Cientistas descobriram dois poderosos anticorpos capazes de bloquear, no laboratório, a maioria das cepas conhecidas do HIV, abrindo, potencialmente, caminho para uma vacina eficaz contra a Sida.
Mais de 25 anos depois da identificação do vírus HIV, responsável por quase 30 milhões de mortes no mundo, a busca por uma vacina contra a infecção continua infrutífera, apesar dos grandes esforços da comunidade internacional e dos recursos empregados. Mas estes dois antígenos, baptizados de VRCO1 e VRCO2, parecem muito promissores, pois impedem a infecção de células humanas em mais de 90 por cento das variedades do HIV em circulação, e com uma eficácia sem precedentes. Os autores destes trabalhos, publicados na edição de 9 de Julho da revista científica americana Science, desmontaram também o mecanismo biológico através do qual estes anticorpos bloqueiam o vírus.
“A descoberta destes antígenos de poderes excepcionalmente amplos de neutralização do HIV e a análise que explica como operam representam avanços animadores para se descobrir uma vacina capaz de proteger de forma ampla contra o vírus da Sida”, comemorou o doutor Anthony Fauci, Director do Instituto Nacional Americano de Alergias e Doenças Infecciosas (NIAID). “Além disso, a técnica a que as equipes de pesquisa recorreram representa uma nova abordagem que poderia ser aplicada à concepção e ao de senvolvimento de vacinas contra muitas outras doenças infecciosas”, acrescentou. Estes virologistas descobriram dois anticorpos, produzidos naturalmente pelo organismo, no sangue seropositivo.
Eles conseguiram fazer o seu isolamento usando uma nova ferramenta molecular, uma das proteínas que formam o HIV, que os cientistas modificaram para que se fixasse nas células específicas que produzem os anticorpos que neutralizam o HIV. Esta proteína foi programada para reagir exclusivamente nos anticorpos específicos onde o vírus se une às células no organismo humano que infecta.