A China exigiu que o Japão liberte imediata e incondicionalmente 14 activistas chineses detidos, esta Quarta-feira (15), numa região disputada pelos dois países.
O protesto dos activistas e a sua detenção pela Guarda Costeira japonesa ocorreram num dia de fortes disputas diplomáticas por questões históricas, por ocasião do aniversário do final da Segunda Guerra Mundial (rendição do Japão).
O vice-chanceler chinês, Fu Ying, reuniu-se com o embaixador japonês em Pequim e telefonou para uma autoridade em Tóquio para exigir a libertação do grupo, segundo o site da chancelaria chinesa.
Cinco nacionalistas chineses, oriundos de Hong Kong, Macau e da China continental, foram detidos ao desembarcar nas ilhas disputadas, segundo a Guarda Costeira.
A agência chinesa de notícias Xinhua disse que posteriormente nove activistas foram presos no seu barco. A imprensa japonesa também referiu-se à detenção dum total de 14 manifestantes. As ilhas disputadas ficam entre Taiwan e a ilha japonesa de Okinawa.
O Japão chama-lhes de Sensaku, e a China de Diaoyu. Antes desse incidente o Japão havia apresentado um protesto oficial contra a Coreia do Sul por causa da declarações feitas pelo presidente do país, Lee Myung-bak, vistas por alguns como insultuosas ao imperador Akihito, do Japão.
E, num gesto que deve irritar os vizinhos do Japão, dois ministros japoneses fizeram uma visita a um polémico templo de Tóquio que homenageia os mortos nos conflitos armados, inclusive alguns condenados por crimes de guerra.
As lembranças da ocupação militar japonesa em grande parte da China e da colonização da Coreia do Sul continuam vívidas, apesar das estreitas relações económicas numa das mais prósperas regiões do mundo.
Ilhas desabitadas
O Japão protestou junto à embaixada chinesa em Tóquio por causa do desembarque nas ilhas disputadas, e o primeiro-ministro Yoshihiko Noda disse que o seu governo vai lidar com o assunto de forma rigorosamente legal.
A Xinhua acusou o Japão de estar a causar uma nova onda de tensão, devido “aos clamores irresponsáveis e às tentativas de alguns políticos e activistas japoneses de reivindicarem as ilhas, que (…) incontestavelmente pertencem à China”.
As ilhas, desabitadas, são potencialmente ricas em gás. O capitão do barco que aproximou-se delas disse a uma TV de Hong Kong que os activistas passaram dez anos a aguardar uma oportunidade para desembarcar lá. Paralelamente, a disputa entre Japão e Coreia do Sul pela posse doutra ilha também vai intensificando-se.
Sexta-feira passada, o presidente sul-coreano visitou o local. Terça-feira, Lee disse que o imperador Akihito, caso queira visitar a Coreia do Sul, deveria pedir desculpas sinceras pelo passado militarista japonês, e que repetir a expressão “lamentar profundamente”, que ele usou em 1990, não será suficiente.
Ele disse que o Japão é um importante parceiro da Coreia do Sul, mas que a história “atrapalha a marcha comum rumo a um amanhã melhor”.
O Japão, além de protestar formalmente junto a Seul, disse que nunca discutiu a possibilidade de Akihito visitar a Coreia do Sul.
O imperador passou grande parte das últimas duas décadas a tentar curar as feridas duma guerra travada em nome do seu pai, o imperador Hirohito.