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Chefe de pilotos do porto da Beira (ora suspenso) reconheceu culpa

O chefe de pilotos do porto da Beira, que encontra- se suspenso do cargo em conexão com o “caso Songa Crystal”, reconheceu a sua culpa num contacto telefónico estabelecido com o nosso jornal.

Nesse contacto estabelecido no próprio dia, 12 de Março de 2011, sábado, em que o navio Songa Crystal encalhou no canal de acesso ao porto da Beira manifestamente por erro de pilotagem consumado, António Saene Manico admitiu que era culpado e já previa de todas consequências que lhe adveriam se o caso fosse despoletado.

Assumindo a complexidade da culpa, Manico chegou ao extremo de suplicar ao nosso jornal para não divulgar o sucedido, afirmando que se o fizessemos corria sérios riscos no emprego, incluindo até o despedimento. António Saene Manico habita junto com a família (esposa e filhos) uma casa cedida por consideração pelos CFM no prestigiado bairro da Ponta- Gêa, um dos mais chicks da cidade da Beira, e goza do direito a viatura atribuída pela empresa, além de beneficiar de outras regalias compatíveis ao cargo que vinha ocupando.

Depois de apresentarmos-lhe todo o panorama que caracteriza o incidente, nomeadamente o impacto que o mesmo produziria para a imagem do porto da Beira sobretudo numa altura em que todo “mundo” está informado do bom momento que o seu canal de acesso já atravessa na sequência dos trabalhos em curso de dragagem de emergência, e o que isso representaria na esfera da reputação da empresa holandesa envolvida na empreitada e também em relação ao esforço do governo que juntamente com seus parceiros conseguiu reunir 43 milhões de euros para financiar a dragagem, e ainda o facto de ter escalado um cadete para pilotar um navio de alta tonelagem e principalmente de transporte de cargas perigosas, num dia em que haviam disponíveis pilotos de barra e porto séniores, António Saene Manico mostrou-se quase sem palavras, reiterando o súplico para não difundirmos a informação sob pena de ele correr o risco de perder emprego.

O Autarca soube, entretanto, de nossas fontes ter havido igualmente tentativa de omissão da informação sobre o incidente junto as autoridades portuárias e dos CFM na Beira, as quais só viriam a tomar conhecimento da ocorrência, em primeira mão, através de uma ligação telefónica feita a partir de Maputo por um dos administradores executivos dos CFM quando este procurou inteirar-se melhor junto da direcção executiva regional centro da empresa Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique.

Consta que o referido administrador executivo que as nossas fontes disseram tratar-se de um engenheiro que até trabalhou durante vários anos no porto da Beira teria recebido a informação através de uma sms expedida a partir da capital provincial de Sofala, por um sujeito identificado. A grande culpa que recai sobre o então chefe de pilotos do porto da Beira – tal como tivemos a oportunidade de referir nas edições anteriores, tem a ver com o facto de ter escalado um cadete para assumir uma função exclusivamente competente a pilotos de barra e porto de categoria principal, o qual teve a infelicidade de conduzir o navio para além dos limites do canal de acesso acabando por provocar o encalhe.

Uma fonte da Administração Marítima de Sofala descreveu ao nosso jornal que nos termos do Códico Penal e Disciplinar da Marinha Mercante, a transgressão cometida pelo antigo chefe de pilotos do porto da Beira, de escalar um cadete para exercer uma função de exclusiva competência a pilotos de barra e porto de categoria principal, resume-se na “transmissão de licença à outrém sem autorização da autoridade marítima” – a única competente sobre essa matéria.

Além do processo disciplicar que está a ser alvo ao nível da Administração Marítima, que pode culminar com a suspensão por tempo determinado do exercício da profissão de pilotagem de navios ou até a despromoção de categoria sendo que a pena mais grave pode ser a retirada definitiva do certificado que o habilita a exercer a função de piloto de barra e porto em navios de qualquer tipo e tonelagem; sobre António Saene Manico pesa ainda um outro processo disciplinar ao nível dos CFM, este que pode custarlhe a demissão do cargo ou ainda na pior das hipóteses expulsão do quadro de pessoal da empresa.

O visado tem o agravante de ser reincidente no tipo de trangressão de que vêem sendo denunciado, ou seja, segundo nossas fontes não se tratava da primeira vez que escalava um cadete para pilotar navios sobre os quais não reunia requisitos para ser escalado. Era a terceira vez segundo nos garantiu uma fonte dos CFM.

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