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Cimeira África-UE: Kaddafi adverte União Europeia

O líder líbio, Muhamar Kaddafi, advertiu, segunda-feira, a Europa, afirmando que na falta de uma parceria em pé de igualdade com a África, este continente poderá ponderar noutras opções, particularmente a China, Índia, Rússia ou países da América Latina.

 

 

Kaddafi falava em Tripoli, capital líbia, durante a sessão de abertura da Cimeira África-União Europeia (África-UE), um evento, de dois dias, no qual Moçambique faz-se representar por uma delegação chefiada pelo Presidente Armando Guebuza.

Segundo Kaddafi, com a emergência de outras potências económicas no mundo, torna-se imperativo para a África olhar para as áreas onde as condições de comércio e investimento poderão traduzir-se numa melhoria significativa das condições de vida. A UE continua a ser o maior parceiro económico da África.

Estatísticas da UE, divulgadas semana passada, indicam que, em 2009, cerca de 36 por cento das importações de África foram da Europa, contra 12,7 da China, 6,2 por cento dos Estados Unidos e 3,2 por cento da Índia.

No mesmo ano, 37 por cento das exportações de África foram para a UE, seguindo-se os EUA com 16,5 por cento, a China com 10,6 por cento e a Índia com 4,7 por cento.

No seu longo discurso, de pouco menos de uma hora, o líder líbio também apelou à abolição da Organização Mundial do Comércio (OMC), porque, segundo ele, não serve os interesses de África e de outros países em desenvolvimento.

O líder da revolução verde argumentou que a OMC exige a abertura das fronteiras de África para aniquilar as indústrias deste continente. Para Kaddafi, a parceria entre a Europa e Africa falhou.

Ele criticou algumas organizações mundiais tais como a (OMC) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), considerando-as de “terroristas”.

“O FMI e o Banco Mundial destruíram a África e, por isso, a palavra terrorismo também pode ser aplicada ao Banco Mundial e a OMC, bem como a Osama bin Laden e a al-Qaeda”, afirmou Kaddafi.

Segundo Ele, a Europa insiste em falar de governação e de direitos humanos. “África precisa de economia e não de política”, declarou Kaddafi.

Doravante, o continente exige uma relação “win-win” baseada em interesses mútuos e não exploração. Kaddafi disse que a África quer negociar com grupos que respeitam o seu espaço, soberania, regimes e que não interfiram nos seus assuntos internos.

Também apelou para a introdução de reformas no Conselho de Segurança das Nações Unidas, afirmando que a África exige um assento permanente para a União Africana e para União Europeia.

O estadista líbio abordou a questão da imigração ilegal para a Europa, advertindo que o seu país poderá interromper a qualquer momento os seus esforços para travar este fenómeno se os europeus não incrementarem a assistência técnica e financeira ao seu país.

“Nós temos que travar esta imigração ilegal. Se não o fizermos a Europa vai-se transformar num continente negro, e será engolida por pessoas de diferentes religiões”, disse Kaddafi.

O líder líbio afirmou que a Líbia não será mais o “guarda” da Europa. Aliás, a questão de imigração e’ um dos pontos da agenda da presente cimeira.

Eventualmente, disse Kaddafi, o continente “branco” poderá tornar-se “negro”. Por isso, reiterou a sua exigência para os países europeus desembolsarem uma soma anual de cinco biliões de euros para travar o fluxo de imigrantes africanos através do Mar Mediterrâneo.

Segundo Kaddafi, a Europa deve resolver um problema que ela própria criou, explicando que apenas a Itália conseguiu entender a dimensão real do problema, explicando que, por isso, aquele país europeu está a cooperar com a Líbia. Esta é a razão pela qual a Itália conseguiu adiar a questão da imigração ilegal.

Ele considerou a sua proposta de justa, pois a culpa era da colonização de África pelos europeus, razão pela qual cabe a estes países suportar os respectivos custos. “Os nossos recursos naturais foram roubados”, disse Kaddafi.

A cimeira decorre sob o lema “Investimentos, Crescimento Económico e Criação de Emprego”, que se enquadra perfeitamente com aquilo que são as aspirações dos africanos, e Moçambique em particular.

Durante o evento, os participantes, que representam cerca de 80 países, vão discutir oito temas específicos, nomeadamente paz e segurança; governação democrática e direitos humanos, comercio; integração regional e infra-estruturas; Objectivos do Desenvolvimento do Milénio, energia; mudanças climáticas, migração, mobilidade e emprego; ciência, sociedade de informação e espaço.

Entre os principais ausentes destacam-se o presidente francês, o primeiro-ministro britânico e a chanceler alemã. No continente africano destaca-se a ausência do estadista malawiano e presidente em exercício da União Africana, Bingu wa Mutharika.

Tudo indica que a ausência de Mutharika esta associada as divergências sobre o país que deveria acolher este evento.

O presidente sudanês também viuse impedido de participar na Cimeira devido a pressão exercida pela União Europeia, que ameaçava boicotar o evento.

Actualmente, Al-Bashir é procurado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), por alegados crimes de guerra e contra a humanidade cometidos na região de Darfur.

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