Os cientistas divulgaram na quarta-feira o primeiro mapa detalhado do epigenoma, a rede de chaves químicas que regula a activação dos genes humanos, em um estudo que será publicado hoje, quinta-feira. A decodificação do genoma humano, há quase uma década, decifrou os ‘tijolos’ da vida, gerando grandes expectativas de que a ciência conseguiria desvendar a relação entre genes e doenças. Mas as conexões se mostraram mais complicadas do que se imaginava. O que se descobriu foi uma camada adicional de sinais genéticos – conhecidos como epigenética, que literalmente significa “em cima dos genes” -, cuja compreensão a respeito ainda é bem superficial.
Os cientistas também ficaram surpresos ao descobrir que mudanças causadas pelo ambiente nestas chaves genéticas podem ser passadas de uma geração para outra.Em outras palavras, o que comemos e as toxinas às quais somos expostos podem causar modificações em nossos genes e na maneira como são activados e desativados, que podem ser transmitidas a nossos filhos.
O grupo de cientistas americanos coordenado por Joseph Ecker, do Salk Institute de La Jolla, na Califórnia, usou poderosos computadores e novas tecnologias para comparar os epigenomas a dois tipos de células humanas: células-tronco embrionárias e fibroblastos, células retiradas do pulmão. “No passado, só conseguíamos ver pequenos fragmentos do epigenoma”, explicou Ecker.
“A possibilidade de estudar o epigenoma completo levará a uma melhor compreensão de como o funcionamento do genoma é regulado em organismos saudáveis e doentes, e também como a expressão dos genes é influenciada pelo ambiente”, acrescentou.
O estudo, publicado pela revista britânica Nature, revela uma paisagem subcelular de indicações químicas. Além disso, poderia explicar a abilidade das células-tronco de se transformarem em qualquer tipo de tecido no corpo, esperam os pesquisadores.