Para continuarmos  a fazer jornalismo independente dos políticos e da vontade dos anunciantes o @Verdade passou a ter um preço.

Combate aos acidentes de viação continua um fiasco

No ano passado, 1.574 pessoas morreram, outras 2.131 e 2.829 ficaram grave e ligeiramente feridas, respectivamente, vítimas de 3.095 acidentes de viação causados pelo excesso de velocidade, condução em estado de embriaguez, inobservância das mais elementares regras de trânsito, má travessia de peões, condutores mal formados, transporte de passageiros em viaturas inadequadas, deficiências mecânicas das viaturas, fraca cobrança coerciva das multas aos infractores, dentre outras violações ao Código de Estrada moçambicano.

Estes números mostram quão os sinistros rodoviários continuam a regar as estradas nacionais de sangue e a semear luto nas famílias. Aliás, se é verdade que algo está a ser feito para conter este mal, é também real que as acções nesse sentido não têm resultado em grande coisa, havendo uma necessidade premente de aprimorá-las ainda mais para que surtam os efeitos desejados.

A suposta redução dos índices de sinistralidade rodoviária que as autoridades têm estado a propalar parece não passar de uma tentativa de dar uma imagem de quem trabalha quando na prática a realidade no terreno se apresenta nua e crua: gente está a morrer e os condutores que usam as viaturas como armas letais continuam imunes a medidas severas. Dados do Departamento de Trânsito do Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM) a que o @Verdade teve acesso apontam que ainda em 2012 houve cerca de 1.599 danos materiais avultados e 928 ligeiros.

As autoridades indicam que o número de óbitos, por exemplo, baixou em cerca de 366 casos, comparativamente ao ano de 2011 (com 3.461 sinistros), mas, no geral, os índices dos acidentes de viação mantêm-se assustadores. Muita gente está a morrer e a contrair diversos traumatismos.

Morre-se mais em Maputo, Inhambane e Manica

O Departamento de Trânsito do Comando-Geral da PRM refere que a província de Maputo, Sul do país, é a que mais vítimas mortais por acidentes de viação registou em 2012, com 211 óbitos resultantes de 702 acidentes, contra 210 no anterior, em consequência de 719 sinistros. Ou seja, a redução foi de 17 casos e o aumento de óbitos em uma unidade.

A província de Nampula, Norte de Moçambique, ocupa o segundo lugar com 193 óbitos contabilizados no período em alusão, menos 42 em comparação com 2011, ano em que pereceram 235 compatriotas. Ao todo foram 218 acidentes em 2012, contra 274 de 2011.

As províncias de Inhambane e Manica são consideradas as que apresentam uma situação crítica em termos de sinistralidade rodoviária. Tal como em Maputo, ao invés de reduzir, o número de mortes aumentou. No ano passado, as autoridades de trânsito registaram 182 e 154 mortos respectivamente, contra 168 e 153 havidos em 2011.

Já em Cabo Delgado, a redução do número de mortes foi insignificante: em 2012 perderam a vida 105 pessoas vítimas de 103 acidentes de viação, contra 107 de 2011, em consequência de 92 sinistros.

Tete, Gaza e Sofala registaram 113, 117 e 206 óbitos, respectivamente, contra 151, 144 e 228 do ano anterior. Na mesma ordem, as autoridades policiais tomaram nota nestas províncias de 106, 154 e 270 acidentes de viação no ano passado, contra 145, 232 e 375 de 2011. Enquanto isso, na província de Niassa a situação manteve- se, isto é, registou nos dois últimos anos 51 mortes por acidentes de viação.

Atropelamentos semeiam mais luto

O Departamento de Trânsito do Comando-Geral da PRM refere que os atropelamentos são os que mais vítimas humanas causam no país e a tendência é de aumentar. De acordo com os dados do ano passado já compilados, 818 pessoas perderam a vida por este motivo. Este número representa um aumento de 166 casos em relação a 2011, em que morreram 652 pessoas.

Trata-se de óbitos que resultaram de 1.550 atropelamentos, contra os 1.723 do ano anterior; a redução foi de 173 casos. Contudo, há aqui uma contrariedade, uma vez que, por um lado, diminuiu o número de acidentes e, por outro, aumentaram as vítimas mortais.

Queda de passageiros também na lista das mortes

Ainda durante o período em análise, 73 pessoas perderam a vida em consequência de 127 acidentes de viação relacionados com a queda de passageiros em viaturas em movimento. A redução foi de apenas dois óbitos, comparativamente a 2011, em que as mortes atingiram 75 em todo o país.

A Polícia manifesta a sua preocupação em relação a estes acasos porque, segundo defende, devido à falta de transporte público de passageiros – um problema já com barba branca – os utentes destes serviços são obrigados a recorrer a camiões ou carinhas de caixa aberta para chegar aos seus destinos contra todos os riscos. Nesse mesmo ano houve 54 feridos graves e 84 ligeiros, contra 41 e 27 do ano anterior, respectivamente.

Em consequência do despiste de viaturas, em 2012 morreram 338 pessoas (479 acidentes), contra 551 casos de 2011, ano em que houve 442 óbitos.

Os choques entre carros diminuíram em 40 casos ao situarem-se em 695 sinistros, que ceifaram a vida de 232 pessoas. Em 2011, o número desse tipo de acidentes foi de 735 e 282 mortes. Os choques contra obstáculos fixos saldaram-se em 75 casos e vitimaram mortalmente 31 pessoas, contra 42 óbitos do ano de 2011, em que se registaram 124 acidentes.

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Related Posts

error: Content is protected !!