que Jim, meu marido, sempre benefi ciou de bons genes. Mas agora, que ele tem 62 anos, as pessoas não ficam apenas chocadas por saber a sua idade – também querem saber como o consegue. Fez- -me questionar se a verdadeira razão pela qual está a envelhecer tão bem é o regime que envolve nutrição, suplementos vitamínicos, cuidados com a pele e estilo de vida e que criou para si. Tem aperfeiçoado a sua rotina ao longo dos anos, no fundo desde que tinha 22, devido à sua tensão alta. “Sabia que podia fazer algo quanto a isso e não quis tomar medicamentos”, recorda.

Seria mesmo bom saber se os hábitos de saúde e exercício que tem desenvolvido desde então são o motivo pelo qual parece hoje tão novo. Levei a pergunta, e a fotografi a de Jim, a vários especialistas em envelhecimento, nutrição, funções celulares, dermatologia, genética e investigação vitamínica. A resposta, de forma muito clara, é que os esforços dele têm de facto tido um grande impacto no seu aspecto, com ou sem bons genes.

“Quanto mais velhos ficamos, mais influência temos (sobre o nosso aspecto), por isso quando chegamos aos 50 anos, deve-se a 70 porcento de escolhas e 30 porcento de genética”, explica Michael Roizen, do Wellness Institute da Cleveland Clinic. Roizen passou anos a estudar o envelhecimento e gere um site muito popular, RealAge.com, que dá conselhos de saúde e fitness.

Luigi Ferrucci, director científi co no National Institute on Aging, concorda que os genes são apenas uma peça do puzzle e que provavelmente não são a maior delas. Como director do Baltimore Longitudinal Study of Aging, que seguiu cerca de cinco mil pessoas desde 1958, Ferrucci tem visto em primeira mão o que faz diferença na forma como as pessoas envelhecem. “Não se tem genes para ser mais jovem. Tem-se o gene que nos permite fazer as coisas certas para abrandar o processo de envelhecimento.”

Quase toda a gente com quem falei listou uma ou mais regras que o meu marido cumpre e que funcionam a seu favor: não fuma, não tem danos causados pelo sol e bebe com moderação. Quanto ao exercício físico, Ferrucci considera-o “a mais forte intervenção comportamental de que temos conhecimento”. E o que tem maior impacto é o exercício físico moderado. É o estilo de Jim.

Com três filhos, uma mulher que trabalha e um escritório de advogados trabalhoso, ele consegue fazer um treino aeróbico de 20 a 30 minutos três ou quatro dias por semana, seguido por 10 a 20 minutos de pesos, tudo na nossa cave, onde tem uma máquina de remar e uma bicicleta estática.

Roizen diz que deu uma gargalhada quando leu o meu email com os detalhes do programa de exercício do meu marido: é quase o mesmo, ao pormenor, que Roizen promove como sendo a rotina ideal para atrasar os efeitos do envelhecimento.

O peso de Jim nunca flutuou grande coisa, mas nos últimos cinco a dez anos ele eliminou muitos alimentos pouco saudáveis da sua dieta e reduziu o tamanho das doses, o que fez com que perdesse cinco quilos sem grande esforço. O truque tem sido fazer estas mudanças de forma gradual para que se adaptasse facilmente.

Apesar do seu fraquinho por bolachas com pedaços de chocolate, agora come mais cereais integrais, peixe, fruta e legumes e muito menos gordura. Além de quase não comer carne vermelha, o que Roizen aplaude. “Pode ser da gordura saturada; não temos a certeza. Mas há algo nas carnes vermelhas que acelera a infl amação das artérias”, diz. “E parece que a infl amação nas artérias envelhece a pele, o coração, tudo onde tocam os vasos sanguíneos.”

Um regime vencedor

Jim devora frutos escuros e legumes, como mirtilos, amoras, melancia ou alface roxa. Estes alimentos são bons porque estão repletos de antioxidantes, que se pensa que se ligam às moléculas instáveis que são constantemente libertadas como consequência do nosso metabolismo.

Embora ainda não haja resultados conclusivos para os humanos, há fortes evidências de que os radicais livres que por aí andam em busca de outras moléculas às quais se ligar danifi cam as células saudáveis enquanto o fazem. Esta pressão oxidante pode levar à inflamação e a outros efeitos adversos, explica Josephine Briggs, directora do National Center for Complementary and Alternative Medicine dos National Institutes of Health. “Tornei-me numa crente veemente numa dieta rica em antioxidantes”, diz Briggs.

Jim também toma, de forma moderada e há 40 anos, suplementos de vitamina E. Esta é um poderoso antioxidante que, nos testes realizados com animais, tem mostrado que prolonga a vida das células e que reduz a proliferação das mesmas. Maret Traber acha “claro” que isto está a ajudar Jim a manter um ar jovem. Uma das principais investigadoras sobre a vitamina E nos EUA, Traber diz que a vitamina E, sozinha ou a trabalhar com outras vitaminas, está a fazer mais do que melhorar o aspecto de Jim. Acredita que, por dentro, os seus órgãos estarão ainda com melhor aspecto. Um check-up anual provou-o: todos os resultados estão nos níveis ideais ou melhor do que ideais.

No entanto, a ideia de Traber é controversa: muitos estudos de grande destaque em seres humanos não indicaram grandes benefícios vindos da ingestão de suplementos de vitamina E e há mesmo resultados danosos em doses de mais do que 800 mg/dia ( Jim toma 200 mg por dia). Demetrius Albanes, do National Cancer Institute, conduziu um dos poucos estudos do género que mostraram uma influência positiva da vitamina E nos seres humanos.

No seu estudo com 29 mil finlandeses, todos homens e fumadores, aqueles que têm níveis mais elevados de vitamina E no sangue indicavam uma redução “significativa” de incidência de cancro da próstata, doença cardiovascular e mortalidade depois de 12 ou 20 anos. Ainda assim, acha que é melhor fazer melhores estudos.

Jim também faz outras coisas que os peritos dizem afectar o seu processo de envelhecimento: hidrata a pele diariamente, usa fio dentário regularmente, gere bem o stress, tem um emprego que o realiza, um hobby que aprecia, um bom casamento e filhos saudáveis. Muitos peritos disseram que viver uma vida feliz é um elemento chave para envelhecer bem.

Mas restou uma dúvida sobre o papel da genética. Certamente que é genético que ele não tenha o cabelo grisalho? “Não contaria com isso”, diz Ferrucci. “Há algumas observações que sugerem que o cabelo branco tem muito a ver com stress oxidativo.” Como tanta coisa no campo do envelhecimento, esta é uma nova área de investigação. Só há poucos anos se descobriu que o pigmento do cabelo vem das células estaminais no folículo capilar. Se param de funcionar, normalmente mais tarde na vida, o cabelo fica branco.

Isto gera alguma perplexidade em Mayumi Ito, professora assistente de Biologia Celular no Langone Medical Center e uma das poucas investigadoras norte-americanas neste campo. Ninguém provou que factores mantêm certas células estaminais a funcionar. “Pessoalmente, presumo que é tanto um processo genético como ambiental.”

O processo de envelhecimento é complicado; faz sentido que, se uma pessoa estiver a envelhecer especialmente bem, os motivos para tal sejam tão complexos como o processo. No caso de Jim, é mais do que bons genes: é tudo o que ele fez além disso. A mensagem, ao menos isso, é simples: fazer um esforço pode valer bem a pena.

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