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Comando-Geral da PRM desmente haver actos que colocam em causa a cessação das hostilidades

O Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM) considera falsa a denúncia da Renamo, segundo a qual a Unidade de Intervenção Rápida (UIR) protagoniza actos de instigação à violência em algumas localidades das províncias de Sofala, Tete e Manica, o que classifica como falta de interesse em garantir a observância absoluta dos 60 dias de trégua, que para Severino Ngoenha, reitor da Universidade Técnica de Moçambique (UDM), “servem para repousar os militares, que podem voltar ainda com mais força”.

Inácio Dina, porta-voz daquela instituição do Estado, disse no habitual briefing à imprensa, nesta terça-feira (10), que as declarações do maior partido da oposição no país são lamentáveis.

Desde que as tréguas foram anunciadas pelo líder da Renamo, Afonso Dhlakama, na passada terça-feira (03), “nós suspendemos imediatamente as escoltas” militares que garantiam as viagens nas principais estradas no centro de Moçambique.

Na província de Sofala, as escoltas militares vigoravam na Estrada Nacional número 1 (EN1), entre Save e Muxúnguè, bem como entre Nhamapadza e Caia.

Na EN7, em Tete, a circulação de pessoas, viaturas e bens, entre Changara e Vanduzi, em Manica, era igualmente feita sob um forte aparato das Forças de Defesa e Segurança (FDS).

“Não há nenhum aspecto ligado à alteração da ordem pública no contexto daquilo que é a cessação das hostilidades militares”, afirmou o agente da Lei e Ordem, sublinhando que “no terreno a situação está normalizada”.

Dina disse ainda que a questão da segurança no país não se pode politizada. “Nós nos distanciamos completamente dessas declarações. (…) As tréguas foram anunciadas politicamente, algumas medidas que haviam sido tomadas foram canceladas” e as FDS “estão simplesmente a garantir a ordem e segurança”.

Após uma conversa telefónica com o Presidente da República, Filipe Nyusi, Afonso Dhlakama declarou a cessação das hostilidades militares com a justificação de permitir que o diálogo político decorra sem sobressaltos e seja célere.

Todavia, este processo não conhece avanços de relevo conducentes à paz e ao fim da violência, desde o seu início, com a mediação internacional. Esta mostrou-se insatisfeita com o decurso das últimas conversações devido à contínua falta de consensos.

Sobre o armistício de dois meses, o filósofo Severino Ngoenha disse ao SAVANA que “as tréguas são sempre uma questão problemática porque elas servem para repousar os militares, que podem voltar ainda com mais força. Ora, também podem ser sinónimo de uma outra coisa, e espero que seja isso o início de um processo de discussão que leve a uma reconciliação nacional e a uma paz que seja duradoura”.

Recuando à história, o académico salientou que “por aquilo que aconteceu em tempos atrás, onde houve mais malabarismos políticos, que verdadeiros acordos de paz, que tomassem em conta as populações, essas pazes acabaram redundando em guerra. Ora, para que esta trégua seja de facto alguma coisa que se transforme em paz, e numa paz duradoura, é preciso acordos justos e equilibrados, que tenham em conta todos os moçambicanos”.

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