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Canoagem: Canoístas moçambicanos estreiam-se nos “Mundiais” com valentia

Canoagem: Canoístas moçambicanos estreiam-se nos “Mundiais” com valentia

Dois canoístas moçambicanos participaram, pela primeira vez, nos Campeonatos Mundiais nas categorias de sub-23 e seniores realizados na Hungria e na Rússia entre os dias 17 e 22 de Julho e de 7 a 10 de Agosto, respectivamente. Na prova realizada na Hungria, Moçambique esteve longe do pódio, ao contrário daquilo que aconteceu no certame disputado na Rússia, em que os nossos canoístas caíram nas meias-finais.

Sendo a primeira aparição dos dois canoístas em campeonatos mundiais não se podia esperar grandes resultados. Na prova disputada na Hungria, entre os dias 17 e 22 de Julho, Joaquim Lobo, de 19 anos de idade, terminou a prova na 8ª posição da classificação geral, enquanto Mussá Chamaule ocupou o 12º posto. Já nos seniores, na prova disputada na Rússia, os nossos canoístas foram eliminados nas meias-finais na classe C1 e C2, o que culminou com a 8ª e 9ª posição na classificação geral. Os dois atletas pertencem ao Clube Marítimo de Maputo. No que ao ranking africano diz respeito, com esta participação Moçambique alcançou o pódio, terceiro lugar, tabela, até hoje, liderada pela República da África do Sul.

“Conseguimos honrar as cores da bandeira nacional”

Hélio Alberto da Rosa, secretário-geral da Federação Moçambicana de Vela e Canoagem, disse ao @Verdade que nestes “Mundiais” realizados na Hungria e na Rússia, sendo a primeira vez que o combinado nacional participou, era para ganhar experiência, com vista a melhorar alguns aspectos técnicos inerentes à modalidade.

“Foi uma aventura bastante interessante. Competimos com canoístas rodados e mais experientes em relação ao nível dos nossos. No Campeonato Mundial de Canoagem dos sub-23 chegámos em cima da hora e os atletas estavam fadigados, por isso, não alcançámos grandes resultados, ao contrário do que aconteceu na Rússia, onde tivemos duas semanas de preparação no local onde decorreu a prova. Conseguimos participar em três semi-finais, duas individuais (C1) e uma em pares (C2)”.

O nosso interlocutor declarou ainda que na Hungria, Joaquim e Mussá não estavam familiarizados com este tipo de provas, daí que a ansiedade tenha tomado conta deles. “Por se tratar de uma primeira vez, os canoístas estavam praticamente num mundo estranho. Mas souberam estar, até porque contaram com a ajuda dos nossos oponentes em situações com que não estávamos familiarizados”.

Afirmou Rosa nas duas competições os nossos representantes foram orientados por um técnico brasileiro, que foi indicado pela Confederação Brasileira de Canoagem no âmbito da parceria com a sua congénere de Moçambique. Chamado a fazer o balanço da participação do combinado nacional, o secretário-geral da Federação Moçambicana de Vela e Canoagem declarou que apesar de não terem trazido medalhas, o balanço é positivo, os atletas conseguiram apurar-se para as meias-finais no Campeonato Mundial de Canoagem de seniores em que participam atletas mais rotinados em relação a eles.

“Apesar de não terem conquistado medalhas, o balanço é positivo porque conseguimos participar em três semi-finais, mesmo sendo a nossa primeira aparição num Campeonato Mundial. Apesar da juventude os atletas mostraram uma grande maturidade, participar numa meia-final em que participavam países tradicionais como a India, Rússia e Indonésia foi um grande resultado”, disse o secretário-geral da Federação Moçambicana de Vela e Canoagem.

No que diz respeito aos resultados, Alberto da Rosa sossega os moçambicanos para que não se alarmem com as posições ocupadas pelos atletas, pois as mesmas espelham a capacidade que o país tem. “Foi o que podíamos conseguir, fruto do que se oferece aos atletas a nível interno, como, por exemplo, o número de competições, a sua regularidade e as respectivas condições técnicas. Num ‘Mundial’ vão os maiores e temos de estar claros de que fomos para competir com os melhores países do mundo”.

“Daqui em diante temos de trabalhar arduamente para corrigir os erros que cometemos nestes campeonatos mundiais. A nossa perspectiva agora é estar no próximo certame, agendando para o próximo ano, não para obter experiência, mas sim para mostrar o que aprendemos”, avançou Rosa, para a seguir acrescentar que “já conversámos com a direcção do Clube Marítimo de Maputo e da Federação Moçambicana de Vela e Canoagem, assim como com membros do Comité Olímpico de Moçambique sobre as nossas reais necessidades com vista a progredirmos na classificação, tendo eles demonstrado abertura nesse sentido. Exigimos, por exemplo, estágios a nível internacional através da participação em mais regatas, ainda que dentro das nossas capacidades como país”.

Convidado a falar sobre a preparação para estas duas competições, aquele dirigente afirmou que os dois atletas estagiaram durante cerca de dois meses no Brasil com vista a representar condignamente as cores da bandeira nacional e os milhões dos moçambicanos, sendo que em Moçambique os dois canoístas não tinham treinador usavam vídeos da modalidade para treinarem.

“No país não temos condições para prepararmos uma prova mundial e não tínhamos treinador para orientar os atletas. Contámos com a colaboração do Confederação Brasileira de Canoagem que aceitou acolher os nossos atletas durante dois meses para que preparassem estas duas competições. No Brasil foram orientadas por um técnico indicado pela federação local, o mesmo que os acompanhou nos dois Campeonatos Mundiais de Canoagem”. Concluiu.

Canoístas felizes com os resultados

Apesar de terem estagiado durante dois meses em terras brasileiras, os canoístas moçambicanos declaram que não tinham nenhum ritmo competitivo, o que de certa forma contribuiu para a fraca prestação dos mesmos nos nas duas competições em que estiveram envolvidos. Todavia, mostraram-se felizes com a sua prestação. Mussá Chamaule, de 22 de anos, declarou ao @Verdade que, apesar do estágio no Brasil, não tinham ritmo competitivo para participarem numa prova mundial, mas tudo fizeram para honrar as cores da bandeira nacional.

“Foi uma grande experiência. Era a minha estreia em eventos de género, estávamos ansiosos por entrar na água, mas estes decorreram normalmente. Na primeira prova chegámos tarde e não tivemos tempo para descansar, mas não foi por isso que não trouxemos medalhas. Não tínhamos ritmo competitivo, mesmo assim lutámos com as armas que possuíamos. Infelizmente não conseguimos chegar onde almejávamos chegar”, disse o canoísta.

Apesar das dificuldades, Mussá ocupou a 12ª posição na classificação geral no Campeonato Mundial de Canoagem de sub-23 e participou em duas semi-finais nos Campeonatos Mundiais da modalidade nos seniores, o que, o atleta, é um resultado positivo para um estreante em competições do género e para um país como o nosso que não tem nenhuma tradição nesta modalidade.

“Na Hungria terminei na 12ª posição da classificação geral e na Rússia participei em duas meias- -finais. Sendo a minha primeira aparição em eventos de género, foi positivo, vou trabalhar para chegar ao pódio nas próximas vezes”, disse Mussá. Por seu turno Joaquim Lobo, campeão africano nas classes C1 nas provas de 200 e 1000 metros, afiança que apesar de não ter trazido nenhuma medalha o balanço é positivo porque serviu para medir o seu nível competitivo a nível internacional, já que era o seu ano de estreia. “Conseguimos honrar as cores da bandeira nacional. Foi a nossa primeira participação por isso estou feliz com a nossa prestação, apesar de não termos trazido medalhas”.

Relativamente ao que falhou para que combinado nacional não trouxesse medalhas, Joaquim Lobo disse: “Se tivéssemos tido mais tempo de preparação poderíamos lutar pelas medalhas. Em Moçambique não tínhámos treinador e no Brasil encontrámos um técnico que nos ajudou bastante. O tempo da preparação foi muito curto, mas mostrámos que não fomos ao Brasil fazer turismo. Conseguimos participar em três meias-finais, o que é gratificante para um país que participou pela primeira vez num Campeonato Mundial de Canoagem”, declarou Joaquim.

Refira-se que depois destas duas competições as atenções do combinado nacional estarão viradas para os Jogos Africanos que terão lugar na República Democrática do Congo em 2015 e nas classificações para os Jogos Olímpicos de 2016.

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