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Bombardeio de civis afegãos causa demissão de altos dirigentes na Alemanha

O comandante do Estado-Maior do Exército da Alemanha e o secretário de Estado de Defesa demitiram-se dos cargos na quinta-feira, como uma das primeiras consequências de um sangrento bombardeio realizado em Setembro passado no Afeganistão.

Segundo a Otan, 142 pessoas morreram, a maioria civis. “Vou aceitar a demissão, a pedido, do comandante Wolfgang Schneiderhan e do secretário de Estado de Defesa, Peter Wichert”, anunciou, diante dos deputados, Karl-Theodor zu Guttenberg, ministro da Defesa em funções desde o final de Outubro. Wichert era um dos secretários de Estado que servia de ligação entre o Exército e o Ministério da Defesa.

O jornal Bild revelou na manhã de quinta-feira que várias informações foram dissimuladas pela Defesa sobre a acção que deixou, segundo a Otan, 142 mortos, muitos deles civis. As retenções de informações, confirmadas por Guttenberg, provocaram críticas da oposição, mas também de alguns representantes da maioria. O escândalo estourou no dia em que os deputados iniciaram um debate sobre a prorrogação do mandato da impopular mobilização militar alemã no Afeganistão.

No dia 4 de Setembro, em plena campanha eleitoral na Alemanha, a Otan bombardeou, a pedido do oficial alemão responsável pela região, o coronel Georg Klein, dois caminhões-tanque roubados pelos talibãs perto de Kunduz. O oficial temia que os veículos fossem utilizados como bombas contra suas forças. Apoiando-se num relatório do Exército e em vídeos, o Bild afirmou que o coronel Klein ordenou o ataque sem que tivesse descartado claramente a presença de civis, o que é contrário ao regulamento da Otan e às directrizes do general Stanley McChrystal, comandante das forças internacionais no Afeganistão.

Segundo uma fonte militar da Otan, pilotos de caças americanos sugeriram duas vezes fazer uma “demonstração de força” com fins de intimidação, mas o comandante alemão exigiu o uso imediato da força. Ainda segundo o Bild, o ex-ministro da Defesa, Franz Josef Jung, ficou sabendo de possíveis vítimas civis muito antes de anunciá-lo publicamente. Jung, que ocupa desde Outubro o cargo de ministro do Trabalho, negou-se, na quinta-feira, a renunciar, garantindo ter colaborado plenamente com todas as investigações efectuadas sobre o caso.

Assadullah Omar Khil, um chefe tribal da região bombardeada, elogiou na quinta-feira a demissão do comandante alemão. “Estamos satisfeitos com a demissão do chefe de Estado-Maior alemão, que tomou a decisão certa. Ele reconheceu a morte involuntária de muitos civis afegãos”, declarou à AFP o líder da tribo dos Omar Khil na província de Kunduz, no norte do Afeganistão. Em 6 de Novembro, Guttenberg admitiu que erros foram cometidos pela forma como a operação foi conduzida, mas considerou a acção justificada.

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