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Cerca de 200 viaturas de Maputo são movidas a gás natural

Pelo menos 200 viaturas que circulam em Maputo são movidas a gás natural, anunciou na quarta-feira a Autogás, empresa moçambicana especializada na conversão de veículos de combustíveis líquidos para gás. O processo de conversão iniciou em Outubro de 2008, uma iniciativa do Governo que tem por objectivo reduzir a dependência do país em relação a importação de combustíveis fósseis.

Pretende-se igualmente reduzir as emissões de gases poluentes para a atmosfera resultantes da queima de combustíveis fósseis, bem como aproveitar a quota das reservas de gás natural de Temane, na província meridional de Inhambane, reservada ao Estado moçambicano.

Para além da redução de gases poluentes, o gás natural também possui enormes vantagens em termos de preço comparativamente a gasolina e diesel. Enquanto o litro da gasolina custa 31.9 meticais (cerca de 0,94 dólares americanos), o custo da quantidade equivalente em gás natural é de apenas 13,85 meticais. Ademais, os preços dos combustíveis fósseis mostram uma tendência crescente.

Enquanto isso, registam-se alguns contratempos, pois segundo os cálculos da Autogás são necessárias pelo menos 350 viaturas movidas a gás para garantir a viabilidade financeira do projecto. O Estado havia prometido adquirir cem autocarros, cujo consumo total seria equivalente a 500 viaturas ligeiras. Contudo, até finais de Março do corrente ano, apenas 20 viaturas do Estado e de empresas associadas ao Estado estavam a utilizar gás natural.

“Os autocarros do Estado não surgiram devido a razões de vária ordem, mas mesmo assim tínhamos que partir de algum ponto. Como não havia nenhuma viatura a gás a circular na estrada, havia muito receio e ninguém queria ser cobaia”, disse João das Neves, director-geral da Autogás, falando em conferência de imprensa. Segundo Neves, o maior desafio actual da Autogás é desfazer esse mito que as pessoas associam a entre o gás natural e as viaturas. O maior medo das pessoas é pensar que o gás natural é altamente inflamável como o de cozinha, facto contestado pelos técnicos na matéria, afirmando que o gás natural não e’ mais perigoso que a electricidade, gasolina, ou outras fontes de energia.

“Se todos os cuidados forem tomados em conta, não há qualquer perigo. Em caso de incêndio na viatura, por exemplo, o próprio cilindro (do carro) está preparado para resistir a altas temperaturas, o que não acontece com o tanque da gasolina, por exemplo”, explicou o engenheiro Álvaro Simões, director técnico da Autogás. “De todas as viaturas convertidas até agora, ainda não houve um único incidente. Portanto, tivemos uma margem de cem por cento de sucesso”, disse o engenheiro.

Na ocasião, um jornalista questionou a razão pela qual a maioria dos autocarros da empresa pública Transportes Públicos de Maputo (TPM) movidos a gás estão fora da circulação, bem como o seu fraco desempenho nas subidas íngremes. A Autogás explicou que, na verdade, um dos quatro autocarros está agora a funcionar. João das Neves explica que o problema destes autocarros não está associado ao tipo de combustível, mas sim com a escolha dos mesmos (autocarros) por parte do Governo. “Estes carros, da marca Yugont foram importados da China num lote total de uma frota de 85 e sem o envolvimento da Autogás”, disse ele.

Segundo a fonte, estes autocarros, com a capacidade de motor de 170 cavalos (contra cerca de 200 de outras viaturas do género que circulam em Maputo), na China circulam em planícies transportando apenas 55 passageiros. “Em Moçambique, estes autocarros transportavam acima de 100 passageiros e tinham de galgar a avenida Vladimir Lenine”, disse das Neves, acrescentando que “dos 85 autocarros são poucos em circulação, mesmo os movidos a diesel.

Aliás, o próprio Governo já reconheceu ter havido uma falha na escolha daqueles carros”. Actualmente, a Autogás conta com apenas duas bombas de abastecimento de gás, uma em Maputo e a outra na cidade da Matola, a escassos quilómetros do gasoduto de gás natural que parte de Temane para a região de Secunda, na Africa do Sul. No futuro, a Autogás pretende expandir as suas actividades para outros pontos do país, mas isso está condicionado a adesão de um maior número de cidadãos a esta iniciativa.

O próximo passo é a abertura de mais duas bombas em Maputo e uma terceira na vila da Macie, a cerca de cem quilómetros Norte de Maputo. Para o efeito, a Autogás assinou um protocolo de entendimento com a Petróleos de Moçambique (Petromoc) para o uso das infra-estruturas desta empresa pública (nos locais onde existirem depósitos de combustíveis ociosos), para o abastecimento de gás natural.

No Norte do país, a Autogás tenciona expandir as suas actividades após o início da exploração do gás natural recentemente descoberto na província de Cabo Delgado. Esta empresa tenciona avançar rapidamente na divulgação e distribuição dos seus serviços, calculando que são necessários apenas mais 40 autocarros movidos a gás natural para rentabilizar a empresa. Foi com o objectivo de dar passos mais rápidos e ultrapassar as dificuldades financeiras enfrentadas no ano passado que o projecto sofreu uma redefinição e o Estado passou a ser maior accionista da iniciativa com 50 por cento das participações.

O mercado é promissor. Moçambique deve ser um dos pioneiros nesta área, já que o gigante da região, a Africa do Sul, só agora começou com um projecto semelhante, mas com a desvantagem de não ser produtor de gás natural. Actualmente, circulam no mundo inteiro cerca de 11 milhões de viaturas movidas a gás natural.

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